terça-feira, 25 de setembro de 2012

Da teoria à Prática



ATIVIDADE 3-2  Contextualizando a mudança da teoria à prática
Projeto: A Galinha Pintadinha 3


OBJETIVOS:

  • Proporcionar ao aluno interação com os recursos tecnológicos: internet e vídeo.
  • Descrever o cotidiano da Galinha Pintadinha, observando o vídeo do Youtube quantas vezes necessárias;
  • Conhecer músicas antigas, canções tradicionais brasileiras que colocam a família toda pra dançar, unindo gerações;
  • Elaboração do Diário de Bordo sobre a atividade descritiva.

PÚBLICO ALVO:

  • 6° ano do Ensino Fundamental.


METODOLOGIA:

  • Os alunos se dividiram em duplas, acessaram no Youtube o Vídeo da Galinha Pintadinha 3 e descreveram-no.

RECURSOS:
  • Computadores;
  • Sala de informática;
  • Internet.

AVALIAÇÃO:
  • Contínua;
  • Participativa;
  • Diagnóstica;
  • Escrita.
Admilson Daniel Luz
Fabíola Renata Tavares Luz

domingo, 23 de setembro de 2012

PROVAVEL MUDANÇAS DO EIXO DA TERRA
TÉCTONICAS DE PLACAS
ESTRUTURA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO
MAPAS DO BRASIL
ANTONIO CARLOS ROBERT DE MORAES
A ORIGEM DO UNIVERSO
A TEORIA DA TERRA BIG BANG

GEO-GERAL









Europa
Países e mapas
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
A Europa é o berço da civilização ocidental. É impossível falar da sociedade humana sem fazer referência a ela. Palco de grandes acontecimentos, o continente europeu passou por grandes transformações. O atual mapa político do continente começou a se formar em 1990, com a unificação da Alemanha, e teve sua última alteração em maio de 2006 com a independência de Montenegro.
Clique no país ou no nome do país para saber mais sobre ele. Veja também mais sobre o relevo, vegetação e hidrografia da Europa.
Europa

Relevo, clima, vegetação e população

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
No sentido estritamente geológio e geográfico, a Europa é uma grande península, a parte ocidental da Eurásia ou continente eurasiano. Por motivos culturais, considera-se a Europa como um região continental. Trata-se de um continente pequeno, cuja superfície é de 10.400.000 Km2 (apenas cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados a mais que o território brasileiro).

Por outro lado, ela conta com cerca de 800 milhões de habitantes, sendo o terceiro continente mais populoso, após a Ásia e a África. A história e a cultura européia influenciaram indiscutivelmente o mundo inteiro. A posição central da Europa em relação aos outros continentes e penetração marítima sempre favoreceram a comunicação entre as populações das diversas regiões e as migrações para outras áreas do mundo.

Os mares constituem os maiores limites naturais da Europa. Ao Norte, ela é delimitada pelo oceano glacial Ártico; a Oeste, pelo oceano Atlântico, ao Sul, pelo mar Mediterrâneo e o mar Negro; a Leste, pelo mar Cáspio e ainda pela cadeia montanhosa dos Urais e pelo rio Ural.

Relevo

A Europa é composta de um conjunto de penínsulas unidas. As maiores delas são a "terra firme" e a Escandinávia, no norte, divididas pelo mar Báltico. Três penínsulas menores (Ibérica, Itálica e Balcânica) despontam da margem sul do território no Mediterrâneo, separando o continente da África. No Leste, a terra firme se estende até os limites do continente com a Ásia, nos Urais.

Os relevos europeus mostram grandes desníveis em áreas relativamente pequenas. Alternam-se extensas planícies (Europa báltica, Europa Central), maciços pré-cambrianos (Escandinávia, Escócia) ou paleozóicos (Maciço Central, Vosges, maciço Xistoso-Renaro, Meseta Ibérica) e elevadas cadeias terciárias (Alpes, Pireneus, Cárpatos, Cáucaso). As diferenças geográficas explicam a separação das nações européias ao longo da história.

