Europa
Países e mapas
Da
Página 3 Pedagogia & Comunicação
A
Europa é o berço da civilização ocidental. É impossível falar da
sociedade humana sem fazer referência a ela. Palco de grandes acontecimentos, o
continente europeu passou por grandes transformações. O atual mapa político do
continente começou a se formar em 1990, com a unificação da Alemanha, e teve sua última
alteração em maio de 2006 com a independência de Montenegro.
Europa
Relevo, clima, vegetação e
população
Da
Página 3 Pedagogia & Comunicação
No sentido estritamente geológio e geográfico,
a Europa é
uma grande península, a parte ocidental da Eurásia ou continente eurasiano. Por
motivos culturais, considera-se a Europa como um região continental. Trata-se
de um continente pequeno, cuja superfície é de 10.400.000 Km2
(apenas cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados a mais que o território brasileiro).
Por outro lado, ela conta com cerca de 800 milhões de habitantes, sendo o
terceiro continente mais populoso, após
a Ásia e a África. A história e a cultura européia
influenciaram indiscutivelmente o mundo inteiro. A posição central da Europa em
relação aos outros continentes e penetração marítima sempre favoreceram a
comunicação entre as populações das diversas regiões e as migrações para outras
áreas do mundo.
Os mares constituem os maiores limites naturais da Europa. Ao Norte, ela é
delimitada pelo oceano glacial Ártico; a Oeste, pelo oceano Atlântico, ao Sul,
pelo mar Mediterrâneo e o mar Negro; a Leste, pelo mar Cáspio e ainda pela
cadeia montanhosa dos Urais e pelo rio Ural.
Relevo
A Europa é composta de um conjunto de
penínsulas unidas. As maiores delas são a "terra firme" e a Escandinávia,
no norte, divididas pelo mar Báltico. Três penínsulas menores (Ibérica, Itálica
e Balcânica) despontam da margem sul do território no Mediterrâneo, separando o
continente da África. No Leste, a terra firme se estende até os limites do
continente com a Ásia, nos Urais.
Os relevos europeus mostram grandes desníveis em áreas relativamente pequenas.
Alternam-se extensas planícies (Europa báltica, Europa Central), maciços
pré-cambrianos (Escandinávia, Escócia) ou paleozóicos (Maciço Central, Vosges,
maciço Xistoso-Renaro, Meseta Ibérica) e elevadas cadeias terciárias (Alpes,
Pireneus, Cárpatos, Cáucaso). As diferenças geográficas explicam a separação
das nações européias ao longo da história.
Hidrografia
A Europa possui três regiões hidrográficas: a
dos rios atlânticos, como Minho (Espanha e Portugal),
Sena (França),
Mosa (França, Bélgica
e Países Baixos)
e Tâmisa (Inglaterra),
que são coletores de planície e apresentam caudal regular durante todo o ano; a
dos rios de planície, como Vístula (Polônia),
Dniepre (Rússia,
Belarus e Ucrânia),
Dniester (Ucrânia e Moldávia), Don
(Rússia) e Volga (Rússia), que apresentam longos trechos navegáveis e que
congelam no inverno; e a dos rios mediterrâneos, como Ebro (Espanha), Garona
(Espanha e França), Ródano (Suíça e
França) e Pó (Itália),
que possuem curso muito irregular e estão sujeitos a longas estiagens no verão.
Os regimes do Danúbio (Alemanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia, Bulgária, Romênia,
Moldávia e Ucrânia.) e do Reno (a Suíça, a Áustria, o Liechtenstein,
a Alemanha, a França e os Países Baixos) variam conforme a região que
atravessam.
Clima
O continente apresenta grande variedade
climática devido à configuração topográfica, que permite a penetração da
influência moderadora do oceano Atlântico. Há três tipos de clima: o oceânico,
o continental e o mediterrâneo. O primeiro se estende pela faixa ocidental, da Noruega a
Portugal. O clima continental predomina na Polônia, no leste da Alemanha, nas
regiões banhadas pelo Danúbio, na Suécia, na Finlândia, nos países bálticos e
nas regiões européias da Rússia. O clima mediterrâneo cobre uma grande extensão
do continente em virtude do longo corredor formado pelo mar Mediterrâneo, que
atrai as massas de ar atlânticas no outono e no inverno. Abrange sobretudo o
sul da França, a Espanha, a Itália e a Grécia.
Flora e fauna
Há cinco regiões botânicas. A tundra aparece nas
áreas mais ao Norte do continente (Escandinávia, Islândia,
Rússia). A faixa situada ao sul dessa área é coberta pelo bosque boreal de
coníferas (pinheiros, abetos e lariços). O bosque temperado se estende ao longo
da costa atlântica (faias, carvalhos, tílias) e limita-se, a leste, com a
estepe, cuja vegetação gramínea se prolonga da Hungria à
Ucrânia. Ao sul do bosque temperado, prevalece a vegetação mediterrânea
(pinheiros, azinheiras e sobreiros).
A ação humana reduziu o número e o hábitat das espécies selvagens européias. Na
zona mais setentrional vivem animais de peles finas, como a rena e a foca. Nos
bosques temperados habitam o urso pardo, a raposa, o lince e a lontra, e, na
área mediterrânea, lebres, javalis, perdizes e faisões. A montanha apresenta
uma fauna peculiar, com animais como o alce e o cabrito montês.
Composição étnica
A Europa é o continente de maior densidade
populacional do mundo e de mais equilibrada distribuição demográfica. Os povos
europeus são em sua maioria caucasóides (brancos), com exceção dos lapões,
búlgaros, turcos, magiares e finlandeses, de origem mongolóide.
Línguas
A
maioria das línguas européias procede do tronco indo-europeu. Os grupos mais
importantes são: o neolatino ou românico (francês, italiano, espanhol, português, provençal, sardo,
reto-romeno,
Estados Unidos
Bandeiras e mapas dos Estados
Da
Página 3 Pedagogia & Comunicação
Os
Estados Unidos compreendem grande parte da América do Norte, limita-se a norte
com o Canadá, a leste com o oceano
Atlântico, a sul com o golfo do México e com o próprio México, e a oeste com o oceano
Pacífico.
Os
Estados Unidos da América originaram-se de 13 colônias britânicas
estabelecidas na costa atlântica da América do Norte no século 17. Em 1776,
houve a independência dos Estados Unidos,
que pôs fim à colonização. Os Estados Unidos da América são o 4º maior país do
mundo, e o 3º mais populoso. São uma República Federal democrática e
presidencialista, formada por 50 Estados, mais o Distrito de Columbia. Cada
Estado, por sua vez, está dividido em condados (com exceção da Luisiana, em que as subdivisões se
chamam "paróquias", parishes, em inglês).
Os
Estados Unidos possuem vários territórios e possessões insulares ultramarinas.
A maior delas é a ilha de Porto Rico. Outros territórios
ultramarinos de importância incluem a Samoa Americana, Guam, ilhas Marianas do
Norte e as ilhas Virgens Americanas. A marinha norte-americana têm ocupado uma
base militar na baía de Guantânamo, em Cuba, desde 1898. A Constituição
americana foi adotada por uma convenção dos 13 Estados fundadores em 17 de
setembro de 1787, e ratificada subseqüentemente por diversos Estados.
Clique
no mapa abaixo para ver informações sobre cada um dos 50 Estados
norte-americanos.
Nome no idioma oficial: Em inglês, United
States of America (USA ou US; abreviatura em português: EUA)
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Bandeira dos Estados
Unidos:
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Área total: 9.631.418 km2
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População: 295.734.134 (estimativa para julho/ 2005)
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Independência: 4 de Julho de 1776
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Espaço agrário nos EUA
Conheça os grandes
"belts"
Ângelo
Tiago de Miranda*
Especial para a página 3 Pedagogia & Comunicação
A agricultura
dos Estados Unidos, uma das mais modernas e produtivas do mundo
tanto em área quanto em volume de produção, organiza-se em grandes faixas,
zonas ou cinturões agrícolas denominados belts, formados conforme as
particularidades históricas de povoamento, as condições climáticas e os tipos
de solos.
Os belts são especializados no cultivo de determinados produtos, como
trigo, milho, algodão, frutas, culturas tropicais. Merecem ainda destaque as
produções de soja, tabaco, laranja e gado bovino.
É importante ressaltar que esses cinturões não constituem áreas monocultoras,
pois, além do cultivo principal, existem também cultivos secundários.
De modo geral, podemos apontar três grandes zoneamentos agrícolas: os Green
belts do Nordeste, o Central belt e o Oeste.
Os Green belts do
Nordeste
A região abriga uma grande população,
calculada em mais de 100 milhões de pessoas. Para atender a toda essa
população, a agricultura é responsável por produzir hortifrutigranjeiros
(hortas, granjas e pomares) nos Green belts ("cinturões verdes"),
compostos de pequenas propriedades localizadas no entorno das áreas urbanas.
Saliente-se que os Green belts não se limitam à região Nordeste, mas
também são encontrados no entorno de outras grandes cidades norte-americanas,
principalmente as localizadas na costa oeste, como São Francisco e Los Angeles.
Na região Nordeste, também se destaca um espaço agrícola regional que recebe o
nome de Dairy belt ("cinturão de leiterias"), onde ocorre a
criação intensiva de gado leiteiro, sendo considerada a maior indústria de
laticínios do mundo.
Central belt
Corresponde à Planície Central, localizada
entre os Apalaches e as Montanhas Rochosas.
Essa região é ocupada por enormes propriedades monocultoras, que se agrupam em
três principais cinturões:
1. Wheat belt, especializado no cultivo do trigo, que ocorre ao norte,
plantando-se na primavera e colhendo-se antes das nevascas, e mais ao sul, onde
é plantado no inverno;
2. Corn belt, especializado no cultivo do milho; e
3. Cotton belt, especializado no cultivo do algodão, ocorrendo
tradicionalmente no sul, por ser uma região mais quente; mas, nos últimos anos,
sua produção tem-se elevado muito na Califórnia.
Vale ressaltar que mais da metade da produção de cada um desses produtos
(trigo, milho e algodão) se concentra em apenas cinco estados.
A produção desses belts é intensiva, comandada pela agroindústria.
Assim, comumente são utilizados, em grandes proporções, insumos agrícolas
industrializados, como rações, sementes geneticamente modificadas, fertilizantes,
inseticidas, entre outros.
Uma grande parcela da produção é direcionada para as múltiplas e diferentes
indústrias que beneficiam e transformam os produtos agropecuários em
mercadorias a serem utilizadas pelos consumidores.
Esse comando do setor industrial sobre o setor agropecuário, característico da
agroindústria, alcançou nessa ampla região um alto nível de desenvolvimento, o
que assegura aos Estados Unidos alguns dos maiores índices de produtividade
agrícola do mundo.
Nas últimas décadas, os belts têm apresentado uma diversificação de sua
produção agrícola. No Cotton belt, atualmente há, ao lado da cultura do
algodão, a pecuária, a avicultura e cereais diversos. No Corn belt, o
milho está cada vez mais associado à beterraba e também à soja. Já no Wheat
belt, região em que somente se plantava o trigo de inverno, foram
introduzidas culturas de milho e sorgo.
Oeste
Nessa
região há dois sistemas muito distintos:
1. Ranching belt - Nesse cinturão estão as maiores propriedades rurais
do país, dedicadas principalmente à pecuária bovina de corte e ovina (ovelhas,
carneiros, cordeiros). Localizam-se nos planaltos de Colúmbia e Colorado, áreas
de clima predominantemente árido e semi-árido (com invernos frios e verões
amenos).
A produção nas propriedades é, em geral, extensiva e de baixa produtividade.
Porém, já são comuns propriedades com produções intensivas de gado de corte.
Vale ressaltar que os Estados Unidos possuem o quarto maior rebanho bovino do
mundo, com cerca de 100 milhões de animais, superado apenas por Índia, Brasil e
China.
2. Dry-farming - São fazendas típicas do sul da Califórnia, área
bastante árida, onde se desenvolve uma fruticultura de excepcional qualidade,
devido a uma técnica de arar criada no século 19 e empregada até hoje: grandes
e poderosos tratores, que revolvem a terra profundamente, trazem para a
superfície os solos mais úmidos e férteis.
Esse sistema possibilita a produção de laranjas, uvas vinícolas (especialmente
no Vale da Califórnia) e morangos. São produzidos ainda legumes e verduras; e
cria-se gado leiteiro.
Espécies exóticas invasoras
Organismos prejudicam a
biodiversidade
Ronaldo
Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O búfalo é uma espécie exótica que causa grande impacto em
áreas naturais do Brasil
|
Espécies exóticas invasoras são organismos
(plantas, animais e microrganismos) que, uma vez introduzidos em um novo
ambiente, ali se estabelecem, passam a desenvolver populações
autorregenerativas e, depois de certo período de tempo, causam impactos
ecológicos, econômicos ou sociais negativos.
Esse verdadeiro processo de invasão biológica tende a causar inestimável perda
de biodiversidade - e é considerado pela União Internacional para Conservação
da Natureza (The World Conservation Union - IUCN) como a segunda causa de
extinção de diversidade biológica.
Animais, plantas ou microorganismos introduzidos num ecossistema do qual não fazem
parte originalmente, mas onde se adaptam e passam a dominar, prejudicam os
processos naturais e os organismos nativos.
Há várias formas de invasão. Algumas podem ser acidentais, como, por exemplo,
quando larvas, ovos, sementes, microorganismos ou insetos são transportados de
um lugar para outro involuntariamente pelo homem. A maior parte das invasões,
no entanto, está relacionada a atividades intencionais do homem, como o
comércio internacional de animais de estimação, as criações de interesse econômico
e o cultivo de plantas ornamentais ou de outros tipos.
Embora não existam números precisos, calcula-se que as espécies exóticas
invasoras causem prejuízos de US$ 1,4 trilhão por ano no mundo: US$ 137 bilhões
só nos Estados Unidos e US$ 49 bilhões no Brasil. Mesmo assim, ainda se gasta
muito pouco na prevenção, no controle e na erradicação dessas espécies.
A Convenção sobre Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário, trata
da questão das invasões biológicas, exigindo que os países impeçam a introdução
de espécies exóticas que representem ameaças à biodiversidade e aos sistemas
produtivos, ou que as controlem ou erradiquem.
Grandes problemas
No Brasil, o número dessas espécies chega,
aproximadamente, a 250, entre insetos, mamíferos, peixes, moluscos, gramíneas,
árvores e diversos outros tipos de organismos.
Não há um ranking das espécies que causam maiores prejuízos. Mas, entre elas,
encontram-se, no Brasil, o mexilhão dourado, o javali e o caramujo gigante
africano.
O mexilhão dourado é um bicho pequeno - não tem mais do que 4 centímetros -, um
molusco de água doce, originário do sul da Ásia, que chegou ao Brasil em 1998.
Já infestou rios, lagos e reservatórios da região sul e do Pantanal e começa a
ser detectado em São
Paulo. Além de desequilibrar os nichos ecológicos em que se
instalou, colocando em risco de extinção espécies nativas, o invasor ameaça o
setor elétrico brasileiro, a agricultura irrigada, a pesca e o abastecimento de
água, já que entope tubulações, interfere na cadeia alimentar e provoca
contaminação.
Além disso, o mexilhão dourado se reproduz e se propaga com muita rapidez - a
espécie começa a se reproduzir ainda muito jovem, quando tem apenas 5 milímetros, e se
espalha ao ritmo de 240
quilômetros por ano.
O caramujo gigante, nativo da África, um molusco terrestre que atinge 15 centímetros de
comprimento por 8 de largura e pesa mais de 200 gramas, foi
introduzido no Brasil há cerca de 20 anos como alternativa econômica ao escargot.
A experiência não deu certo. Dez anos depois, descobriu-se que ele podia
transmitir doenças. Os criadores, então, soltaram o animal na natureza. Ele
proliferou e hoje é encontrado em quase todo o território nacional,
principalmente no Nordeste.
Além transmitir vermes, que causam a angiostrongilíase meningoencefálica -
doença que tem como sintomas dor de cabeça forte e constante, rigidez na nuca e
distúrbios do sistema nervoso -, o caramujo destrói plantações, come frutas e
legumes, e compete com outros moluscos da fauna nativa, podendo levá-los à extinção.