Hidrografia

A Europa possui três regiões hidrográficas: a dos rios atlânticos, como Minho (Espanha e Portugal), Sena (França), Mosa (França, Bélgica e Países Baixos) e Tâmisa (Inglaterra), que são coletores de planície e apresentam caudal regular durante todo o ano; a dos rios de planície, como Vístula (Polônia), Dniepre (Rússia, Belarus e Ucrânia), Dniester (Ucrânia e Moldávia), Don (Rússia) e Volga (Rússia), que apresentam longos trechos navegáveis e que congelam no inverno; e a dos rios mediterrâneos, como Ebro (Espanha), Garona (Espanha e França), Ródano (Suíça e França) e Pó (Itália), que possuem curso muito irregular e estão sujeitos a longas estiagens no verão. Os regimes do Danúbio (Alemanha, Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia, Bulgária, Romênia, Moldávia e Ucrânia.) e do Reno (a Suíça, a Áustria, o Liechtenstein, a Alemanha, a França e os Países Baixos) variam conforme a região que atravessam.

Clima

O continente apresenta grande variedade climática devido à configuração topográfica, que permite a penetração da influência moderadora do oceano Atlântico. Há três tipos de clima: o oceânico, o continental e o mediterrâneo. O primeiro se estende pela faixa ocidental, da Noruega a Portugal. O clima continental predomina na Polônia, no leste da Alemanha, nas regiões banhadas pelo Danúbio, na Suécia, na Finlândia, nos países bálticos e nas regiões européias da Rússia. O clima mediterrâneo cobre uma grande extensão do continente em virtude do longo corredor formado pelo mar Mediterrâneo, que atrai as massas de ar atlânticas no outono e no inverno. Abrange sobretudo o sul da França, a Espanha, a Itália e a Grécia.

Flora e fauna

Há cinco regiões botânicas. A tundra aparece nas áreas mais ao Norte do continente (Escandinávia, Islândia, Rússia). A faixa situada ao sul dessa área é coberta pelo bosque boreal de coníferas (pinheiros, abetos e lariços). O bosque temperado se estende ao longo da costa atlântica (faias, carvalhos, tílias) e limita-se, a leste, com a estepe, cuja vegetação gramínea se prolonga da Hungria à Ucrânia. Ao sul do bosque temperado, prevalece a vegetação mediterrânea (pinheiros, azinheiras e sobreiros).

A ação humana reduziu o número e o hábitat das espécies selvagens européias. Na zona mais setentrional vivem animais de peles finas, como a rena e a foca. Nos bosques temperados habitam o urso pardo, a raposa, o lince e a lontra, e, na área mediterrânea, lebres, javalis, perdizes e faisões. A montanha apresenta uma fauna peculiar, com animais como o alce e o cabrito montês.

Composição étnica

A Europa é o continente de maior densidade populacional do mundo e de mais equilibrada distribuição demográfica. Os povos europeus são em sua maioria caucasóides (brancos), com exceção dos lapões, búlgaros, turcos, magiares e finlandeses, de origem mongolóide.

Línguas

A maioria das línguas européias procede do tronco indo-europeu. Os grupos mais importantes são: o neolatino ou românico (francês, italiano, espanhol, português, provençal, sardo, reto-romeno,


Estados Unidos
Bandeiras e mapas dos Estados
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Os Estados Unidos compreendem grande parte da América do Norte, limita-se a norte com o Canadá, a leste com o oceano Atlântico, a sul com o golfo do México e com o próprio México, e a oeste com o oceano Pacífico.
Os Estados Unidos da América originaram-se de 13 colônias britânicas estabelecidas na costa atlântica da América do Norte no século 17. Em 1776, houve a independência dos Estados Unidos, que pôs fim à colonização. Os Estados Unidos da América são o 4º maior país do mundo, e o 3º mais populoso. São uma República Federal democrática e presidencialista, formada por 50 Estados, mais o Distrito de Columbia. Cada Estado, por sua vez, está dividido em condados (com exceção da Luisiana, em que as subdivisões se chamam "paróquias", parishes, em inglês).
Os Estados Unidos possuem vários territórios e possessões insulares ultramarinas. A maior delas é a ilha de Porto Rico. Outros territórios ultramarinos de importância incluem a Samoa Americana, Guam, ilhas Marianas do Norte e as ilhas Virgens Americanas. A marinha norte-americana têm ocupado uma base militar na baía de Guantânamo, em Cuba, desde 1898. A Constituição americana foi adotada por uma convenção dos 13 Estados fundadores em 17 de setembro de 1787, e ratificada subseqüentemente por diversos Estados.
Clique no mapa abaixo para ver informações sobre cada um dos 50 Estados norte-americanos.