O javali, por sua vez, não chegou ao país como clandestino e nem foi trazido
para ser criado. A espécie foi levada à Argentina para servir na caça
esportiva. De lá passou para o Uruguai e, depois, em 1991, para o Brasil,
invadindo o Rio Grande do Sul, de onde se espalhou pelo país. Hoje, é
encontrado em estado selvagem no Paraná, em São Paulo, Santa
Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. O javali ataca plantações de milho
e animais de criação, e pode transmitir doenças para a fauna nativa.
Outras espécies perigosas
Além
desses três invasores há, por exemplo, algumas gramíneas africanas, como a
braquiária e o capim-gordura, que infestam espaços naturais e agrícolas, e são
muito difíceis de erradicar. Há também espécies do gênero Pínus que podem se
dispersar facilmente em áreas naturais, causando grande impacto em regiões de
savana ou de vegetação rasteira.
Entre os animais, ainda podemos citar os seguintes: a) rã-touro, que se
alimenta vorazmente de invertebrados e pequenos vertebrados; b) lebre européia,
responsável por prejuízos à agricultura, que invadiu o país pela fronteira com
a Argentina e já é encontrada no sul de Goiás; c) tartaruga tigre d'água, dos
Estados Unidos, muito comercializada como animal de estimação e que normalmente
é abandonada depois de adulta em cursos de água, onde compete com as espécies
nativas; e d) búfalo, animal que causa grande impacto nas unidades de
conservação e áreas naturais do Brasil, como a Reserva Biológica do Guaporé, em
Rondônia, e a Região dos Lagos do Amapá.
Escassez de água
Quais as áreas mais atingidas?
Ronaldo
Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Os mananciais do planeta estão secando
rapidamente, o que vai se somar ao crescimento populacional, à poluição e ao
aquecimento global, resultando na diminuição da quantidade de água disponível
para cada pessoa no mundo. A quantidade per capita no mundo vem caindo
desde 1970.
Segundo alerta relatório das Nações Unidas, a escassez da água vai afetar
diretamente a qualidade de vida. Atualmente já são 2 bilhões de pessoas
enfrentando a falta de água, a previsão é que em 2025 este número dobre. Em cem
anos o consumo de água cresceu 6 vezes, taxa duas vezes maior que o crescimento
demográfico. O uso intensivo na agricultura foi a principal causa do aumento.
|
Escassez de água e motivos
|
A metade dos 12.500 km3 de água doce disponíveis no planeta já está sendo
utilizada e, nos próximos 20 anos, é esperado que a média mundial de água
disponível por habitante diminua um terço, fazendo com que duas em cada três
pessoas tenham que viver numa situação crítica de escassez de água.
Infelizmente, quase todos os 3 milhões de habitantes que devem ser adicionados
à população mundial até 2050 nascerão em países que já sofrem com a escassez de
água. Ou seja, não terão acesso a água de qualidade.
As áreas mais atingidas serão a África, a Ásia Central e o Oriente Médio,
local onde especialistas acreditam que eventuais conflitos, se vierem a ocorrer
no neste século, serão causados cada vez mais por causa da água e cada vez
menos por causa do petróleo.
Escala Saffir-Simpson
Referência de intensidade de furacões
Da
Página 3 Pedagogia & Comunicação
Em
1970, o engenheiro Herbert Saffir e Robert Simpson, então diretor do Centro
Nacional de Furacões dos Estados Unidos, criaram uma escala
para medir a intensidade dos furacões, assim como já existia a escala Richter para medir a
intensidade dos terremotos. Conheça essa escala:
Categoria
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Descrição
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Velocidade dos ventos
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Efeitos
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1
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Danos mínimos
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119-153 km/h
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Danos à vegetação,
plantações, casas de madeira ou mal construídas e inundação em zonas
costeiras.
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2
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Danos moderados
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154-177 km/h
|
Queda de árvores,
destruição de portas e janelas e inundações ao longo da costa litorânea.
|
3
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Danos extensos
|
178 a 209 km/h
|
Causa danos na
estrutura de pequenos edifícios e graves inundações na zona costeira. Os
ventos arrancam os telhados, placas com letreiros e anúncios.
|
4
|
Danos extremos
|
210-249 km/h
|
Árvores e arbustos são
arrancados do solo. Telhados, portas, janelas são destruídos. Muitas
edificações têm sua estrutura totalmente comprometida ou podem ser totalmente
destruídas. As inundações avançam até dezenas de quilômetros da zona
costeira. Furacões desta categoria requerem a evacuação da população.
|
5
|
Danos catastróficos
|
Mais de 249
km/h
|
Árvores e arbustos são
totalmente arrancados pelo vento. Tetos, placas com anúncios e letreiros
podem ser levados a distâncias consideráveis. Várias casas e edifícios sofrem
total destruição. Furacões desta categoria podem arrasar quase tudo o que
encontra pelo caminho. É necessária a evacuação total das pessoas que vivem
perto das zonas costeiras
|
Escala Richter
Principal referência para medir terremotos
Da
Página 3 Pedagogia & Comunicação
A
magnitude de um terremoto pode ser medida através de sismógrafo. A escala
Richter, criada em 1935, por Charles Richter e Beno Gutenberg, é a mais usada
pelos cientistas para medir a intensidade de terremotos através da amplitude
das ondas sísmicas emitidas. Ela varia de zero a nove graus e registra a
amplitude do movimento do solo.
Um
terremoto de maior impacto é aquele que atinge a magnitude igual ou superior a
seis. A escala Richter é logarítmica,
portanto um terremoto de grau 5 é 32 vezes mais forte que um de grau 4 e um
terremoto de grau 9 é 900 vezes mais forte que um de grau 7. Observe os efeitos
dos terremotos de acordo com as faixas da escala Richter.
Efeitos do terremoto na escala Richter
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Menos de 3,5
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Geralmente não é sentido, mas pode ser registrado
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3,5 a 5,4
|
Freqüentemente não se sente, mas pode causar pequenos danos
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5,5 a 6,0
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Ocasiona pequenos danos em edificações
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6,1 a 6,9
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Pode causar danos graves em regiões onde vivem muitas pessoas
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7,0 a 7,9
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Terremoto de grande proporção, causa danos graves
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de 8 graus ou mais
|
Terremoto muito forte. Causa destruição total na comunidade
atingida e em comunidades próximas
|
Escala gráfica
Aprenda a interpretar mapas
Luiz
Carlos Parejo*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A
escala numérica é uma das principais aplicações da cartografia.
Ela pode ser representada graficamente sob a forma de uma linha graduada, na
qual a relação entre as distâncias reais e as representadas nos mapas, cartas
ou outros documentos cartográficos, é dada por um segmento de reta em que uma
unidade medida na reta corresponde a uma determinada medida real (definição do
IBGE). Assim, quando se utiliza uma régua, um escalímetro ou até uma linha
conseguimos obter a distância imediata.
Escalas grandes e pequenas
Ao
contrário do que se pensa uma escala grande não é aquela que possui um número
enorme. A escala 1:5.000 é grande pois a representação da realidade foi
diminuída apenas 5.000 vezes, enquanto na escala 1:30.000.000 a representação
da realidade foi diminuída 30 milhões de vezes, portanto a E=1:5.000 é maior
que a 1:30.000.000.
Você pode usar
o seguinte raciocínio, um dividido por 5 mil é maior que 1 dividido por 30
milhões.
Quanto maior a
escala, maior o número de detalhes representados.
As
representações cartográficas mudam de nome conforme a escala, sendo que as
cartas topográficas são representações de altitude, hidrografia, rodovias,
cidades, etc.:
Quanto ao tamanho
|
Quanto a representação
|
Escala
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Aplicações
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Escala Grande
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Escala de Detalhe
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até 1:25.000
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Plantas Cadastrais
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Escala Média
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Escala de Semi-detalhe
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de 1:25:0000 até 1:250.000
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Cartas topográficas
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Escala Pequena
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Escala de Reconhe-cimento ou de síntese
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de 1:250.000 e menores.
|
Cartas Topográficas e cartas gerais.
|
Veja a
encruzilhada das ruas Uruguai e Barão de Mesquita (cidade do Rio de Janeiro),
extraída da Carta do antigo Distrito Federal, em escala 1:5.000. Note os
detalhes, inclusive os trilhos de bonde, pois este tipo de transporte era
usado, até a década de 50.
Na escala
maior (E=1:50.000) o nível de detalhamento é muito maior (aparecendo inclusive
as ruas da cidade), já nas escalas menores a cidade de Cornélio Procópio
diminui até se transformar em um pequeno ponto na escala de 1:1.000.000.
Escala cartográfica
Como interpretar reduções em mapas
Cláudio
Mendonça*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O mapa é uma imagem reduzida de uma
determinada superfície. Essa redução - feita com o uso da escala - torna
possível a manutenção da proporção do espaço representado. É fácil reconhecer
um mapa do Brasil, por exemplo, independente
do tamanho em que ele é apresentado, pois a sua confecção obedeceu a
determinada escala, que mantém a sua forma. A escala cartográfica estabelece,
portanto, uma relação de proporcionalidade entre as distâncias lineares num
desenho (mapa) e as distâncias correspondentes na realidade.
As escalas podem ser indicadas de duas maneiras, através de uma representação
gráfica ou de uma representação numérica.
Escala gráfica
A escala gráfica é representada por um pequeno segmento de reta graduado, sobre
o qual está estabelecida diretamente a relação entre as distâncias no mapa,
indicadas a cada trecho deste segmento, e a distância real de um território.
Observe:
De acordo com este exemplo cada segmento de 1cm é equivalente a 3 km no terreno, 2 cm a 6 km, e assim sucessivamente.
Caso a distância no mapa, entre duas localidades seja de 3,5 cm, a distância real
entre elas será de 3,5 X 3, ou 10,5
km (dez quilômetros e meio). A escala gráfica apresenta
a vantagem de estabelecer direta e visualmente a relação de proporção existente
entre as distâncias do mapa e do território.
Escala numérica
A escala numérica é estabelecida através de uma relação matemática, normalmente
representada por uma razão, por exemplo: 1: 300 000 (1 por 300 000). A primeira
informação que ela fornece é a quantidade de vezes em que o espaço representado
foi reduzido. Neste exemplo, o mapa é 300 000 vezes menor que o tamanho real da
superfície que ele representa.
Na escala numérica as unidades, tanto do numerador como do denominador, são
indicadas em cm. O
numerador é sempre 1 e indica o valor de 1cm no mapa. O denominador é a unidade
variável e indica o valor em cm correspondente no território. No caso da escala
exemplificada (1: 300 000), 1cm no mapa representa 300 000 cm no terreno,
ou 3 km.
Trata-se portanto da representação numérica da mesma escala gráfica apresentada
anteriormente.
Caso o mapa seja confeccionado na escala 1 300, cada 1cm no mapa representa 300 cm ou 3 m. Para fazer estas
transformações é necessário aplicar a escala métrica decimal:
ou
Aplicação da escala
A escala (E) de um mapa é a relação entre a distância no mapa (d) e a distância
real (D). Isto é:
As questões que envolvem o uso da escala estão geralmente relacionadas a três
situações:
1. Calcular a distância real entre dois pontos, separados por 5 cm (d), num mapa de escala
(E) 1: 300 000.
2. Calcular a distância no mapa (d) de escala (E) 1: 300 000 entre dois
pontos situados a 15 km
de distância (D) um do outro.
3. Calcular a escala (E), sabendo-se que a distância entre dois pontos
no mapa (d) de 5 cm
representa a distância real (D) de 15 km.
Grande e pequena escala
Para a elaboração de mapas de superfícies muito extensas é necessário que sejam
utilizadas escalas que reduzam muito os elementos representados. Esses mapas
não apresentam detalhes e são elaborados em pequena escala. Portanto, quanto
maior o denominador da escala, maior é a redução aplicada para a sua elaboração
e menor será a escala.
As escalas grandes são aqueles que reduzem menos o espaço representado pelo
mapa e, por essa razão, é possível um maior detalhamento dos elementos
existentes. Por isso, são aquelas cujo denominador é menor. As escalas maiores
normalmente são denominadas de plantas que podem ser utilizadas num projeto
arquitetônico ou para representar uma cidade. De acordo com os exemplos já
citados a escala 1: 300 é maior do que a escala 1: 300 000.
A escolha da escala é fundamental ao propósito do mapa e ao tipo de informação
que se pretende destacar. Numa pequena escala o mais importante é representar
as estruturas básicas dos elementos representados e não a exatidão de seu
posicionamento ou os detalhes que apresentam. Aliás, o detalhamento neste tipo
de mapa compromete a sua qualidade e dificulta a sua leitura. Numa grande
escala, como plantas de uma casa ou de uma cidade, existe uma maior preocupação
com os detalhes, mas assim mesmo as informações devem ser selecionadas para
atender apenas o objetivo pelo qual foram elaboradas.
Eras geológicas
Tabela mostra transformações na Terra
Página
3 Pedagogia & Comunicação
A
origem, a formação e as contínuas transformações da Terra, assim como dos materiais
orgânicos que a constituem são estudados pela geologia, que divide a história
do planeta em eras geológicas.
Essa eras correspondem a grandes intervalos de tempo divididos em períodos.
Esses períodos se subdividem em épocas e
idades. Cada uma dessas subdivisões corresponde a algumas importantes
alterações ocorridas na evolução da Terra, como você pode ver na tabela abaixo:
ERA
|
PERÍODO
|
ÉPOCA
|
IDADE
|
CARACTERÍSTICAS
|
Cenozóico
|
Quaternário
|
Holoceno
|
10.000
|
"Era do
Homem".
O homem
torna-se a
forma de vida
dominante
sobre a Terra.
Estabilização
do clima.
|
Pleistoceno
|
1.750.000
|
Glaciações
mais recentes.
Domínio dos
mamíferos de
grande porte.
Evolução
do homo sapiens
|
Terciário
|
Plioceno
|
5.300.000
|
Avanço
das geleiras.
A vegetação
é dominada
pelos campos
e savanas.
Aparecimento
de mamíferos
ruminantes.
|
Mioceno
|
23.500.000
|
Formação de
grandes campos.
Mudanças
climáticas
levam a
formação da
calota polar
Antártica.
|
Oligoceno
|
34.000.000
|
Aparecimento
de elefantes
e cavalos.
Aparecimento
de vários tipos
de gramíneas.
|
Eoceno
|
53.000.000
|
Surgimentos
da maior
parte das
ordens de
mamíferos.
|
Paleoceno
|
65.000.000
|
Domínio
dos
mamíferos
de porte
pequeno
a médio.
|
Mesozóico
|
Cretáceo
|
xxxx
|
135.000.000
|
Primeiras
plantas com
flores,
grupos
modernos
de insetos,
pássaros
e mamíferos.
|
Jurássico
|
xxxx
|
205.000.000
|
Pterossauros
e primeiros
pássaros.
Dinossauros
vagueiam
pela Terra.
|
Triássico
|
xxxx
|
250.000.000
|
Primeira
aparição
dos
dinossauros.
|
Paleozóico
|
Permiano
|
xxxx
|
295.000.000
|
Primeiro
grande evento
de extinção
em massa.
Formação do
supercontinente
Pangea.
|
Carbonífero
|
xxxx
|
355.000.000
|
Formação
de grandes
florestas
|
Devoniano
|
xxxx
|
410.000.000
|
Primeiros
peixes
|
Siluriano
|
xxxx
|
435.000.000
|
Estabilização
do clima.
Derretimento
do gelo glacial,
elevação dos
níveis dos
oceanos.
Evolução
dos peixes.
|
Ordoviciano
|
xxxx
|
500.000.000
|
Surgimentos
dos
invertebrados
marinhos
e plantas.
|
Cambriano
|
xxxx
|
540.000.000
|
Aparecimento
dos principais
grupos
animais.
|
Proterozóico
|
xxxx
|
xxxx
|
2.500.000.000
|
Predomínio
de bactérias.
Primeiras
evidências de
atmosfera rica
em oxigênio.