Nome no idioma oficial: Em inglês, United States of America (USA ou US; abreviatura em português: EUA)
Bandeira dos Estados Unidos:

Área total: 9.631.418 km2
População: 295.734.134 (estimativa para julho/ 2005)
Independência: 4 de Julho de 1776
Moeda: Dólar americano(US$ / USD)



Espaço agrário nos EUA

Conheça os grandes "belts"

Ângelo Tiago de Miranda*
Especial para a página 3 Pedagogia & Comunicação
A agricultura dos Estados Unidos, uma das mais modernas e produtivas do mundo tanto em área quanto em volume de produção, organiza-se em grandes faixas, zonas ou cinturões agrícolas denominados belts, formados conforme as particularidades históricas de povoamento, as condições climáticas e os tipos de solos.

Os belts são especializados no cultivo de determinados produtos, como trigo, milho, algodão, frutas, culturas tropicais. Merecem ainda destaque as produções de soja, tabaco, laranja e gado bovino.

É importante ressaltar que esses cinturões não constituem áreas monocultoras, pois, além do cultivo principal, existem também cultivos secundários.

De modo geral, podemos apontar três grandes zoneamentos agrícolas: os Green belts do Nordeste, o Central belt e o Oeste.

Os Green belts do Nordeste

A região abriga uma grande população, calculada em mais de 100 milhões de pessoas. Para atender a toda essa população, a agricultura é responsável por produzir hortifrutigranjeiros (hortas, granjas e pomares) nos Green belts ("cinturões verdes"), compostos de pequenas propriedades localizadas no entorno das áreas urbanas.

Saliente-se que os Green belts não se limitam à região Nordeste, mas também são encontrados no entorno de outras grandes cidades norte-americanas, principalmente as localizadas na costa oeste, como São Francisco e Los Angeles.

Na região Nordeste, também se destaca um espaço agrícola regional que recebe o nome de Dairy belt ("cinturão de leiterias"), onde ocorre a criação intensiva de gado leiteiro, sendo considerada a maior indústria de laticínios do mundo.

Central belt

Corresponde à Planície Central, localizada entre os Apalaches e as Montanhas Rochosas.

Essa região é ocupada por enormes propriedades monocultoras, que se agrupam em três principais cinturões:

1. Wheat belt, especializado no cultivo do trigo, que ocorre ao norte, plantando-se na primavera e colhendo-se antes das nevascas, e mais ao sul, onde é plantado no inverno;

2. Corn belt, especializado no cultivo do milho; e

3. Cotton belt, especializado no cultivo do algodão, ocorrendo tradicionalmente no sul, por ser uma região mais quente; mas, nos últimos anos, sua produção tem-se elevado muito na Califórnia.

Vale ressaltar que mais da metade da produção de cada um desses produtos (trigo, milho e algodão) se concentra em apenas cinco estados.

A produção desses belts é intensiva, comandada pela agroindústria. Assim, comumente são utilizados, em grandes proporções, insumos agrícolas industrializados, como rações, sementes geneticamente modificadas, fertilizantes, inseticidas, entre outros.

Uma grande parcela da produção é direcionada para as múltiplas e diferentes indústrias que beneficiam e transformam os produtos agropecuários em mercadorias a serem utilizadas pelos consumidores.

Esse comando do setor industrial sobre o setor agropecuário, característico da agroindústria, alcançou nessa ampla região um alto nível de desenvolvimento, o que assegura aos Estados Unidos alguns dos maiores índices de produtividade agrícola do mundo.

Nas últimas décadas, os belts têm apresentado uma diversificação de sua produção agrícola. No Cotton belt, atualmente há, ao lado da cultura do algodão, a pecuária, a avicultura e cereais diversos. No Corn belt, o milho está cada vez mais associado à beterraba e também à soja. Já no Wheat belt, região em que somente se plantava o trigo de inverno, foram introduzidas culturas de milho e sorgo.

Oeste

Nessa região há dois sistemas muito distintos:

1. Ranching belt - Nesse cinturão estão as maiores propriedades rurais do país, dedicadas principalmente à pecuária bovina de corte e ovina (ovelhas, carneiros, cordeiros). Localizam-se nos planaltos de Colúmbia e Colorado, áreas de clima predominantemente árido e semi-árido (com invernos frios e verões amenos).

A produção nas propriedades é, em geral, extensiva e de baixa produtividade. Porém, já são comuns propriedades com produções intensivas de gado de corte. Vale ressaltar que os Estados Unidos possuem o quarto maior rebanho bovino do mundo, com cerca de 100 milhões de animais, superado apenas por Índia, Brasil e China.

2. Dry-farming - São fazendas típicas do sul da Califórnia, área bastante árida, onde se desenvolve uma fruticultura de excepcional qualidade, devido a uma técnica de arar criada no século 19 e empregada até hoje: grandes e poderosos tratores, que revolvem a terra profundamente, trazem para a superfície os solos mais úmidos e férteis.

Esse sistema possibilita a produção de laranjas, uvas vinícolas (especialmente no Vale da Califórnia) e morangos. São produzidos ainda legumes e verduras; e cria-se gado leiteiro.




Espécies exóticas invasoras

Organismos prejudicam a biodiversidade

Ronaldo Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Wilson Dias/Abr
O búfalo é uma espécie exótica que causa grande impacto em áreas naturais do Brasil
Espécies exóticas invasoras são organismos (plantas, animais e microrganismos) que, uma vez introduzidos em um novo ambiente, ali se estabelecem, passam a desenvolver populações autorregenerativas e, depois de certo período de tempo, causam impactos ecológicos, econômicos ou sociais negativos.

Esse verdadeiro processo de invasão biológica tende a causar inestimável perda de biodiversidade - e é considerado pela União Internacional para Conservação da Natureza (The World Conservation Union - IUCN) como a segunda causa de extinção de diversidade biológica.

Animais, plantas ou microorganismos introduzidos num ecossistema do qual não fazem parte originalmente, mas onde se adaptam e passam a dominar, prejudicam os processos naturais e os organismos nativos.

Há várias formas de invasão. Algumas podem ser acidentais, como, por exemplo, quando larvas, ovos, sementes, microorganismos ou insetos são transportados de um lugar para outro involuntariamente pelo homem. A maior parte das invasões, no entanto, está relacionada a atividades intencionais do homem, como o comércio internacional de animais de estimação, as criações de interesse econômico e o cultivo de plantas ornamentais ou de outros tipos.

Embora não existam números precisos, calcula-se que as espécies exóticas invasoras causem prejuízos de US$ 1,4 trilhão por ano no mundo: US$ 137 bilhões só nos Estados Unidos e US$ 49 bilhões no Brasil. Mesmo assim, ainda se gasta muito pouco na prevenção, no controle e na erradicação dessas espécies.

A Convenção sobre Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário, trata da questão das invasões biológicas, exigindo que os países impeçam a introdução de espécies exóticas que representem ameaças à biodiversidade e aos sistemas produtivos, ou que as controlem ou erradiquem.

Grandes problemas

No Brasil, o número dessas espécies chega, aproximadamente, a 250, entre insetos, mamíferos, peixes, moluscos, gramíneas, árvores e diversos outros tipos de organismos.

Não há um ranking das espécies que causam maiores prejuízos. Mas, entre elas, encontram-se, no Brasil, o mexilhão dourado, o javali e o caramujo gigante africano.

O mexilhão dourado é um bicho pequeno - não tem mais do que 4 centímetros -, um molusco de água doce, originário do sul da Ásia, que chegou ao Brasil em 1998. Já infestou rios, lagos e reservatórios da região sul e do Pantanal e começa a ser detectado em São Paulo. Além de desequilibrar os nichos ecológicos em que se instalou, colocando em risco de extinção espécies nativas, o invasor ameaça o setor elétrico brasileiro, a agricultura irrigada, a pesca e o abastecimento de água, já que entope tubulações, interfere na cadeia alimentar e provoca contaminação.