Ao final do
Proterozoico
surgimento
de formas
multicelulares
e dos
primeiros
animais.
|
Arqueano
|
xxxxxxxx
|
xxxx
|
3.600.000.000
|
Aparecimento
de vida na
Terra. Fósseis
mais antigos
com 3.5 bilhões
de anos
(bactérias
micro-fósseis).
|
Hadeano
|
xxxx
|
xxxx
|
4.500.000.000
|
Formação do Sistema
Solar.
Não é um
período
geológico. Não existem rochas
na Terra tão antigas
|
Energia nuclear
Como funciona, pós e contras
Luiz
Carlos Parejo*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A fissão nuclear, isto é, a divisão do átomo de metais
como o urânio e o plutônio, aconteceu pela primeira vez por volta de 1938.
Embora utilizada inicialmente para fins militares, depois das experiências
catastróficas de Hiroshima
e Nagasaki, a energia nuclear passou a ser utilizada, principalmente, para
fins pacíficos.
Sua principal utilização é a produção de energia elétrica, através de usinas
termonucleares. Essas usinas funcionam a partir da fissão (separação) nuclear,
controlada dentro dos reatores. A fissão gera calor que aquece a água e a transforma
em vapor. Esse
vapor, em alta pressão, gira a turbina, que, por sua vez, aciona o gerador
criando eletricidade, como se vê na figura abaixo:
O calor gerado pela fissão nuclear é bastante grande, como exemplo podemos
citar que a energia gerada por 1 quilograma de urânio numa usina termonuclear,
é a mesma produzida por 150 toneladas de carvão mineral numa usina
termoelétrica. Esse exemplo mostra de forma clara a eficiência dessa matriz
energética sobre outras matrizes como o carvão mineral,
o gás natural e o petróleo.
O uso intensivo da energia nuclear é encontrado principalmente em países
desenvolvidos (EUA,
França, Japão, Alemanha e Reino Unido),
pois é uma tecnologia bastante cara. Atualmente, países como China, Taiwan, Índia e Irã têm investido em usinas
termonucleares.
Vantagens e riscos da energia
nuclear
A escolha da produção de energia elétrica por
termonucleares ocorre em países que necessitam de grande quantidade de energia
e muitas vezes não possuem abundância de outras matrizes energética (petróleo,
carvão, potencial hidráulico).
Os norte-americanos seguidos da França e do Japão lideram o ranking de países
produtores de energia nuclear.
Apesar de todas as vantagens existentes, a utilização da energia nuclear
encontra bastante resistência, principalmente, de grupos ecológicos que
discutem o problema do lixo nuclear (o material utilizado no reator que não
serve mais para gerar energia, mas continua radioativo), que pode contaminar o
solo, o ar e as águas, portanto, é um problema. Atualmente, a maior parte do
lixo atômico é depositado no fundo do mar.
Outro perigo existente é o escape de radiação de um reator nuclear em caso de
defeito ou explosão o que pode causar uma contaminação radioativa podendo levar
a morte seres humanos e animais além de contaminar o solo, as plantas e
espalhar-se rapidamente através do vento em forma de nuvens radioativas,
afetando áreas enormes e seus efeitos perdurando por dezenas de anos.
A energia nuclear no Brasil
O Brasil possui um programa de energia nuclear
que começou em 1967, (PNB) - Programa Nuclear Brasileiro; a 1ª usina
termonuclear do Brasil, Angra 1 foi inaugurada em 1985, é equipada com um
reator norte-americano, fabricado pela Westinghouse e durante os primeiros
cinco anos de funcionamento sofreu 25 paralisações devido a defeito no reator.
Esse problema levou governo brasileiro a fazer uma nova parceria, desta vez com
uma empresa alemã, responsável pelas usinas de Angra 2 em operação desde de
2000 e Angra 3.
Atualmente, as usinas Angra 1 e 2 são gerenciadas pela Eletronuclear,
subsidiária da Eletrobrás, e juntas produziram em 2001, 14,4 mil MWh, o
suficiente para abastecer o Rio de Janeiro ou 3% da energia elétrica produzida
no país.
Mais usinas
O governo, através da Eletrobrás, estuda a
viabilidade da instalação de outras usinas termonucleares no país, muito embora
haja uma pressão maior em direção à produção de energia elétrica de matrizes
renováveis e limpas (eólica, solar e biomassa).
O país possui a sexta maior reserva mundial conhecida de urânio. Hoje todo o
urânio prospectado no Brasil vem da jazida de Caetité na Bahia. Essa reserva e
mais a tecnologia 100% nacional de enriquecimento de urânio dará ao país num
futuro próximo 2007-2008 autonomia para a produção do combustível nuclear e
aumentará a produção de radioisótopos para os setores industrial, médico e de
pesquisa.
Vale lembrar, ainda, que o Brasil participa do tratado de não proliferação de
armas nucleares e possui dispositivos constitucionais que resguardam a não
fabricação de artefatos nucleares e sua circulação pelo território nacional.
20 anos de Chernobyl
Em
26 de abril de 1986, ocorreu em Chernobyl, cidade a 120 Km de Kiev, capital da Ucrânia, o
maior acidente nuclear da história.
O reator número 4 da usina explodiu causando um vazamento de radiação que
causou a morte imediata de 32 pessoas, segundo fontes oficiais. Contudo
milhares de pessoas foram afetadas e morreram ou sofrem com os efeitos
cumulativos da radiação, segundo dados da OMS nesses 20 anos 9 mil pessoas
morreram com doenças causadas pela radiação.
Na época do acidente a nuvem de radiação atingiu a Ucrânia, a Rússia e
outras repúblicas soviéticas, a Europa Oriental, Setentrional e Central, que
tiveram seus animais, pastos e plantações contaminadas.
Autoritarismo e segredo
Por
ocasião o acidente a região era comandada pela ex-URSS que era socialista, um
regime fechado, e somente três dias após o acidente ter ocorrido é que os
demais países foram informados.
Esse acidente levou a uma reformulação do sistema termonuclear, que acabou
gerando novas tecnologias e métodos mais rígidos de controle das usinas e do
processo de obtenção da energia elétrica, além do aumento da segurança contra
falhas humanas e vedação de reatores em caso de acidentes.
Ao lembrar os 20 anos de Chernobyl muitas organizações internacionais de
direitos humanos ressaltam que a população atingida na área não recebe qualquer
ajuda governamental ou indenizações pelos problemas e danos sofridos pelo
acidente.
Energia eólica
Força dos ventos pode reduzir
efeito estufa
Ronaldo
Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Do total da energia elétrica produzida no Brasil só 0,24% é
derivada da energia eólica
|
A energia
eólica origina-se dos ventos. O termo "eólico" vem do
latim aeolicus, pertencente ou relativo a Éolo, deus dos ventos na
mitologia grega. Esse tipo de energia tem sido utilizado, desde a Antiguidade,
para mover os barcos impulsionados por velas ou fazer funcionar a engrenagem
dos moinhos, ao mover suas pás. No caso dos moinhos, a energia eólica era
transformada em energia mecânica, usada na moagem de grãos ou para bombear
água.
A energia eólica é renovável, limpa, existe em todo o mundo e, se utilizada
para substituir fontes de combustíveis fósseis, auxilia na redução do efeito estufa
e pode suprir uma parcela significativa das necessidades energéticas mundiais.
De acordo com o Conselho Global de Energia Eólica - Global Wind Energy Council
(GWEC) -, organismo internacional que reúne entidades e empresas relacionadas à
produção desse tipo de energia, a Alemanha é o maior produtor de eletricidade
por meio dos ventos, com 22,35 GW, o que representa 23,7% do total mundial,
seguida dos Estados Unidos, com 16,82 GW, e Espanha, com 15,15 GW. Há também a
Índia, com 7,85 GW; China, com 5,9 GW; e Dinamarca, com 3,13 GW.
O relatório "Tendências Globais de Investimentos em Energias Sustentáveis",
lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), informa
que dos US$ 148 bilhões de investimentos globais na produção de energia
renovável realizados em 2007,
a maior parcela dos recursos - US$ 50,2 bilhões - foi
direcionada para a geração de energia eólica. Esse montante foi maior do que o
destinado à produção de outros tipos de energia, incluindo as centrais
nucleares.
De 2002 a
2008, os investimentos para a produção de energia eólica registraram
crescimento médio anual de 22,3%. A partir de novos investimentos, calcula-se
que a produção mundial chegue a 287 GW em 2012. E deverá passar de 1% de toda a
energia elétrica consumida no planeta, em 2007, para 2,7% em 2012.
Brasil utiliza pouco seu
potencial eólico
No
caso do Brasil, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, a maior parte
da energia elétrica é gerada por fontes renováveis: 70% por hidrelétrica, 4%
por biomassa e 0,2% por ventos. Dos 101,6 GW da energia elétrica produzida no
país, as usinas eólicas contribuem com cerca de 0,247 GW, ou 0,24% do total.
No entanto, uma das grandes vantagens da geração de eletricidade por meio dos
ventos é a de que ela pode servir como fonte complementar à modalidade
hidrelétrica nas regiões atingidas pelas secas. No Nordeste, por exemplo, os
períodos de seca, no segundo semestre, são exatamente aqueles em que os ventos
são mais favoráveis.
Vale lembrar também que a energia eólica não é vulnerável a pressões políticas
e econômicas, como o gás natural e o petróleo.
Atualmente, existem no Brasil seis usinas em funcionamento: três localizam-se
no Rio Grande do Sul - uma delas, a de Osório, faz parte do maior parque eólico
do Brasil, com capacidade para gerar 0,15 GW -, uma em Santa Catarina e
outras duas no Rio Grande Norte e na Paraíba, na costa nordestina: a região com
maior potencial para geração de eletricidade pelo vento.
Efeito estufa
Mecanismo atmosférico mantém
o planeta aquecido
Ronaldo
Decicino*
Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação
Geralmente, as pessoas se confundem e crêem
que o efeito estufa tem relação com a camada de ozônio. Contudo, embora estejam
relacionados à atmosfera, o efeito estufa e a camada de ozônio não são a mesma
coisa.
O efeito estufa é um mecanismo atmosférico natural que mantém o planeta
aquecido nos limites de temperatura necessários para a vida na Terra. Esse
fenômeno atmosférico acompanha a vida do planeta desde o início da sua existência.
Já a camada de ozônio é uma parte da atmosfera que protege a Terra dos raios
ultravioleta (UV) emitidos pelo Sol, raios estes que podem trazer sérios danos
aos seres vivos. Nos humanos, por exemplo, causam o câncer de pele.
Mas voltando ao efeito estufa, alguns gases que compõem a atmosfera funcionam
como o vidro de uma estufa, que deixa passar a luz do sol para o seu interior,
e aprisionam esse calor gerado dentro da "estufa". Esse calor mantém
a Terra aquecida nos níveis que permitem a existência da vida.
Como funciona o efeito estufa
Se não houvesse a proteção do efeito estufa,
os raios solares que aquecem a Terra seriam refletidos para o espaço sideral e
o planeta perderia calor. A Terra apresentaria temperaturas médias abaixo de
10ºC negativos, pois não teria uma atmosfera espessa o suficiente para refletir
o calor de volta para o planeta, gerando um ambiente não apropriado à vida.
Planetas como Vênus e Marte, por exemplo, não possuem esse mecanismo e por isso
podem atingir temperaturas elevadas durante o dia, acima de 200ºC, e muito
reduzidas durante a noite, menos de 100ºC.
O efeito estufa ocorre quando uma parte da radiação solar refletida pela
superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera,
entre os quais merecem destaque: o gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2),
o metano ou gás natural (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Como
resultado desse processo, o efeito estufa impede que o calor emitido pelo Sol
retorne ao espaço. Assim, o calor que a Terra recebe durante o dia mantém a
temperatura elevada mesmo durante a noite.
Aumento das temperaturas
Ocorre que, a partir do século 19, com a
queima de florestas tropicais e a utilização de combustíveis fósseis em
indústrias, usinas termelétricas, automóveis, aviões, etc. grandes quantidades
de gás carbônico (CO2) têm sido lançadas na atmosfera. A emissão
desenfreada desse e de outros gases acentua a ação do efeito estufa,
engrossando a camada protetora a ponto de não permitir que a radiação solar,
depois de refletida na Terra, volte para o espaço, o que bloqueia o calor.
Como conseqüência direta desse processo, teremos a alteração do clima do
planeta, com um aumento médio de, aproximadamente, 1ºC na temperatura da Terra.
Em breve, as temperaturas médias poderão estar entre 1,4ºC e 5,8ºC mais altas,
quando comparadas ao ano de 1990.
Conseqüências
O aquecimento poderá provocar o derretimento
das calotas polares, resultando na elevação do nível dos mares, inundando
cidades costeiras e afetando atividades como a agricultura e a pesca. Os países
mais atingidos serão os mais pobres - justamente os que menos contribuem para o
efeito estufa -, que não terão meios de contornar os prejuízos.
O efeito estufa tem causado preocupações em boa parte da comunidade científica,
e representantes dos governos da maioria dos países têm se reunido para
discutir o problema, cuja solução exige diminuição no lançamento dos gases na
atmosfera.
Algumas conferências internacionais, para definir os meios de se concretizar
essa diminuição, passaram a ser realizadas entre o final do século 20 e o
início do século 21. Nelas foi discutida a elaboração de um texto definitivo
para o Protocolo de Kyoto.
Protocolo de Kyoto
É
um acordo internacional que foi estabelecido em 1997, em Kyoto, no Japão, e
assinado por 84 países. Pelo documento, os países desenvolvidos se
comprometeram a reduzir sua emissão de gases estufa e garantir um modelo de
desenvolvimento limpo para os países em desenvolvimento.
O documento prevê que essa redução deve ser cumprida entre 2008 e 2012 - os
países desenvolvidos precisam diminuir suas emissões de gases estufa,
principalmente o dióxido de carbono, em 5,2% (quando comparadas aos níveis
medidos em 1990).
A meta a ser cumprida não é a mesma para todas as nações: 8% para a União Européia
(EU), 7% para os Estados Unidos (EUA) e 6% para o Japão. Países em
desenvolvimento não têm meta.
Além da redução das emissões de gases, o Protocolo de Kyoto estabelece outras
medidas, como o estímulo à substituição do uso dos derivados de petróleo pelos
da energia elétrica e do gás natural
Eclipse solar
A Lua oculta a luz do Sol
Ronaldo
Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O eclipse solar é um fenômeno de alinhamento
de corpos celestes. Ele ocorre quando a Lua alinha-se entre o Sol
e a Terra,
ocultando a luz do Sol numa estreita faixa terrestre.
Para que ocorra um eclipse solar é necessário que a Lua esteja exatamente entre
a Terra e o Sol. A Lua, no entanto, se move na órbita do nosso planeta em um
ângulo de aproximadamente 5 graus em relação ao plano da Terra com o Sol. Isso
faz com que a Lua atravesse o plano orbital da Terra somente duas vezes ao ano,
o que torna o eclipse solar um fenômeno relativamente difícil de ser visto.
Se nosso satélite girasse no mesmo plano da órbita terrestre haveria eclipses
todos os dias de Lua Nova. Como isso não acontece, é preciso que a Lua Nova
coincida com a passagem pelos nodos, que são os pontos de intersecção do
plano da órbita da Terra com o plano da órbita lunar.
Outros fatores contribuem para diminuir a chance de vermos um eclipse solar.
Primeiro, a Lua é cerca de 49 vezes menor que a Terra e sua sombra é incapaz de
envolver todo o planeta. Assim, durante um eclipse solar, uma sombra com cerca
de 160 km
de largura e 600 km
de comprimento cobre apenas uma estreita faixa da superfície terrestre -
e somente as populações situadas nesse trecho da Terra têm a oportunidade de
assistir a esse fenômeno celeste.
Em segundo lugar, à medida que a Terra gira, a sombra da Lua cobre o planeta
com uma velocidade de aproximadamente 1.800 km/h, motivo
pelo qual um eclipse total do Sol não dura mais do que 7 minutos e 40
segundos.
A distância da Lua em relação à Terra determina a quantidade de luz do Sol que
é interceptada, bem como a largura da penumbra e da escuridão total.