Além disso, o mexilhão dourado se reproduz e se propaga com muita rapidez - a espécie começa a se reproduzir ainda muito jovem, quando tem apenas 5 milímetros, e se espalha ao ritmo de 240 quilômetros por ano.

O caramujo gigante, nativo da África, um molusco terrestre que atinge 15 centímetros de comprimento por 8 de largura e pesa mais de 200 gramas, foi introduzido no Brasil há cerca de 20 anos como alternativa econômica ao escargot. A experiência não deu certo. Dez anos depois, descobriu-se que ele podia transmitir doenças. Os criadores, então, soltaram o animal na natureza. Ele proliferou e hoje é encontrado em quase todo o território nacional, principalmente no Nordeste.

Além transmitir vermes, que causam a angiostrongilíase meningoencefálica - doença que tem como sintomas dor de cabeça forte e constante, rigidez na nuca e distúrbios do sistema nervoso -, o caramujo destrói plantações, come frutas e legumes, e compete com outros moluscos da fauna nativa, podendo levá-los à extinção.

O javali, por sua vez, não chegou ao país como clandestino e nem foi trazido para ser criado. A espécie foi levada à Argentina para servir na caça esportiva. De lá passou para o Uruguai e, depois, em 1991, para o Brasil, invadindo o Rio Grande do Sul, de onde se espalhou pelo país. Hoje, é encontrado em estado selvagem no Paraná, em São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. O javali ataca plantações de milho e animais de criação, e pode transmitir doenças para a fauna nativa.

Outras espécies perigosas

Além desses três invasores há, por exemplo, algumas gramíneas africanas, como a braquiária e o capim-gordura, que infestam espaços naturais e agrícolas, e são muito difíceis de erradicar. Há também espécies do gênero Pínus que podem se dispersar facilmente em áreas naturais, causando grande impacto em regiões de savana ou de vegetação rasteira.

Entre os animais, ainda podemos citar os seguintes: a) rã-touro, que se alimenta vorazmente de invertebrados e pequenos vertebrados; b) lebre européia, responsável por prejuízos à agricultura, que invadiu o país pela fronteira com a Argentina e já é encontrada no sul de Goiás; c) tartaruga tigre d'água, dos Estados Unidos, muito comercializada como animal de estimação e que normalmente é abandonada depois de adulta em cursos de água, onde compete com as espécies nativas; e d) búfalo, animal que causa grande impacto nas unidades de conservação e áreas naturais do Brasil, como a Reserva Biológica do Guaporé, em Rondônia, e a Região dos Lagos do Amapá.



Escassez de água
Quais as áreas mais atingidas?
Ronaldo Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Os mananciais do planeta estão secando rapidamente, o que vai se somar ao crescimento populacional, à poluição e ao aquecimento global, resultando na diminuição da quantidade de água disponível para cada pessoa no mundo. A quantidade per capita no mundo vem caindo desde 1970.

Segundo alerta relatório das Nações Unidas, a escassez da água vai afetar diretamente a qualidade de vida. Atualmente já são 2 bilhões de pessoas enfrentando a falta de água, a previsão é que em 2025 este número dobre. Em cem anos o consumo de água cresceu 6 vezes, taxa duas vezes maior que o crescimento demográfico. O uso intensivo na agricultura foi a principal causa do aumento.

Agência Fapesp

Escassez de água e motivos


A metade dos 12.500 km3 de água doce disponíveis no planeta já está sendo utilizada e, nos próximos 20 anos, é esperado que a média mundial de água disponível por habitante diminua um terço, fazendo com que duas em cada três pessoas tenham que viver numa situação crítica de escassez de água. Infelizmente, quase todos os 3 milhões de habitantes que devem ser adicionados à população mundial até 2050 nascerão em países que já sofrem com a escassez de água. Ou seja, não terão acesso a água de qualidade.

As áreas mais atingidas serão a África, a Ásia Central e o Oriente Médio, local onde especialistas acreditam que eventuais conflitos, se vierem a ocorrer no neste século, serão causados cada vez mais por causa da água e cada vez menos por causa do petróleo.

Escala Saffir-Simpson
Referência de intensidade de furacões
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Em 1970, o engenheiro Herbert Saffir e Robert Simpson, então diretor do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, criaram uma escala para medir a intensidade dos furacões, assim como já existia a escala Richter para medir a intensidade dos terremotos. Conheça essa escala:
Categoria
Descrição
Velocidade dos ventos
Efeitos
1
Danos mínimos
119-153 km/h
Danos à vegetação, plantações, casas de madeira ou mal construídas e inundação em zonas costeiras.
2
Danos moderados
154-177 km/h
Queda de árvores, destruição de portas e janelas e inundações ao longo da costa litorânea.
3
Danos extensos
178 a 209 km/h
Causa danos na estrutura de pequenos edifícios e graves inundações na zona costeira. Os ventos arrancam os telhados, placas com letreiros e anúncios.
4
Danos extremos
210-249 km/h
Árvores e arbustos são arrancados do solo. Telhados, portas, janelas são destruídos. Muitas edificações têm sua estrutura totalmente comprometida ou podem ser totalmente destruídas. As inundações avançam até dezenas de quilômetros da zona costeira. Furacões desta categoria requerem a evacuação da população.
5
Danos catastróficos
Mais de 249 km/h
Árvores e arbustos são totalmente arrancados pelo vento. Tetos, placas com anúncios e letreiros podem ser levados a distâncias consideráveis. Várias casas e edifícios sofrem total destruição. Furacões desta categoria podem arrasar quase tudo o que encontra pelo caminho. É necessária a evacuação total das pessoas que vivem perto das zonas costeiras



Escala Richter
Principal referência para medir terremotos
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
A magnitude de um terremoto pode ser medida através de sismógrafo. A escala Richter, criada em 1935, por Charles Richter e Beno Gutenberg, é a mais usada pelos cientistas para medir a intensidade de terremotos através da amplitude das ondas sísmicas emitidas. Ela varia de zero a nove graus e registra a amplitude do movimento do solo.
Um terremoto de maior impacto é aquele que atinge a magnitude igual ou superior a seis. A escala Richter é logarítmica, portanto um terremoto de grau 5 é 32 vezes mais forte que um de grau 4 e um terremoto de grau 9 é 900 vezes mais forte que um de grau 7. Observe os efeitos dos terremotos de acordo com as faixas da escala Richter.
Efeitos do terremoto na escala Richter
Menos de 3,5
Geralmente não é sentido, mas pode ser registrado
3,5 a 5,4
Freqüentemente não se sente, mas pode causar pequenos danos
5,5 a 6,0
Ocasiona pequenos danos em edificações
6,1 a 6,9
Pode causar danos graves em regiões onde vivem muitas pessoas
7,0 a 7,9
Terremoto de grande proporção, causa danos graves
de 8 graus ou mais
Terremoto muito forte. Causa destruição total na comunidade atingida e em comunidades próximas

Escala gráfica

Aprenda a interpretar mapas

Luiz Carlos Parejo*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A escala numérica é uma das principais aplicações da cartografia. Ela pode ser representada graficamente sob a forma de uma linha graduada, na qual a relação entre as distâncias reais e as representadas nos mapas, cartas ou outros documentos cartográficos, é dada por um segmento de reta em que uma unidade medida na reta corresponde a uma determinada medida real (definição do IBGE). Assim, quando se utiliza uma régua, um escalímetro ou até uma linha conseguimos obter a distância imediata.
Reprodução/IBGE