Durante a totalidade de um eclipse solar, ou seja, enquanto o disco da Lua
cobre totalmente o disco do Sol, o céu fica bastante escuro, como se fosse o
início da noite, e podem ser vistas algumas estrelas mais brilhantes. Conforme
a Lua continua em sua órbita, ela vai descobrindo o Sol - e a luz solar volta a
iluminar a Terra.
Tipos de eclipse solar
· Eclipse Solar Total - esse
tipo de eclipse acontecerá quando o tamanho aparente da Lua for maior que o
Sol. Nesse caso, o alinhamento entre o Sol, a Lua e a Terra produz uma região
sem luz solar na superfície terrestre.
· Eclipse Solar Anular -
esse tipo de eclipse ocorre quando a Lua está mais distante da Terra e seu
tamanho aparente é menor que o tamanho aparente do Sol, ou seja, a Lua não
cobre totalmente o Sol. No auge do eclipse, observa-se um anel luminoso em
volta da Lua, que nada mais é do que o próprio Sol.
· Eclipse Solar Parcial - ocorre quando o
alinhamento entre o Sol e a Lua não atinge a superfície terrestre; o céu pode
escurecer levemente, dependendo de quanto o disco solar for encoberto.
Periodicidade dos eclipses
A
freqüência dos eclipses depende de três fatores: 1) da posição entre os
planos orbitais da Lua e da Terra; 2) da posição da Lua ao longo de sua órbita,
em termos de sua proximidade ou coincidência com os pontos nodais; e 3) da
distância entre a Terra e a Lua.
Todos esses fatores influem no desenho da órbita da Terra em torno do Sol e da
órbita Lua em torno da Terra. E todos eles, sem esquecer do ângulo de
aproximadamente 5 graus que há entre a órbita da Lua e a da Terra, atuam na
periodicidade dos eclipses solares. Assim, no período de um ano podem ocorrer:
· No mínimo 2 eclipses
solares e 2 lunares;
· 3 eclipses solares e 2
lunares;
· 4 eclipses solares e 2 (ou
3) lunares;
· 5 eclipses solares e 2 lunares.
Antes que os eclipses voltem a ocorrer na mesma ordem do período anterior, há
um intervalo de 18 anos, 11 dias e 8 horas (durante o qual os eclipses
continuam ocorrendo). Esse período é denominado de Período de Saros. A
palavra "saros" vem do grego e quer dizer "repetição".
Ou seja, após um período de 18 anos, 11 dias e 8 horas (ou cerca de 6585,5
dias) Sol, Terra e Lua retornam, aproximadamente, às órbitas do ciclo anterior,
fazendo com que os eclipses voltem a ocorrer numa mesma seqüência (mas não no
mesmo lugar). Durante um Período de Saros acontecem, no total, 70 eclipses,
sendo 41 solares e 29 lunares.
Para que um eclipse total do Sol volte a ocorrer num mesmo lugar são
necessários, aproximadamente, 360 anos.
Cuidados na observação do
eclipse
Os eclipses solares não podem ser observados
como os eclipses
lunares, pois exigem proteção especial. É importante nunca olhar
diretamente para o Sol sem utilizar equipamento de segurança adequado, mesmo
durante um eclipse, pois isso pode causar lesões na retina e comprometer
seriamente a visão.
Para uma observação segura do eclipse solar recomenda-se a utilização de um
vidro de soldador, número 14 ou maior. Além de baratos, eles são encontrados
facilmente. Mas, lembre-se: nunca devemos observar o Sol mais do que alguns poucos
segundos.
Para saber mais
Eclipse lunar
A sombra da Terra cobre a Lua
Ronaldo
Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A palavra eclipse (do grego ekleipsis
- desmaio ou abandono) refere-se ao obscurecimento parcial ou total de um
astro pela interposição de outro astro, impedindo a passagem da luz solar.
No eclipse lunar, a sombra da Terra
cobre a Lua, dando a impressão de que o nosso satélite foi tomado pela escuridão.
Umbra e penumbra
Qualquer corpo que é iluminado pelo Sol
produz uma sombra no espaço. Essa sombra é composta de duas partes distintas: a
umbra e a penumbra. A umbra (também chamada de cone de sombra)
é a parte da sombra na qual a escuridão é total, enquanto que, na penumbra, a
escuridão não é tão intensa e, muitas vezes, imperceptível.
Devido ao modo pelo qual os raios solares se difundem, tanto a Terra quanto a
Lua projetam uma sombra escura (umbra) no interior de uma sombra mais clara
(penumbra). Se a Lua se desloca dentro da umbra da Terra, ocorre um eclipse
lunar total. Já a penumbra da Terra escurece pouco a Lua.
Tipos de eclipse
Há dois tipos de eclipses envolvendo o Sol, a
Terra e a Lua: o eclipse lunar e o eclipse solar. Nos dois casos há um
alinhamento entre os três astros. Quando a Terra intercepta a sombra da Lua, há
um eclipse
solar. Quando a Lua atravessa a sombra da Terra, ocorre o chamado eclipse
lunar.
Em uma noite normal, a Lua brilha, refletindo a luz do Sol. Mas quando a Terra
passa exatamente entre o Sol e a Lua, a sombra da Terra cai sobre o seu
satélite. Esse fenômeno recebe o nome de eclipse lunar, no qual parece que a
Lua foi tomada pela escuridão.
Essa interposição dos astros ocorre durante o ciclo lunar, que leva 29 dias e
meio para ser completado. Durante um ciclo, a Lua apresenta fases em relação à
Terra:
· Na fase Nova,
acontece um alinhamento Sol-Lua-Terra - a face iluminada da Lua não está
voltada para a Terra, ou seja, é como se a Lua estivesse de costas para a
Terra. Ocorrem os eclipses solares.
· Na fase Cheia, a Terra toma a posição
mediana do alinhamento - alinham-se Sol-Terra-Lua e, dessa forma, a face
iluminada da Lua volta-se para a Terra. Todo disco lunar fica visível: é a
chamada Lua Cheia. Os eclipses lunares ocorrem sempre na fase Cheia, pois é
nessa ocasião que a Terra está posicionada entre o Sol e a Lua.
Inclinação da órbita lunar e
nodos orbitais
Mas há um fato que impede a ocorrência de
eclipses lunares a cada Lua Cheia: a chamada inclinação da órbita lunar,
ou seja, a inclinação de cerca de 5 graus da órbita da Lua em relação à órbita
da Terra ao redor do Sol.
As órbitas lunar e terrestre têm dois pontos de contato, os chamados nodos
orbitais. Os nodos de um planeta são os dois pontos virtuais da intersecção de
sua órbita com a Eclíptica (que é o caminho aparente do Sol, onde podem ocorrer
os eclipses). Esses pontos são opostos entre si e, portanto, formam um Eixo.
O Nodo Lunar Norte, também chamado de Nodo Ascendente, é o ponto onde a
órbita da Lua cruza a Eclíptica de sul para norte; o Nodo Lunar Sul, também
chamado Nodo Descendente, corresponde ao ponto onde a órbita da Lua
cruza a Eclíptica de norte para sul.
Para um eclipse ocorrer, a Lua deve estar perto de seu nodo orbital - a
intersecção dos planos orbitais. Passar pela sombra ou muito próximo do nodo
resulta em um eclipse total ou parcial.
Tipos de eclipses
Os
dois tipos principais de eclipses são os eclipses lunar e solar. Cada um desses
eclipses pode ser subdividido em outros subtipos. No caso dos eclipses lunares,
temos:
· Eclipse Lunar Penumbral
- ocorre somente se a Lua, ao longo de sua trajetória, atravessar a região da
penumbra terrestre. Esse tipo de eclipse não provoca um escurecimento
perceptível da superfície da Lua, por isso não é percebido a olho nu, podendo
ser medido apenas com instrumentos apropriados, como um fotômetro (aparelho que
mede a intensidade da luz).
· Eclipse Lunar Parcial
- ocorre apenas quando parte do disco lunar é eclipsado pela sombra da Terra.
Para acontecer um eclipse parcial devem ocorrer duas fases penumbrais.
· Eclipse Lunar Total - ocorre quando a
Lua atravessa completamente o interior da umbra da Terra, a parte interna da
sombra. A velocidade da Lua através da sombra é de cerca de um quilômetro por
segundo, e um eclipse total pode durar até 102 minutos (1h e 42m). No entanto,
o período decorrido do instante em que a Lua tem o primeiro contato com a umbra
da Terra até o momento em que a abandona totalmente pode durar várias horas.
Para haver um eclipse total, devem ocorrer duas fases penumbrais e duas
parciais. Por sua beleza, o eclipse lunar total é o mais notável dos três.
A Escala de Danjon
A Lua não fica completamente invisível ao ser
escurecida pela sombra terrestre devido à refração da luz solar,
produzida pela luz da atmosfera do planeta. A intensidade da luz refratada
depende da quantidade de nuvens ou de poeira existente na atmosfera, bloqueando
a passagem da luz. Isso causa na Lua uma coloração com tons avermelhados, cuja
intensidade varia de um eclipse para outro.
Com o intuito de medir o nível de obscurecimento de um eclipse lunar, o
astrônomo francês André Danjon criou uma escala para atribuir a cada
eclipse um coeficiente de brilho apresentado pela Lua. Os menores valores
correspondem a um eclipse muito escuro e o maior valor ao eclipse claro:
Escala de Danjon
0 - Eclipse muito escuro. Lua quase invisível, especialmente em meia
tonalidade.
1 - Eclipse escuro; cinza ou com coloração marrom; detalhes distinguíveis
apenas com dificuldade.
2 - Eclipse vermelho intenso ou com coloração ferrugem, com a parte central da
umbra muito escura e com a borda externa umbral relativamente brilhante.
3 - Eclipse vermelho-tijolo, geralmente com uma borda umbral brilhante ou
amarela.
4 - Eclipse vermelho-cobre muito brilhante ou laranja, com uma borda umbral
azulada e muito brilhante.
Para saber mais
Demografia
Transição demográfica e
crescimento populacional
Cláudio
Mendonça
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Grandes debates sobre o crescimento
populacional surgiram a partir da Revolução industrial.
Depois de um longo período de crescimento lento entre a Idade Média e
meados do século 18, a
população começou a aumentar num ritmo surpreendente e, para muitos, alarmante.
Considerando-se todo o tempo da presença do homem na Terra,
calcula-se que somente por volta de 1830 o planeta alcançou o seu primeiro
bilhão de habitantes. Atualmente, nem dois séculos passados, somos 6,5 bilhões
de seres humanos.
Para muitos, o crescimento populacional ocorrido após a Revolução Industrial
era uma realização promissora da humanidade: representava uma conquista do
homem que, ao se adaptar melhor à vida no planeta, conseguia viver cada vez
mais. Para outros, o crescimento populacional era motivo de preocupação e
deveria ser combatido, pois anunciava grandes problemas futuros.
"Ensaio sobre a população"
A análise mais clássica sobre esta questão
surgiu em 1798, quando o economista e
demógrafo inglês
Thomas Robert Malthus publicou o "Ensaio sobre a população". Nesse
trabalho, avaliava que o crescimento populacional era uma das principais
limitações ao progresso da sociedade. Segundo Malthus o crescimento ilimitado
da população não se ajustava à capacidade limitada dos recursos naturais
existentes no planeta.
Malthus afirmava que "a população, quando não controlada, cresce numa progressão
geométrica. Os meios de subsistência crescem apenas numa progressão
aritmética. Um pequeno conhecimento de números demonstrará a enormidade do
primeiro poder em comparação com o segundo. (...) Isso implica um obstáculo que
atua de modo firme e constante sobre a população, a partir da dificuldade de
subsistência".
O demógrafo considerava que esta realidade era responsável pela fome, pela
subnutrição, pelas epidemias, pelas guerras motivadas pelas disputas
territoriais e pela falta de moralidade. A solução que propunha eram medidas do
poder público para controlar o crescimento da população. Também era contrário à
Lei dos Pobres (Poor Law), da Inglaterra, que obrigava ao Estado prover as
necessidades humanas vitais aos menos favorecidos. Essa lei, segundo ele,
estimulava o crescimento populacional descontrolado, por amparar justamente
aqueles que mais procriavam e menos tinham condições de sustentar os filhos que
colocavam no mundo.
As idéias de Malthus encontraram eco e adeptos em todo mundo e, vez por outra,
são ressuscitada nos mais diferentes contextos, embora novas concepções já
tenham contestado cientificamente sua validade.
Transição demográfica
O conceito de transição demográfica foi
introduzido por Frank Notestein, em 1929, e é a contestação factual da lógica
malthusiana. Foi elaborada a partir da interpretação das transformações
demográficas sofridas pelos países que participaram da Revolução Industrial nos
séculos 18 e 19, até os dias atuais. A partir da análise destas mudanças demográficas
foi estabelecido um padrão que, segundo alguns demógrafos, pode ser aplicado
aos demais países do mundo, embora em momentos históricos e contextos
econômicos diferentes.
Ela explica que, durante uma longa fase da história, a natalidade e a
mortalidade mantiveram-se elevadas e próximas, caracterizando um crescimento
lento. Guerras, epidemias e fome dizimavam comunidades inteiras. A partir da
Revolução Industrial teve início a primeira fase, das três que caracterizam o
modelo de transição demográfica.
1ª. fase - transição da
mortalidade
A Revolução Industrial, o processo de
urbanização e de modernização da sociedade foram responsáveis, num primeiro
momento, por um crescimento populacional acelerado nos países europeus e
posteriormente nos Estados Unidos,
Japão, Austrália e
outros.
Apesar das péssimas condições de moradia e saúde das cidades industriais, até
pelo menos o final do século 19,
a elevação da produtividade e da oferta de bens de
subsistência propiciaram progressiva melhora no padrão de vida da população.
Conquistas sanitárias e médicas, associadas a esta fase de desenvolvimento
científico e tecnológico, tiveram impactos diretos na saúde pública e,
conseqüentemente, na queda das taxas de mortalidade. Portanto, a primeira fase
de transição demográfica é marcada pelo rápido crescimento da população,
favorecido pela queda da mortalidade já que as taxas de natalidade, ainda,
permaneceram algum tempo elevadas.
2ª. fase - transição da fecundidade
A segunda fase caracteriza-se pela diminuição das taxas de fecundidade (ou
seja, o número médio de filhos por mulher em idade de procriar, entre 15 a 49 anos), provocando
queda da taxa de natalidade mais acentuada que a de mortalidade e desacelerando
o ritmo de crescimento da população.
Aos poucos foram sendo rompidos os padrões culturais e históricos que se
caracterizavam pela formação de famílias numerosas. Mas estas transformações
culturais foram mais lentas. Levou um certo tempo para que os hábitos e
costumes comunitários da sociedade anterior, baseados na organização de um
outro padrão familiar, fossem rompidos. A mortalidade infantil elevada induzia
as famílias a terem muitos filhos, contando com o fato de que nem todos eles
sobreviveriam. Os efeitos sociais das conquistas sanitárias na qualidade de
vida permitiram que a mortalidade infantil também diminuísse e as famílias
pudessem planejar o que consideravam o número ideal de filhos, numa sociedade
que se modernizava.
3ª. fase - a estabilização demográfica
Na terceira fase da transição demográfica as taxas de crescimento ficam
próximas de 0%. Ela é o resultado da tendência iniciada na segunda fase: o
declínio da fecundidade e a ampliação da expectativa média de vida que acentuou
o envelhecimento da população. As taxas de natalidade e de mortalidade se
aproximaram a tal ponto que uma praticamente anula o efeito da outra. Esta é a
situação encontrada há pouco mais de uma década em diversos países europeus e é
denominada de fase de estabilização demográfica.
Demografia
População absoluta,
distribuição e densidade demográfica
Luiz
Carlos Parejo*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
População pode ser definido como o conjunto de pessoas que habita
um certo território. A geografia preocupa-se não só com o número de habitantes,
mas também com as suas características, condições e os processos de evolução.
A população é
estudada também por outras ciências, como a demografia que é o estudo, a partir de dados
quantitativos, de suas variações e do seu estado (por isso, a demografia se
utiliza de muitos dados estatísticos para identificar as características das
populações e até propor políticas públicas).
População Absoluta
O
estudo da população compreende alguns conceitos. Para começar, podemos falar em
população absoluta que é o total de habitantes de um certo lugar. Por
exemplo, a China
possui a maior população absoluta entre os países do mundo, com aproximadamente
1 bilhão e 300 milhões de habitantes. Ou seja, de cada cinco habitantes do
planeta Terra, um é chinês (cerca de 20% dos 6,5 bilhões de habitantes do
planeta).
Podemos,
portanto, afirmar que a China é o país mais populoso do mundo. Populoso é o país que apresenta grande população
absoluta.
Países mais Populosos do
Mundo
País
|
População aproximada
|
1º China
|
1.300.000.000 hab.
|
2º Índia
|
1.100.000.000 hab.
|
3º EUA
|
300.000.000 hab.
|
4º Indonésia
|
220.000.000 hab.
|
5º Brasil
|
185.000.000 hab.
|
O Brasil é um dos
países mais populosos do mundo. Dentro dele, os Estados mais populosos, são:
Estado
|
População (ano 2000)
|
São Paulo (SP)
|
37.000.000 hab.
|
Minas Gerais (MG)
|
17.800.000 hab.
|
Rio de Janeiro (RJ)
|
14.400.000 hab.
|
Bahia (BA)
|
13.000.000 hab.
|
Rio Grande do Sul (RS)
|
10.200.000 hab
|
Paraná (PR)
|
9.500.000 hab
|
O que é densidade
demográfica?
População relativa ou densidade
demográfica é o total de habitantes dividido pela área que
ocupam ou é a média da distribuição da população total pelo território.
Para o Brasil,
por exemplo, temos:
A primeira
pergunta que nos vem à mente é: essa densidade demográfica é grande ou pequena?
Vamos comparar com o mundo:
Podemos
concluir que o Brasil possui uma baixa densidade demográfica, pois está muito
abaixo da média mundial. Portanto o Brasil é um país populoso e pouco povoado;
isto é, possui uma grande população absoluta, mas uma baixa densidade
demográfica.
Evite
confundir densidade demográfica com distribuição da população, são dois
conceitos diferentes, existem países com elevada densidade demográfica, mas com
a população tão mal distribuída como a brasileira, por exemplo, a China:
A China possui
uma elevadíssima densidade demográfica, mas a sua população está concentrada na
sua porção leste (Planície Chinesa, junto ao litoral).
Distribuição da população
É
a maneira pela qual a população de um certo lugar está distribuída em seu
território. A população brasileira encontra-se muito mal distribuída, cerca de
70% vivem em uma faixa de aproximadamente 100 km junto ao litoral,
apresentando elevadas densidades demográficas, por exemplo:
Estado
|
Densidade demográfica
|
Roraima (RR)
|
1,45 hab./km2
|
Amazonas (AM)
|
1,79 hab./km2
|
Mato Grosso (MT)
|
2,77 hab./km2
|
Amapá (AP)
|
3,33 hab./km2
|
Acre (AC)
|
3,65 hab./km2
|
Tocantins (TO)
|
4,17 hab./km2
|
Deriva continental
Pangéia deu origem aos
continentes
Adriana
Furlan e Ronaldo Decicino*
Especial para Página 3 Pedagogia & Educação
A teoria de que os continentes não estiveram
sempre nas suas posições atuais foi sugerido pela primeira vez em 1596 pelo holandês
Abraham Ortelius, conhecido como pai do Atlas
Moderno.
Ortelius também é responsável pelo Theatrum Orbis Terrarum (1570),
considerado o primeiro Atlas da Idade Moderna, uma obra desenhada à mão, com
139 mapas coloridos.
Foi Ortelius quem sugeriu que as Américas
"foram rasgadas e afastadas da Europa e África por
terremotos e inundações" e acrescentou: "os vestígios da ruptura
revelam-se, se alguém trouxer para a sua frente um mapa do mundo e observar com
cuidado as costas dos três continentes." Essa idéia de Ortelius seria
retomada no século 19.
Laurásia e Gondwana
Há 200 milhões de anos existia um único
supercontinente: o Pangéia. Ele se fragmentou há 130 milhões de anos em
Laurásia (América
do Norte e Eurásia) e Gondwana (América do Sul, África, Índia, Austrália e
Antártida) e, há 84 milhões de anos, houve a separação entre a América do Norte
e Eurásia e entre a América do Sul, África, Oceania e
Índia, que se tornou uma ilha no oceano Índico.
Por fim, a Índia colidiu com a Ásia, juntando-se ao continente, conforme figura
abaixo:
|
Segundo a teoria da deriva continental, o supercontinente
Pangéia dividiu-se há cerca de 225 - 200 milhões de anos, tendo-se
posteriormente fragmentado até produzir os continentes atualmente existentes
|
Somente em 1912 é que a idéia do movimento dos continentes foi seriamente
considerada como uma teoria científica designada por "Deriva dos
Continentes" e publicada em dois artigos pelo meteorologista alemão Alfred
Lothar Wegener. Ele argumentou que há cerca de 200 milhões de anos, ainda na
Era paleozóica, havia um supercontinente "mãe" - Pangéia - e um
gigantesco oceano chamado Pantalassa.
O Pangéia começou a fraturar-se, primeiro se dividiu em dois grandes
continentes, Laurásia e Gondwana. Entre os dois, formou-se um mar relativamente
raso: o Mar de Tétis.
Laurásia e Gondwana continuaram então a fraturar-se ao longo dos tempos, dando
origem aos atuais continentes. A Índia, por exemplo, soltou-se de Gondwana
formando uma ilha. Na Era cenozóica as formas dos continentes começaram a se
assemelhar às formas atuais.
Era cenozóica
Nessa Era, a Índia se chocou contra o
continente asiático com tamanha pressão que do choque entre as placas resultou
a formação da cordilheira do Himalaia, onde fica o monte Everest, o mais alto
do planeta.
Uma das evidências mais claras da deriva continental é o "encaixe"
quase perfeito entre os litorais leste da América do Sul e oeste da África. A
separação entre a África e a América do Sul decorreu da movimentação constante
das placas tectônicas sobre o manto, movimento esse que aconteceu em todo o
planeta.
Pode-se dizer que a posição dos continentes vem se modificando no decorrer da
história da Terra. Essa constatação é resultado de estudos recentes, realizados
principalmente a partir de meados do século 20.
Esse movimento dos continentes deve-se ao movimento das
placas tectônicas, responsável também por abalos sísmicos e atividades
vulcânicas.
Derretimento das geleiras
A Antártida está mesmo
derretendo?
Jurema
Aprile*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Manto de gelo na Antártida brasileira
|
Afinal, o que está derretendo na Antártida? O
gelo marinho, os icebergs, as banquisas, a calota polar ou as geleiras? Cerca
de 10% da área do planeta
Terra é coberta de gelo e 90% desse volume está na Antártida. Mas o
continente gelado não está derretendo e contribui minimamente para o aumento no
volume das águas marinhas observado nos últimos anos.
A afirmação é de um dos principais especialistas no assunto, o glaciólogo
Jefferson Simões, coordenador do Núcleo de Pesquisas Antárticas e Climáticas da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que estuda a questão do gelo do
planeta e o descongelamento. A glaciologia é uma área da geologia que estuda as
geleiras, as glaciações e seus efeitos sobre a Terra.
Falta consenso
Cálculos apresentados por pesquisadores em
painéis climáticos internacionais prevêem que até o ano 2100 o nível do mar
poderá se elevar de 60
centímetros a 1 metro por conta de gelo que se tornará
liquefeito e aumentará o volume das águas marinhas.
Em relação a isso, Simões ressaltou que é uma parte muito pequena do gelo do
planeta que está derretendo - exatamente 0,7% do volume total - e a
participação do gelo antártico nesse percentual é mínima.
O volume do gelo antártico corresponde a 25 milhões km3. Se
derretesse todo, equivaleria a um aumento de 60 metros no nível médio
dos mares.
Estudos realizados nos últimos anos e publicados em revistas científicas
produziram resultados contraditórios. Alguns indicavam a perda de gelo e outros
o engrossamento da camada - não há consenso dos pesquisadores.
Registros gelados
A cobertura de gelo antártico tem papel
fundamental no sistema ambiental. Ela é um dos principais controladores do
sistema climático terrestre e do nível do mar.
Além disso, essa cobertura "arquiva" nas suas camadas a evolução e os
eventos principais da atmosfera do planeta. Ficam registrados ali os resultados
da ação humana sobre o ambiente nas últimas décadas. Daí se entende a
importância dos estudos em glaciologia antártida.
"As pessoas confundem gelo marinho - mar congelado - com gelo de
geleiras", diz Jefferson Simões. Mar congelado tem impactos ambientais
climáticos significativos, mas não afeta o nível marinho.
O aumento no nível das águas do mar está relacionado em 70% ao derretimento das
geleiras -que concentram a maior parte da água doce do planeta - e em 30% à
expressão térmica do mar, ensina o glaciólogo.
Outro equívoco comum é o uso da expressão "calotas polares". Elas não
existem. O que há são áreas cobertas de gelo, como os mantos de gelo da
Groenlândia e da Antártida.
O que é uma geleira?
Geleira não é um iceberg, aqueles blocos
imensos de gelo que se vê, em fotos ou filmes, flutuando no mar. A geleira ou
glaciar é uma massa continental de gelo de limites definidos, que se movimenta
lentamente por ação da gravidade: ela nunca está parada.
O termo "geleira" não é aplicado às massas de gelo formadas pelo
congelamento da água: essas são as banquisas. E mais: a expressão "manto
de gelo" só se refere a uma massa de neve e gelo muito espessa, com área
maior de 50 mil km2. Só existem dois mantos de gelo no planeta: o
antártico e o groenlandês.
Um manto pode estar apoiado sobre rochas ou flutuar na água - nesse caso são
chamados plataformas de gelo. Elas têm espessura que vai de 200 a 2.000 m e são fixas à
costa, podendo se estender por até 500.000 km2.
Plataformas podem aumentar de tamanho pela acumulação de neve e gelo ou pelo
fluxo do gelo. Também perdem massa pelo desprendimento de icebergs. Estes podem
durar mais de dez anos "viajando" na água antes de derreter.
Aproximadamente 42% da costa antártica são cobertas por plataformas de gelo.
Se aquece, descongela
O
descongelamento que mais contribui para o aumento das águas oceânicas no mundo
ocorre ao sul da Groenlândia,
nas calotas de gelo das ilhas árticas, na região polar Norte.
Outra contribuição vem do derretimento das geleiras de montanhas localizadas em
regiões temperadas e tropicais. Toda essa água vai para os rios e, então, toma
o caminho do mar. Na Bolívia, as
geleiras estão derretendo rapidamente. Na capital, La Paz, 70% das águas vêm das
geleiras.
O derretimento das geleiras nos Andes tem impactos no Brasil, causando aumento
do volume das águas tanto na bacia Platina
quanto na bacia
Amazônica. Também há diminuição do gelo na Patagônia.
O descongelamento das geleiras eternas em regiões tropicais tem sido atribuído
ao aquecimento
global, por pesquisadores como os da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos.
A geleira Qori Kalis, no Peru, estaria
encolhendo cerca de 60 m
ao ano, arriscando-se a desaparecer completamente em cinco anos.
Desenvolvimento sustentável
Como surgiu esse conceito?
Ronaldo
Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A idéia de desenvolvimento sustentável surgiu
a partir do conceito de ecodesenvolvimento, proposto durante a Primeira
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em
Estolcomo, na Suécia, em 1972.
Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organização
das Nações Unidas, desenvolvimento sustentável é aquele capaz de suprir as
necessidades dos seres humanos da atualidade, sem comprometer a capacidade do
planeta para atender as futuras gerações. Portanto, é o desenvolvimento que não
esgota os recursos, tornando-os perenemente disponíveis, se possível.
A ONU denominou a década de 1960 como a "Primeira Década das Nações Unidas
para o Desenvolvimento", acreditando que a cooperação internacional
proporcionaria um crescimento econômico pela transferência de tecnologia,
experiência e fundos monetários, de modo a resolver os problemas dos países
mais pobres.
Ricos e pobres
Ao mesmo tempo, a questão ambiental,
fundamental para qualquer plano de desenvolvimento, começou a ganhar destaque
nos meios de comunicação. Na época, vários países em desenvolvimento, inclusive
o Brasil, consideravam inviável incluir grandes programas de conservação
ambiental em seus programas nacionais, pois acreditavam que a poluição e a deterioração
ambiental eram conseqüências inevitáveis do desenvolvimento industrial.
Essa atitude foi conveniente para os países mais desenvolvidos. Por um lado,
isso restringia a implantação de indústrias poluidoras em seus territórios. Por
outro, eles tinham para onde transferir suas fábricas: os países menos
desenvolvidos, que encorajavam a instalação dessas indústrias, para impulsionar
seu próprio desenvolvimento.
Satélites
No final dos anos 1960, a humanidade ganhou
um aliado importante para a melhor compreensão da dinâmica terrestre, o que
também revelou a importância da criação de um programa de conservação
ambiental.
Com as missões espaciais e a implantação de um sistema de satélites para o
sensoriamento remoto da Terra, tornou-se possível monitorar integradamente os
vários processos atmosféricos e climáticos. Surgia uma nova perspectiva de se
ver o planeta.
Em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (Estocolmo),
reconheceu-se o relacionamento entre os conceitos de conservação ambiental e
desenvolvimento industrial; foram discutidos os efeitos causados pela falta de
planejamento na utilização de recursos naturais e se estabeleceram critérios
claros de "poluição, pobreza e ecodesenvolvimento".
Harmonia entre economia e
meio ambiente
Uma reavaliação do conceito de desenvolvimento
orientou a "Terceira Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento"
(1980-1990), a partir da qual buscaram-se estratégias de distribuição, visando
repartir de modo mais justo os benefícios do eventual crescimento da economia
mundial.
A ONU resolveu criar uma comissão para efetuar um estudo dos problemas globais
de ambiente e desenvolvimento. Em 1987, essa comissão apresentou o Relatório
Brundtland - "Our Commom Future" (Nosso Futuro Comum), no qual se ressaltava
o conceito de desenvolvimento sustentável, considerando-o um modelo de
desenvolvimento socioeconômico, com justiça social e em harmonia com os
sistemas de suporte da vida na Terra.
Em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, o conceito foi definitivamente
incorporado como um princípio orientador de ações. Foi então elaborada a Agenda
21, que representa um compromisso das nações de agir em cooperação e harmonia
na busca do desenvolvimento sustentável.
A Agenda 21 reconhece que os problemas de crescimento demográficos e da pobreza
são globais. Para sua solução, devem-se desenvolver programas específicos
locais e regionais, porém associados a projetos de meio ambiente e desenvolvimento
integrados, com o apoio nacional e internacional.
Os três pilares do
desenvolvimento sustentável
A
Declaração de Política de 2002 da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento
Sustentável (Joanesburgo, África do Sul), afirma que ele é construído sobre
três pilares interdependentes e que se suportam mutuamente: desenvolvimento
econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental.
Na prática, se não houver a conscientização e o reconhecimento da importância
do desenvolvimento sustentável, sua complexidade e o interrelacionamento de
seus pilares com as diversas questões ambientais, a geração presente deixará
para trás solos pobres, falta de água, atmosfera poluída, enfim, um planeta
todo alterado e sujo.
Para evitar que isso ocorra os estilos de vida das nações ricas e a economia
mundial têm de ser reestruturados, visando a preservação do meio ambiente,
ainda que questões como essas esbarrem nos interesses de poderosos grupos
econômicos.
Desenvolvimento sustentável
Entenda esse conceito
Mariana
Aprile*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Imagine que você descobriu uma árvore de
frutas deliciosas, como uma macieira. Basta tirar uma maçã, que outras duas
nascem. Certo dia, outras pessoas aparecem para pegar as frutas também.
Todos resolvem subir na árvore para colher mais. E quebram seus galhos. A
árvore quase morre - e pára de dar frutos. Essa história ilustra o que acontece
com a natureza nos dias de hoje.
Os seres humanos usam os recursos naturais como se fossem inesgotáveis. Mas os
benefícios da natureza, como a água e o solo (de onde se tiram os alimentos)
não são infinitos e podem se esgotar, assim como as maçãs da árvore mágica.
Muitas pessoas já sofrem com a falta de água e de alimento. O pior é que em
lugares como o Oriente Médio, onde a água é considerada o "ouro azul"
por ser escassa, ela pode ser motivo de guerra. Mais um, numa região já tão
violenta.
Lotação quase esgotada
A situação do planeta é crítica e por isso
mesmo você já deve ter ouvido falar em desenvolvimento sustentável. É o nome
que se dá quando você colhe a maçã, mas respeita a árvore e dá tempo a ela para
se refazer e produzir mais frutos outra vez. O mesmo se aplica a todos os
outros recursos naturais da Terra: deve-se usá-los com sabedoria, para dar
tempo à natureza de se recompor. Caso contrário, eles se esgotam, acabam,
desaparecem.
O avanço da ciência e da tecnologia trouxe inúmeros benefícios para o ser
humano. A medicina moderna, por exemplo, tornou possível o aumento da
expectativa de vida - as pessoas vivem mais tempo devido aos remédios e vacinas
que curam doenças. Assim, com menos mortes e mais nascimentos na população
humana, o resultado é o aumento exagerado do número de pessoas no planeta.
Para se ter uma idéia, no início da Era Cristã a população mundial contava com
cerca de 200 milhões de pessoas - e chegou a 1 bilhão por volta do ano 1800, há
apenas 200 anos. Então, nas primeiras décadas do século 20, esse número dobrou.
No dia 12 de outubro de 1999, nasceu o bebê que inteirou o número 6 bilhões.
A esse aumento considerável da população dá-se o nome de explosão demográfica.
Peter Kostmayer, da ONG "Population Connection", afirmou que a taxa
de crescimento da população está, de longe, extrapolando nossa capacidade de
oferecer empregos, educação, moradia e cuidados médicos. Além disso, está
causando tremendos problemas ambientais no mundo - para o planeta e para seus
habitantes.
Atualmente, pelo menos uma em cada cinco pessoas é subnutrida - e uma a cada
seis não tem acesso à água potável. Com tanta gente, há necessidade de mais
alimento, mais água, mais terra para produzir alimentos. Da mesma maneira que
um lindo parque fica imundo depois de um feriado cheio de gente jogando lixo em
toda parte, o planeta vive uma superlotação de gente, com o conseqüente aumento
da produção de detritos e resíduos. Pior: o sistema econômico e de exploração
dos recursos naturais atual não permite que a Terra suporte uma população tão
grande.
A agricultura e a criação de animais, segundo diversos ecólogos (cientistas que
estudam a ecologia), em breve não serão suficientes para alimentar todas as
pessoas. E é preciso lembrar ainda dos recursos alimentares dos oceanos, que
são limitados - o mar oferece 100 milhões de toneladas de peixes, sendo que o
ser humano retira por ano 97 milhões de toneladas para si (quase tudo!).
Então, o ser humano destrói partes da natureza a cada dia, sem se dar conta de
que está acabando com elementos necessários à sua própria sobrevivência. É a
detruição da árvore das maçãs.
Economia da natureza
Esses problemas levaram, em 1980, à criação de
um novo conceito - o desenvolvimento sustentável. Parece um nome difícil, mas é
fácil de entender, não é? Trata-se de um conjunto de atitudes e projetos que
têm como objetivo utilizar a natureza sem destruí-la. Dando tempo para ela se
refazer.
O desenvolvimento sustentável é como se fosse uma "poupança da
natureza". Isto é, retira-se uma certa quantidade de recursos naturais,
mas se deixa uma quantia suficiente para "render" - no caso da
macieira, por exemplo, se as pessoas tivessem uma idéia de desenvolvimento
sustentável, elas esperariam a árvore produzir mais frutos, ao invés de arrancá-los
todos com aquela pressa danada.
Além disso, se os mesmos indivíduos deixassem uma maçã ou outra no chão,
nasceriam mais macieiras, e portanto, haveria mais frutos para as pessoas. Para
completar, seria fundamental que ninguém deixasse lixo no solo em volta da
árvore, porque isso iria envenenar a terra e impedir o crescimento de novas
plantas.
Desenvolvimento sustentável é muito importante. Se todos fizerem sua parte,
será possível viver em condições saudáveis, ao invés sofrer num planeta poluído
e esgotado de recursos essenciais para todos os seres vivos - você, inclusive.
Desenvolvimento sustentável
Como aliar meio ambiente e
economia
Cláudio
Mendonça
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Logo da primeira ONG ambientalista de espectro mundial
|
O desenvolvimento da ciência e da tecnologia, no
século 20, serviu tanto para promover a melhoria da qualidade da vida do ser
humano, quanto para ampliar a sua capacidade de autodestruição. Entre as
heranças nefastas do último século, encontram-se o desgaste sem precedentes dos
recursos naturais, os efeitos lesivos da poluição do ar e das águas, a destruição
das matas e da biodiversidade do planeta.
No início da década de 1960, os movimentos ecológicos já advertiam sobre as
graves ameaças que estavam impostas à biosfera. As manifestações e discussões
naquela década apontavam, também, para a insustentabilidade do modelo de
desenvolvimento baseado no ideal de consumo e crescimento econômico acelerado.
Assim, aos poucos, os temas ambientais foram sendo incorporados aos programas
de governo das nações, aos partidos políticos e à agenda dos organismos internacionais.
Movimentos ambientalistas
As Organizações Não-Governamentais (ONGs)
começaram a surgir a partir da década de 1960. O WWF ("World Wildlife
Fund"), a primeira ONG ambientalista de espectro mundial, foi criada em
1961. Está voltada para a defesa de espécies ameaçadas de extinção, de áreas
virgens e ao apoio a educação ambiental. Em 1971, o Greenpeace - criado para
impedir um teste nuclear na costa do Alasca, nos Estados Unidos
- passou a ser o movimento ambientalista de maior projeção internacional.
Desse modo, a discussão ambiental ganhou amplitude e adeptos em todo o mundo ao
colocar em pauta a questão da própria sobrevivência humana e assinalar a
necessidade de mudanças nos nossos valores sociais e culturais, bem como no
modelo econômico das nações de um modo geral.
Conferência de Estocolomo
O primeiro grande debate mundial sobre os
temas ambientais tem como referência a Conferência de Estocolmo, promovida pela
ONU, na Suécia,
em 1972 (1ª Conferência Internacional para o Meio Ambiente Humano). Até então,
esse foi o maior evento de dimensão internacional dedicado exclusivamente à
avaliação das relações sociedade e natureza. O dia 5 de junho, que marcou o
início dos trabalhos da Conferência, foi oficializado pela ONU como o "Dia
Mundial do Meio Ambiente".
Na década de 1970, o mundo vivia no auge da Guerra fria. Os
países socialistas
ligados à hoje extinta União Soviética
não compareceram ao evento de Estocolmo. Esses países boicotaram a conferência,
em solidariedade à Alemanha Oriental, cuja participação foi vetada pela ONU.
Sem a presença dos países socialistas, o principal embate do encontro de
Estocolmo ocorreu entre os países desenvolvidos do hemisfério Norte e os países
subdesenvolvidos do Sul. Enquanto os países do Norte, de modo geral, defendiam
a necessidade de implementar políticas ambientais rigorosas, os países do Sul
reclamavam o direito de perseguir o desenvolvimento econômico e investir na
industrialização.
O mundo subdesenvolvido não demonstrou nenhum interesse em adotar mecanismos de
proteção ambiental que bloqueassem as suas metas de crescimento econômico. Os
representantes desses países argumentavam que o crescimento econômico era
prioritário e necessário para modificar a condição social precária em que vivia
boa parte dos povos do mundo.
Uma conclusão contraditória
Essas divergências levaram a resultados
práticos pouco promissores. Para contemplar as diversas posições, a
"Declaração de Estocolmo" estabeleceu uma carta de princípios em que
os países desenvolvidos concordavam com a necessidade de transferir tecnologia
e dar apoio financeiro aos países dispostos a adotarem medidas ambientais
corretas. Contudo, em contradição com o próprio princípio e objetivo da
conferência, considerava que a conquista do desenvolvimento econômico era uma
meta tão prioritária quanto a preservação do meio ambiente.
Nesse sentido, a posição brasileira na Conferência de Estocolmo foi tristemente
exemplar, ao declarar que o país abria as suas portas para a instalação das
indústrias poluidoras que tanto incomodavam a população dos países do Norte.
Deixava clara a idéia de que o Brasil preferia promover o crescimento econômico
a qualquer custo a se dedicar a políticas ambientais.
Na verdade, o grande avanço de Estocolmo foi o de sensibilizar a sociedade
mundial para os graves problemas ambientais que podiam e ainda podem colocar em
risco a sobrevivência da humanidade. A criação do PNUMA - Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente - foi um de seus resultados concretos. O PNUMA
passou a ser a agência da ONU responsável pela promoção de ações internacionais
e nacionais relacionadas à proteção do meio ambiente.
Visões de meio ambiente
Pelo menos três concepções sobre a relação da
sociedade humana com o meio ambiente, foram bem estabelecidas nessa primeira
grande discussão internacional. Para começar, podemos citar o desenvolvimentismo,
que defende o crescimento econômico a qualquer custo e não considera os danos
ambientais nem a possibilidade de esgotamento dos recursos naturais. Essa
concepção confunde crescimento econômico com desenvolvimento e estimula o
consumo crescente de energia e de recursos naturais.
Em um lado totalmente oposto, encontra-se o preservacionismo, amparado
na idéia de que -no atual estágio do desenvolvimento da produção - é necessária
uma postura radical de preservação ambiental. Essa corrente teve origem nos
Estados Unidos, na verdade, ainda no século 19. Ela foi responsável pela
criação de importantes parques nacionais destinados à salvação da natureza
original, como são os casos do Parque Nacional de Yellowstone (1872), do
Sequoia Park (1890) e muitos outros. Em outras palavras, o preservacionismo
defende a proteção integral de determinado ecossistema com o objetivo de
garantir a sua intocabilidade.
Já o conservacionismo é um meio termo entre as duas correntes
anteriores. Admite a exploração dos recursos naturais, de forma racional e
eficiente. Conservar significa, portanto, utilizar a natureza, mas garantindo a
sua sustentabilidade. Não significa guardar os recursos naturais e sim consumir
adequadamente: atender às necessidades do presente, levando em consideração a
necessidade do uso desses recursos no futuro. A visão conservacionista tem
caracterizado a maioria dos movimentos ambientalistas e tornou-se consenso
entre a maioria dos países, sendo o princípio que norteia a política de
desenvolvimento sustentável.
Recursos renováveis e
não-renováveis
Tanto preservacionistas quanto
conservacionistas consideram que a questão ambiental não está restrita aos
tipos de recursos utilizados - renováveis ou não-renováveis - e sim aos
recursos naturais em
geral. Recursos renováveis são aqueles que, uma vez
utilizados, podem ser recuperados, como a vegetação, a água, o ar e o solo. Os
recursos não-renováveis são aqueles que se esgotam, ou seja, que não podem ser
repostos, como os minérios: o petróleo, o carvão, o ferro, o manganês, o alumínio
e outros.
De fato, essa classificação encontra limitações, pois a exploração intensa de
uma floresta, a utilização de extensas áreas para produção agropecuária ou a
poluição de um rio pode levar à destruição irreversível de um ecossistema. É
também o caso do ar, cuja qualidade tem sido comprometida com a emissão de
gases que alteram a sua composição natural e tem provocado alterações
climáticas em todo o planeta. Portanto, apesar de serem classificados como
renováveis, alguns recursos não podem ser utilizados de forma inadequada sem
uma atitude que vise a sua conservação em longo prazo.
Desenvolvimento sustentável
Em 1973, um ano após a Conferência de
Estocolmo foi elaborado o conceito de ecodesenvolvimento, mencionado pela
primeira vez por Maurice Strong, Secretário Geral da Estocolmo/72. O
ecodesenvolvimento - cujos princípios básicos foram formulados posteriormente
por Ignacy Sachs - valoriza as possibilidades de um desenvolvimento capaz de
criar um bem estar social, a partir das particularidades e anseios das
populações locais. É contra a padronização do modelo de desenvolvimento dos
países ricos ocidentais, baseado na sociedade de consumo. Propõe também a
necessidade de um modelo de desenvolvimento apoiado na preservação dos recursos
naturais.
Em 1983 a
ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida
pela primeira-ministra norueguesa, Gro Harlem Brundtland. Essa comissão
realizou uma ampla avaliação dos problemas ambientais relacionadas ao
desenvolvimento econômico. Seu trabalho resultou na publicação de um extenso
relatório intitulado "Nosso Futuro Comum", publicado em 1987
(Relatório Brundtland). Nele, ficou consolidado o conceito de desenvolvimento
sustentável, apoiado em políticas conservacionistas capazes de promover o
desenvolvimento, sem a dilapidação dos recursos do planeta. Enfim, um modelo de
desenvolvimento que garanta a qualidade de vida hoje, mas que não destrua os
recursos necessários às gerações futuras.
Algumas de suas recomendações propunham a redução do uso de matérias-primas e
energia, uso de fontes de energia renováveis, limitação do crescimento
populacional, combate à fome, preservação dos ecossistemas, industrialização
ecologicamente equilibrada, satisfação de necessidades básicas para toda a
humanidade, modificação dos valores e padrões da sociedade de consumo e a
responsabilidade do Estado na implementação de políticas baseadas na justiça e
eqüidade social. A sua viabilização depende da inclusão de políticas ambientais
no processo de tomada de decisões econômicas.
O conceito de desenvolvimento sustentável, apoiado numa visão ética
indiscutível, comprometida em preservar a natureza para as gerações futuras,
tornou-se consensual em quase todo o mundo. No entanto, a sua viabilidade
prática ainda precisa ser avaliada, pois é difícil definir até que ponto a
exploração econômica é compatível com a manutenção de um ambiente saudável.
Desertificação
Causas e conseqüências do mal
uso do solo
Luiz
Carlos Parejo*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A desertificação é definida como um processo
de destruição do potencial produtivo da terra por meio da pressão exercida
pelas atividades humanas sobre ecossistemas frágeis, cuja capacidade de
regeneração é baixa.
A ONU classifica de desertificação apenas os danos nas áreas de ocorrência
localizadas nas regiões de clima semi-árido, árido e subúmido seco. Esse
processo provoca três tipos de impactos: ambientais, sociais e econômicos.
|
Áreas em destaque: as mais claras já são desertos,as mais
escuras apresentam maior risco de desertificação
|
O problema da desertificação passou a despertar o interesse da comunidade
científica há 80 anos, contudo somente nos últimos dez anos passou a ser
destacado como um sério problema ambiental, devido ao seu impacto social e
econômico, uma vez que o processo ocorre de forma mais acentuadas em áreas
correspondentes aos países subdesenvolvidos. Além disso, a perda de solo
agricutável vem aumentando significativamente, agravando ainda mais a situação
das economias desses países.
É importante ressaltar, porém, que o processo de desertificação ganhou
relevância a partir de um intenso processo de degradação do solo que ocorreu
nos Estados americanos de Oklahoma, Kansas, Novo México e Colorado, que levava
essas áreas a uma perda progressivas das condições de agricultura e a
desagregação do solo. Nessas áreas ocorre o clima semi-árido, portanto os
cientistas passam a classificar o problema como desertificação.
Semi-árido
Desde então os cientistas vêm acompanhando
esse fenômeno nas áreas onde ocorre o clima semi-árido em todo o mundo,
principalmente naquelas que apresentam secas periódicas, pois essas áreas se
tornam suscetíveis ao processo de desertificaçãoas pelas próprias
características físicas dos seus solos que são rasos, ácidos ou salgados, com
pouca vegetação.
Na década de 70, no Sahel, sul do Saara, na África,
ocorreu uma grande seca, que aliada à fragilização do solo, tornou inviável a
agricultura, matando de fome meio milhão de pessoas. Após essa catástrofe foi
realizada em Nairóbi, no Quênia, a
Conferência Internacional das Nações Unidas para o Combate à Desertificação.
Nessa conferência criou-se um programa de ação internacional visando
implementar ações para combater o processo de desertificação no mundo. Foi
elaborado o Plano de Ação de Combate à Desertificação - PACD, com objetivos, em
âmbito mundial. No entanto, já se realizaram avaliações do plano e concluiu-se
que seus resultados foram bastante modestos. Muitos países não se comprometeram
com o PACD e nada efetivamente fizeram para frear o processo em seus
territórios.
Agenda 21
A situação agravou-se, principalmente, nos
países subdesenvolvidos, e o debate continuou no meio científico e na ONU
durante toda a década de 1980. Em 1992, na ECO-92, realizada no Rio de Janeiro,
consolidou-se por fim um documento, a chamada Agenda 21, que em seu capítulo
12, trata do fenômeno da desertificação como sendo "a degradação da terra
nas regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas, resultantes de vários
fatores, entre eles, a variação climática e as atividades humanas". Por
degradação da terra, entende-se a degradação dos solos, dos recursos hídricos,
da vegetação e a redução da qualidade de vida das populações afetadas.
Causas da desertificação
De maneira geral, como causas da desertificação
podem ser apontadas:
· Sobreuso ou uso
inapropriado da terra (monoculturas comerciais como a cana-de-açúcar, soja,
trigo, no Brasil);
· Desmatamento;
· Utilização de técnicas
agropecuárias impróprias;
· Exploração descontrolada
de ecossistemas frágeis;
· Queimadas;
· Mineração;
· Uso excessivo de
agrotóxicos;
· Poluição;
· Secas;
Além dos fatores citados, causados pelo homem, há o fenômeno climático chamado
de El Niño, que colabora para o agravamento do processo de desertificação. Sobrecarrega
áreas semi-áridas com longas secas e posteriormente causa inundações com chuvas
intensas. Esse fator, porém, é controverso, pois muitos cientistas acreditam
que a desertificação acaba por interferir nas mudanças climáticas, como o
regime de chuvas.
Atualmente vários países apresentam sinais de desertificação em seus
territórios como o EUA, o sul do continente africano, Austrália e Brasil, por
exemplo.
Conseqüências da
desertificação
· Redução das áreas
cultivadas;
· Diminuição da
produtividade agropecuária das áreas afetadas;
· Redução dos recursos
hídricos;
· Aumento da poluição
hídrica;
· Aumento das cheias;
· Aumento de areia nas áreas
afetadas;
· Destruição da fauna e da flora;
Essas situações relacionam-se à questão ambiental, contudo devemos lembrar que
existem também os impactos de ordem social e econômica das áreas afetadas,
como:
· Migração descontrolada
para as áreas urbanas;
· Desagregação familiar
devido ao êxodo;
· Crescimento da pobreza;
· Aumento das doenças devido
à falta de água potável e subnutrição;
· Perda do potencial
agrícola;
· Perdas de receita econômica.
Contudo, é preciso ressaltar que o processo de desertificação pode ser
controlado, evitado, e até mesmo revertido, desde que haja o envolvimento dos
governos no auxílio técnico no manejo dessas áreas, em incentivos para a
preservação ambiental que não sobrecarreguem as áreas de risco. Nos locais onde
o processo de desertificação já se instalou é necessários investimentos na sua
contenção, porém o custo é da ordem de bilhões de dólares.
Desertificação no Brasil
Mau uso da terra agrava
fenômeno no país
Ronaldo
Decicino*
Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação
O Brasil é um dos países no mundo que sofrem
com a desertificação dentro de seu território. O fenômeno é causado pelo
desmatamento desenfreado e pelas práticas erradas de uso do solo para
atividades econômicas que extrapolam a capacidade de suporte e de
sustentabilidade de uma área.
No país, os efeitos da desertificação podem ser mais visíveis nas ASDs (Áreas
Suscetíveis à Desertificação) localizadas no Nordeste e em uma pequena área do
Sudeste. Atualmente mais de 1.480 municípios dos nove Estados que compõem o
Nordeste já são atingidos por este fenômeno segundo o Ministério do Meio
Ambiente. E não é somente nesta região que o fenômeno ocorre, já que algumas
cidades do norte de Minas e do Espírito Santo também são atingidas.
Dentre essas áreas há outras em que a situação é mais grave. São os chamados
núcleos de desertificação, onde o processo está bem mais avançado, como Seridó
(RN), Irauçuba (CE), Gilbués (PI) e Cabrobó (PE). Em alguns Estados do
Nordeste, o modelo de produção baseado em intenso desmatamento, provocou
mudanças climáticas que evoluíram para um tipo de desertificação somente visto
no continente africano. O problema avança também para os entornos das regiões
semi-áridas e subúmidas secas.
Problema aumenta
A
área total de desertificação brasileira aumentou de cerca de 900 mil km2 (2003)
para mais de 1,30 milhão de km2 em 2007, o que equivale a 15,7% do território
nacional. Segundo informações do Programa de Combate à Desertificação do
Ministério do Meio Ambiente, se essa situação continuar, as regiões semi-áridas
do Brasil podem se transformar em áridas ou semi-desertos, num prazo de 60
anos. Assim como as subúmidas secas se transformarão em semi-áridas e serão as
áreas que mais sofrerão os impactos do aquecimento global no Brasil.
No Brasil temos a também a presença de grandes espaços aparentemente sem sinal
de vida ou água, mas que não se enquadram na categoria de deserto, embora sejam
denominados como áreas de atenção especial. São os chamados areais ou regiões
de arenização, que aparecem no Rio Grande do Sul e na região Centro-Oeste, área
conhecida geologicamente como formação Botucatu - um solo pobre, com muita
areia em sua composição. Embora um fenômeno já bastante antigo nessa área, foi
agravado pelo uso inadequado do solo.
Atualmente, vêm sendo desenvolvidos estudos e ações que estão ajudando a mudar
a realidade das regiões atingidas pelo problema. Mas sociedade e dirigentes
ainda não se perguntaram o quanto e o que é efetivamente necessário para
garantir o suprimento de alimentos, tendo em vista evitar os crescentes
desastres causados ao meio ambiente e a necessidade de garantir uma população
longe da miséria e da fome.
Desigualdade social
Concentração de renda no
Brasil é histórica
Ronaldo
Decicino*
Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação
Favelas são um símbolo das desigualdades sociais do Brasil
|
Ao longo da história, o Brasil vem
perdendo a oportunidade de construir um desenvolvimento integral que
proporcione um salto na qualidade de vida de seu povo. Essa situação cria
contrastes e produz disparidades internas e externas. O Brasil econômico se
distancia do Brasil social e isso faz do nosso país um líder em desigualdades
sociais.
De um lado há o Brasil que deu certo. Aquele em que as pessoas possuem tudo o
que o dinheiro pode comprar. Têm acesso ao que há de melhor em termos de
educação, alimentação, lazer, moradia etc. De outro lado há o país dos
miseráveis, dos que passam fome. Dos que não têm acesso ao mercado de trabalho,
à educação, à saúde, à habitação, à terra. É o país que não deu certo.
Parecem dois mundos distintos, dois países diferentes, e o primeiro faz de
conta que o outro não existe.
Pobres mais pobres
Indicadores nacionais e internacionais atestam
as disparidades. O Brasil subiu uma posição no ranking das maiores economias do
mundo em 2006, de acordo com levantamento divulgado em 17 de junho de 2007 pelo
Banco Mundial (Bird), e chegou à 14ª posição. A lista foi elaborada com base no
Produto Interno Bruto (PIB) - soma de todas as riquezas produzidas em um ano -
de cada país, convertido em
dólares. No entanto, esse mesmo Brasil é também um dos países
onde mais ocorre a concentração de renda. O resultado disso é que os pobres
estão cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos.
Com essa realidade, o país acaba em condição semelhante à dos países mais
pobres do mundo, onde a disparidade entre ricos e pobres é marcada exatamente
pela injustiça social e pelo abuso dos governantes. A concentração de riqueza
no Brasil é tão cruel que agrada os ricos e ao mesmo tempo esmaga os pobres,
tanto em períodos de expansão como de retração econômica.
Desemprego e desigualdade
Tenta-se justificar essa política de
concentração comparando-a com a receita de um bolo, segundo a qual é preciso
primeiro fazer o bolo crescer para depois distribuí-lo. No entanto, o que
ocorre é que a distância entre pobres e ricos aumenta cada vez mais.
Como exemplo dessa situação de disparidades, basta ver como muitos
trabalhadores passaram da economia formal para o mercado informal e como
aumenta o desamparo social, o trabalho precário e o desemprego. Exemplos não
faltam.
O aumento do desemprego e a contenção de salários têm sido os mais eficientes
alimentadores das desigualdades dos dois "Brasis". Se por um lado
existe o Brasil que ostenta primeiros lugares em indicadores econômicos, por
outro o país desponta com suas mazelas sociais: milhões de brasileiros passam
fome e o salário mínimo é um dos mais baixos do mundo.
Educação e desenvolvimento
O desenvolvimento de um país está diretamente
relacionado com seu investimento em educação. Nesse aspecto, o Brasil está entre os
países com maior número de analfabetos, além de contar com milhões de crianças
entre sete e 14 anos fora da escola e sem grandes perspectivas de que terão
alguma escolaridade até a idade adulta.
A situação econômica interfere negativamente na escolaridade e na qualidade de
ensino. Muitas crianças matriculadas na primeira série do ensino fundamental
abandonam a escola antes do final do ano. Outras deixam a escola para trabalhar
e complementar a renda familiar.
Enfrentar disparidades
O país que ocupa lugar de destaque na produção
mundial de grãos, cereais, açúcar, café, laranja, rebanho bovino, entre outros,
ao mesmo tempo apresenta índice alarmante de mortalidade infantil. Milhares de
crianças morrem de fome todos os anos nesse país de belos indicadores
econômicos.
Esses fatos mostram o quanto o Brasil econômico caminha distante do Brasil
social. Enfrentar as disparidades e acabar com as desigualdades são desafios
antigos que precisam ser vencidos. A desconcentração de renda pode se tornar um
elemento dinamizador da economia e, conseqüentemente, a esperança de um futuro
melhor para muitos brasileiros. Afinal, quanto maior a distância entre as
classes sociais, maior a pobreza geral da sociedade.
Desmatamento
Depois da mata Atlântica, a
Amazônia
Ronaldo
Decicino*
Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação
Queimadas são utilizadas para áreas férteis da floresta
darem lugar à agricultura ou pecuária
|
O desmatamento
é uma das intervenções humanas que mais prejudicam a sustentabilidade
ambiental do planeta. Seus impactos podem causar sérios danos ao clima, à
biodiversidade e às pessoas. Pode-se dizer que o desmatamento nas florestas
brasileiras começou com a chegada dos portugueses ao nosso país, em 1500.
Interessados no lucro do comércio de
pau-brasil, os europeus iniciaram a exploração da mata Atlântica,
que cobria 15% do que atualmente é o território nacional, espalhando-se por
aproximadamente 1,3 milhão de km2 na área litorânea do Brasil - do
Rio Grande do Norte ao litoral de Santa Catarina.
No entanto, a destruição em larga escala da Mata Atlântica iniciou-se na
segunda metade do século 19, quando o espaço passou a ser ocupado pela lavoura
de café. Atualmente, existem apenas 7% de sua cobertura original. Apesar de
sofrer ainda devastação em diversos pontos, a Mata Atlântica é o bioma
brasileiro mais bem protegido pela legislação.
Floresta Amazônica
O desmatamento
em nosso país tem sido constante. Depois da Mata Atlântica, chegou a vez de a floresta Amazônica.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), baseados em
levantamentos por satélite, indicam que a Amazônia perdeu, até 2007, cerca de
700 mil km2 de floresta (18% da região).
A Amazônia ocupa uma área que se estende do oceano Atlântico às encostas orientais
da Cordilheira dos Andes. Cobre mais de 6,5 milhões de km2 na parte
norte da América do Sul, passando por nove países: Brasil, Venezuela, Colômbia,
Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. 69% dessa área
pertencem ao Brasil.
Em nosso país, esse bioma abrange os Estados do Pará, Amazonas, Acre, Amapá,
Rondônia e Roraima, bem como parte do Estados do Mato Grosso, Tocantins e
Maranhão, totalizando aproximadamente 5.217.423 km2 - a chamada
"Amazônia Legal". É comum as pessoas confundirem o desmatamento na Amazônia, com o que
acontece no Estado do Amazonas, e isso limita a compreensão do verdadeiro
problema.
Desmatamento
O processo de desmatamento, normalmente, se inicia com a abertura
oficial ou clandestina de estradas que permitem a expansão humana e a ocupação
irregular de terras, visando à exploração predatória de madeiras nobres. Existe
uma relação direta entre a economia e o aumento da taxa de desmatamento.
Na Amazônia, essa taxa é crescente em função de uma dinâmica voltada para atender
demandas do mercado externo. Isso impulsiona atividades econômicas como a
extração de madeira, a pecuária e, mais recentemente, a agroindústria.
A Floresta Amazônica está sendo devastada como se não houvesse o risco de
acabar. Calcula-se que aproximadamente 20.000 km2 são desmatados
anualmente em toda região amazônica. Se esse ritmo continuar, vai se chegar a
ponto em que não haverá mais volta: a maior floresta tropical do planeta será
substituída por uma vegetação típica do cerrado em menos de 50 anos. Alterações
significativas devem começar a ocorrer quando a perda da cobertura vegetal
chegar a 20%, um índice que está muito próximo de ser atingido.
Queimadas e pastagens
Técnica comum utilizada na agropecuária, as
queimadas costumam ser utilizadas para que áreas férteis da floresta cedam
lugar à agricultura ou à criação de gado. O fogo, utilizado para queimar a mata
e dar lugar às lavouras e aos pastos, leva consigo árvores centenárias e
destrói o habitat de inúmeras espécies animais e vegetais, consumindo a pouca
riqueza natural do solo.
A soja avança sobre pastos antigos e capitaliza pecuaristas que abrem cada vez
mais novas áreas na mata. Até 2004, só no Brasil, cerca de 1,2 milhão de
hectares de florestas foi convertido em plantações de soja. Cerca de 12% da
Amazônia virou pasto. Os agricultores costumam desmatar a floresta para plantar
capim (visando a criação de gado) ou desenvolver cultivos agrícolas.
A curto prazo (de um a três anos, no máximo) tem-se a impressão de que a
agricultura e a pecuária são lucrativas. Mas, depois de alguns anos, o solo se
esgota e a terra torna-se cada vez menos produtiva.
As facilidades de créditos oferecidas por bancos da região para o setor da
pecuária e para o fortalecimento da agricultura contribuíram ainda mais para o
desmatamento nos últimos tempos. As inúmeras clareiras abertas na floresta
expõem o solo à erosão e impedem a realização de mecanismos próprios para a
recuperação do ecossistema original.
Madeireiras e estradas
Atualmente,
há mais de 3 mil empresas cortando árvores na Amazônia - a geração de empregos
criados pelas madeireiras só perde para atividades como a agricultura e a
pesca. A soma da área de madeireiras estrangeiras instaladas na Amazônia
totaliza uma área maior que a Bélgica.
Para cada unidade retirada, os madeireiros danificam pelo menos outras 15
árvores, pois ao cair, um único tronco leva consigo outras cinco ou seis,
presos a ele por cipó, além de avariar outros tantos que estiverem em seu
caminho. Desde 2003 foram apreendidos mais de 700 mil m3 de madeira
em tora provenientes da extração ilegal.
Com o crescimento econômico causado por atividades como pecuária e extração de
madeiras, ocorre também o aumento da população da região Norte, que, aliado às
ações ilegais de madeireiros e às pressões urbanas, causam grande impacto
ecológico. A colonização se dá ao longo das estradas clandestinas. Mais de 80%
das queimadas acontecem perto das rodovias.
O tamanho das áreas de desmatamento está de certa forma ligado diretamente à
distância das estradas, uma vez que a instalação de novos grupos geralmente
ocorre próximo às estradas antigas e novas, abertas na floresta.
Em nenhum lugar do mundo tantas árvores são derrubadas como na Amazônia,
segundo dados da ONU. No Brasil, a derrubada de árvores é 30% maior que na
Indonésia, a segunda colocada em devastação ambiental. Para cuidar de toda área
da Amazônia Legal, o Ibama conta com 257 fiscais, ou seja, um funcionário para
cada 18.500 km2.
Desperdício
Alimento jogado fora põe em
risco o ambiente
Jurema
Aprile*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Lixão na cidade de Barretos (SP)
|
Os supermercados no Brasil jogam
fora 13 milhões de toneladas de alimentos por ano. Nas feiras livres de São
Paulo, mais de mil toneladas vão para o lixo todos os
dias. Um quarto de toda produção nacional de frutas, verduras e legumes, não é
aproveitada, segundo o programa Mesa São Paulo.
Só na Ceagesp (Central de Abastecimento para o Estado de São Paulo),
100 toneladas diárias de alimentos vão para o lixo - e dessas, entre 30% e 50%
ainda são próprias para consumo, de acordo com a entidade.
Isso significa que entre 30 e 50 toneladas por dia de comida que poderiam
alimentar a população carente são jogadas fora.
Comida no lixo
Dados
da ONU (Organização das Nações Unidas) mostram que o Brasil desperdiça 1,4% do
Produto Interno Bruto (a soma de toda a riqueza o que o país produz em um ano).
São cerca de R$ 17 bilhões jogados no lixo, quantia que pagaria a alimentação
de 35 milhões de brasileiros, segundo cálculo da Secretaria de Abastecimento e
Agricultura do Estado de São Paulo.
Os Estados Unidos, embora sejam os criadores dos bancos de alimentos que
recebem doações de sobras e alimentos desperdiçados, jogam no lixo 18 mil
toneladas de comida todos os dias.
Aterros e lixões
A enorme quantidade de lixo se deve ao aumento do poder aquisitivo e ao perfil
de consumo de uma população. Além disso, quanto mais produtos industrializados
existirem, mais lixo é produzido, como embalagens, garrafas etc.
Em torno de 88% do lixo doméstico brasileiro vai para o aterro sanitário. O
resto, é depositado sem tratamento, em lixões. Nesses
locais, há pessoas que vivem de catar o lixo - e boa parte delas são crianças.
Por lidar com restos de comida, cacos de vidro, ferros retorcidos, plásticos
pontiagudos e despejos com resíduos químicos, essas crianças sofrem de
diarréias, tétano, febre tifóide, tuberculose, doenças gástricas e
leptospirose.
Dano ambiental
Em lixões ou em aterros, o lixo sofre um processo de fermentação que gera dois
produtos: o chorume e o gás metano. O chorume é o líquido resultante da
decomposição de material orgânico - que também forma o gás metano.
Só em 2004, foram gastos R$10 milhões no município de São Paulo para controlar
os riscos que esses materiais podem trazer ao ambiente e à população. Eles
envenenam o solo e os lençóis freáticos e podem contaminar as regiões em torno
dos depósitos de lixo. Mesmo os aterros desativados há anos continuam a gerar
esses dois produtos, envenenando o ambiente.
O campeão no descarte
Qual é o material que se joga no lixo em maior quantidade? Antes de responder
plástico, olhe em volta, no trabalho, nas escolas, nas ruas, em casa, nas
lojas. O que mais se vê, além de plástico?
Cartazes, avisos, envelopes, boletos, caixas, cartões, lenços, toalhas,
cadernos, agendas, livros, jornais, revistas, impressos, embalagens - tudo de
papel. O papel é o material que mais jogamos fora. Em cada 100 kg de lixo, 39 kg são de papel.
Enquanto na União Européia e nos Estados Unidos cerca de 40% do lixo urbano é
reciclado, no Brasil apenas 2% passam pelo processo de reciclagem. Isso
acontece porque reciclar é 15 vezes mais caro do que jogar o lixo em aterros.
Pesticidas também oferecem risco
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO), os países latino-americanos enfrentam um risco causado por milhares de
toneladas de lixo tóxico proveniente de pesticidas obsoletos, ou que nunca
foram usados, que se encontram espalhados por toda a região.
Estoques desses materiais perigosíssimos para a saúde e o meio ambiente podem
chegar a 30 ou 50 mil toneladas. Para prevenir um desastre no futuro, a FAO
começou a montar em nove países da América do Sul programas de treinamento de
pessoal para a destruição desse tipo de lixo.
Divisão Internacional do Trabalho
Os países e a economia
mundial
Ronaldo
Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A divisão de atividades e serviços entre os
inúmeros países do mundo recebe o nome de Divisão Internacional do Trabalho (DIT).
Há países que são exportadores de matéria-prima e de mão-de-obra barata.
Caracterizados por uma industrialização tardia, eles têm, quase sempre,
economias frágeis e sofrem grande número de crises econômicas. E há países de
economia mais forte, industrializados, cujas crises econômicas ocorrem de
maneira esporádica.
Os países de economia frágil necessitam receber investimentos dos países mais
ricos. Então, para atrair esses investimentos e melhorar suas economias
fragilizadas, oferecem amplas isenções de impostos, leis ambientais frágeis,
entre outras facilidades.
Ao longo do tempo, diferentes combinações das atividades produtivas entre os
países implicaram em diversas formas de Divisão Internacional do Trabalho. A
DIT expressa, portanto, essas diferentes fases da evolução histórica do capitalismo:
começando pela relação entre metrópoles e colônias - e chegando às relações em
que países desenvolvidos se agregam a países subdesenvolvidos ou não
industrializados.
Origem da Divisão
Internacional do Trabalho
No final do século 15, o ciclo de reprodução
do capital estava assentado, principalmente, na circulação e na distribuição de
mercadorias entre metrópoles e colônias. As regiões do mundo passaram a
desenvolver funções diferenciadas, uma vez que cada uma se especializou em
fornecer produtos manufaturados, matérias-primas, metais preciosos, etc.
Os diferentes papéis assumidos pelos países inauguraram a divisão internacional
do trabalho, inicialmente caracterizada pela exportação de manufaturas pelas
metrópoles e pela produção de matérias-primas pelas colônias.
A necessidade européia de expandir seu capital
mercantil resultou na conquista de novas terras. A partir desse
momento, várias partes do mundo foram submetidas a uma dinâmica de produção e
circulação comandada pelos europeus. Ou seja, a Europa impunha funções
econômicas a vários outros países. Foi o início de um domínio que se estende
até os nossos dias.
Primeira Divisão
Internacional do Trabalho
Com a consolidação do sistema capitalista no
século 18, ocorreu uma intensa transformação no processo produtivo, a Revolução
Industrial. Nesse período, a Divisão Internacional do Trabalho sofre
modificações, causadas pelo surgimento de um novo modelo de produção, no qual
as fábricas tomam o lugar da produção artesanal. Essa nova fase irá se estender
da Revolução Industrial até a Segunda Guerra
Mundial.
Com a primeira Revolução Industrial (1780-1820), a Inglaterra surgiu como o
país da industrialização, transformando-se na grande oficina do mundo ao longo
do século 19. A
combinação entre seu poder militar e as formas superiores de produção
industrial colocou a Inglaterra em uma posição de hegemonia na economia
mundial, assumindo o centro do capitalismo mundial.
Nesse momento, o mundo está dividido em países que se especializaram em
fornecer matérias-primas e países que, utilizando essas matérias-primas,
fornecem produtos industrializados. De forma geral, os primeiros ficaram
atrelados ao subdesenvolvimento - e os demais, especializados em produzir
produtos de maior valor, desenvolveram-se e tornaram-se líderes do sistema
capitalista.
Segunda Divisão Internacional
do Trabalho
A partir do início do século 20, a Inglaterra passou a
registrar sinais de fragilidade na sua condição de potência hegemônica,
agravada por duas guerras mundiais e também pela crise
de 1929. Depois da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos assumem,
então, a posição de nação hegemônica.
Essa nova fase do desenvolvimento do capitalismo ficou conhecida como capitalismo
financeiro - e causou novas modificações na Divisão Internacional do
Trabalho. Nessa época, os países subdesenvolvidos começaram a ser financiados
pelos países detentores de capital, e muitas empresas passaram a instalar
filiais em diferentes nações do mundo, o que acabou transformando muitos países
subdesenvolvidos - que eram apenas produtores primários - em exportadores de
produtos industrializados, alterando as relações comerciais que predominavam no
mundo.
Outro fato a ser destacado é que o modelo de produção começou a ser
substituído, uma vez que o fordismo
não dava mais conta da demanda e não atendia mais às exigências do mercado
internacional.
Terceira Divisão
Internacional do Trabalho
Superada
a destruição provocada pela Segunda Guerra Mundial, a economia mundial voltou a
crescer num ritmo mais acelerado do que antes. As empresas dos países
industrializados assumiram proporções gigantescas, tornaram-se grandes
conglomerados e se expandiram cada vez mais pelo mundo, encarregando-se de
globalizar não apenas a produção, mas também o consumo.
Assim, desde a década de 1970 assiste-se uma modificação substancial na Divisão
Internacional do Trabalho, ocasionada por dois vetores principais: o processo
de reestruturação empresarial, acompanhado da uma nova Revolução
Tecnológica, e a expansão de investimentos de grandes empresas no exterior.
Gradativamente, grandes empresas construíram filiais em vários países
(inclusive subdesenvolvidos e recém-independentes, na Ásia e na África). Esse
processo, intensificado pela globalização,
transformou muitos países subdesenvolvidos - que, no passado, eram meros
produtores primários - em exportadores de produtos industrializados, alterando
as relações comerciais que predominavam no mundo.
Essas empresas tornaram-se, assim, multinacionais ou transnacionais. É o que
explica, fundamentalmente, o fato de alguns países subdesenvolvidos terem se
industrializado nesse período. No entanto, esse processo de industrialização é
desigual, uma vez que os tipos de indústria e tecnologia empregados não são os
mesmos das matrizes.
Cada vez mais indústrias poluidoras tendem a se instalar nos países
subdesenvolvidos, pois elas consomem grandes quantidades de matéria-prima e de
energia, além de necessitarem de muita mão-de-obra. Em outras palavras, as
empresas transnacionais têm buscado seus próprios interesses, sem considerar as
conseqüências sociais, econômicas e ambientais que ocorrem nos países onde suas
filiais estão instaladas.
Doutrina Bush
Guerra contra o terrorismo e
o "eixo do mal"
Cláudio
Mendonça*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O presidente George W. Bush
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Em 11 de
setembro de 2001, dois aviões foram lançados com tripulação, seus passageiros e
terroristas suicidas sobre as duas torres do World Trade Center, em Nova York. Essa
foi a parte mais "espetacular" de uma seqüência de atentados: o
Pentágono foi atingido por outro avião, enquanto mais um caiu próximo à cidade de
Pittsburg, antes de atingir o alvo - provavelmente a Casa Branca em Washington. De
fato, tudo parecia um grande espetáculo, com cenas ao vivo, mostrada pelas TVs
de todo o mundo.
A organização
terrorista Al Qaeda foi responsabilizada pelo ataque aos Estados Unidos.
A base da Al Qaeda estava sediada no Afeganistão,
onde se encontrava o seu principal líder, o milionário de origem saudita Osama
Bin Laden. O Afeganistão, controlado pelo grupo islâmico radical Talebã, se
recusou a entregar Osama Bin Laden e a destruir a base da organização
terrorista. Em 7 de outubro de 2001, tropas anglo-americanas atacaram o
Afeganistão com o apoio do grupo afegão anti-talebã, Aliança do Norte. A
derrota do regime Talebã foi seguida da ocupação do país por tropas
anglo-americanas e a instalação no poder de um governo pró-Estados Unidos.
Os
Estados Unidos utilizaram os atentados de 11 de setembro como justificativa a
uma "cruzada mundial contra o terror" em defesa da "paz
mundial" e da sua segurança interna. O terrorismo, os governos que lhe dão
apoio e abrigo e os países que desenvolvem armas de destruição em massa e que
contestam o poder norte-americano, foram colocados como os principais alvos da
nova doutrina de segurança nacional. Passaram a ser classificados em um
agrupamento denominado "Eixo do Mal". Num primeiro momento, de forma
declarada, constavam neste grupo o Iraque, o Irã e a Coréia do Norte,
já que o Afeganistão já havia sido ocupado pelas tropas norte-americanas.
O “Eixo do Mal”
A expressão "Eixo do Mal" foi utilizada pelo presidente dos Estados
Unidos, George
W. Bush, em seu discurso anual no Congresso norte-americano em 2002, para
se referir a três países (“Estados vilões”) que constituíam uma grave ameaça
ao mundo e à segurança dos Estados Unidos: Coréia do Norte, Irã e Iraque.
Estes países, segundo Bush, desenvolviam armas de destruição em massa ou patrocinavam
o terrorismo regional e mundial, ou faziam as duas coisas ao mesmo tempo.
Mais tarde os Estados Unidos incluíram também Cuba, Líbia e Síria a este
seleto grupo de países. A expressão eixo do mal é uma dupla referência
histórica: eixo lembra o eixo Berlim-Roma na Segunda Guerra Mundial
(nazifascismo) e mal retoma o termo império do mal, forma como o governo
Reagan se referia à União Soviética durante a Guerra Fria. Um eixo do mal
mantém latente a ameaça exterior e justifica a necessidade de manutenção de
um expressivo orçamento, do governo Bush, na defesa.
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A Doutrina Bush - a guerra
preventiva
Em
2002, o presidente George Bush divulgou o documento "A estratégia de
segurança nacional dos Estados Unidos", que ficou conhecido como
"Doutrina Bush". Este documento apresenta as estratégias
político-militares que passaram a ser adotadas pelo país em nome da defesa
nacional, frente às ameaças a que poderiam estar sujeitos o território e o povo
norte-americanos.
O documento
declara a intenção dos Estados Unidos em agir militarmente, por conta própria e
decisão unilateral em nome do direito de autodefesa, de maneira preventiva e
antecipada: atacar antes e perguntar depois. Dessa forma, os Estados Unidos, em
nome do anti-terrorismo e do combate de países considerados e avaliados como
ameaçadores aos seus interesses, justificaram as suas ações e procuraram
torná-las legítimas diante da opinião pública norte-americana e internacional.
A Doutrina
Bush determinou ainda o fortalecimento das alianças com outros Estados para
derrotar o terrorismo no mundo. Mas a arrogância da declaração norte-americana
deixou claro que, em nome da "paz e da segurança internacional", os
Estados Unidos não permitirão a ascensão de qualquer potência, a ponto de
rivalizar com o seu poder e a sua liderança militar, alcançada desde o fim da
Guerra Fria e da URSS. Ao afirmar a sua condição de superpotência militar
global, a Doutrina Bush aponta para o alargamento dos interesses econômicos
norte-americanos. Parte desses interesses está associada à garantia de controle
das principais fontes estratégicas de energia, com a intensificação de sua
influência no Oriente
Médio e na Ásia Central, regiões detentoras das maiores jazidas de petróleo
e gás natural do planeta.
Terrorismo e ataques
preventivos
A
guerra e a ocupação do Iraque, embora façam parte das ações pragmáticas da
Doutrina Bush de guerra preventiva, não foram apoiadas em provas de que este
país desenvolvesse armas de destruição em massa (justificativa para a sua
invasão) ou financiasse o terror. Depois dos Estados Unidos declararem a
vitória sobre o Iraque, de terem conseguido a prisão de Saddan Hussein e o
estabelecimento de um governo provisório, a situação do Iraque permaneceu
incontrolável.
Ao contrário
do que propõe a Doutrina Bush, os ataques terroristas, a insurreição de grupos
armados contra a ocupação estrangeira e os conflitos entre as principais etnias
ameaçam a estabilidade do país e apontam para uma perspectiva de total
descontrole da situação. Os norte-americanos usaram seu poderio militar para
favorecer suas empresas do setor petrolífero e da construção civil e ampliarem
sua influência no Oriente Médio.
A Doutrina
Bush mudou a direção das relações internacionais dos Estados Unidos,
substituindo os princípios da contenção da época da Guerra Fria - baseada na
persuasão e dissuasão - pelo de ataques preventivos. Consolidou o
unilateralismo como princípio norteador da nova política externa
norte-americana, indiferente aos tratados e instituições internacionais.