Escalas grandes e pequenas

Ao contrário do que se pensa uma escala grande não é aquela que possui um número enorme. A escala 1:5.000 é grande pois a representação da realidade foi diminuída apenas 5.000 vezes, enquanto na escala 1:30.000.000 a representação da realidade foi diminuída 30 milhões de vezes, portanto a E=1:5.000 é maior que a 1:30.000.000.
Você pode usar o seguinte raciocínio, um dividido por 5 mil é maior que 1 dividido por 30 milhões.
Quanto maior a escala, maior o número de detalhes representados.
As representações cartográficas mudam de nome conforme a escala, sendo que as cartas topográficas são representações de altitude, hidrografia, rodovias, cidades, etc.:
Quanto ao tamanho
Quanto a representação
Escala
Aplicações
Escala Grande
Escala de Detalhe
até 1:25.000
Plantas Cadastrais
Escala Média
Escala de Semi-detalhe
de 1:25:0000 até 1:250.000
Cartas topográficas
Escala Pequena
Escala de Reconhe-cimento ou de síntese
de 1:250.000 e menores.
Cartas Topográficas e cartas gerais.

Veja a encruzilhada das ruas Uruguai e Barão de Mesquita (cidade do Rio de Janeiro), extraída da Carta do antigo Distrito Federal, em escala 1:5.000. Note os detalhes, inclusive os trilhos de bonde, pois este tipo de transporte era usado, até a década de 50.
Reprodução/IBGE

Na escala maior (E=1:50.000) o nível de detalhamento é muito maior (aparecendo inclusive as ruas da cidade), já nas escalas menores a cidade de Cornélio Procópio diminui até se transformar em um pequeno ponto na escala de 1:1.000.000.
Reprodução/IBGE

Reprodução/IBGE

Reprodução/IBGE






Escala cartográfica
Como interpretar reduções em mapas
Cláudio Mendonça*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O mapa é uma imagem reduzida de uma determinada superfície. Essa redução - feita com o uso da escala - torna possível a manutenção da proporção do espaço representado. É fácil reconhecer um mapa do Brasil, por exemplo, independente do tamanho em que ele é apresentado, pois a sua confecção obedeceu a determinada escala, que mantém a sua forma. A escala cartográfica estabelece, portanto, uma relação de proporcionalidade entre as distâncias lineares num desenho (mapa) e as distâncias correspondentes na realidade.

As escalas podem ser indicadas de duas maneiras, através de uma representação gráfica ou de uma representação numérica.

Escala gráfica
A escala gráfica é representada por um pequeno segmento de reta graduado, sobre o qual está estabelecida diretamente a relação entre as distâncias no mapa, indicadas a cada trecho deste segmento, e a distância real de um território. Observe:

reprodução


De acordo com este exemplo cada segmento de 1cm é equivalente a 3 km no terreno, 2 cm a 6 km, e assim sucessivamente. Caso a distância no mapa, entre duas localidades seja de 3,5 cm, a distância real entre elas será de 3,5 X 3, ou 10,5 km (dez quilômetros e meio). A escala gráfica apresenta a vantagem de estabelecer direta e visualmente a relação de proporção existente entre as distâncias do mapa e do território.

Escala numérica
A escala numérica é estabelecida através de uma relação matemática, normalmente representada por uma razão, por exemplo: 1: 300 000 (1 por 300 000). A primeira informação que ela fornece é a quantidade de vezes em que o espaço representado foi reduzido. Neste exemplo, o mapa é 300 000 vezes menor que o tamanho real da superfície que ele representa.

Na escala numérica as unidades, tanto do numerador como do denominador, são indicadas em cm. O numerador é sempre 1 e indica o valor de 1cm no mapa. O denominador é a unidade variável e indica o valor em cm correspondente no território. No caso da escala exemplificada (1: 300 000), 1cm no mapa representa 300 000 cm no terreno, ou 3 km. Trata-se portanto da representação numérica da mesma escala gráfica apresentada anteriormente.

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Caso o mapa seja confeccionado na escala 1 300, cada 1cm no mapa representa 300 cm ou 3 m. Para fazer estas transformações é necessário aplicar a escala métrica decimal:

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ou


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Aplicação da escala
A escala (E) de um mapa é a relação entre a distância no mapa (d) e a distância real (D). Isto é:

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As questões que envolvem o uso da escala estão geralmente relacionadas a três situações:

1. Calcular a distância real entre dois pontos, separados por 5 cm (d), num mapa de escala (E) 1: 300 000.

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2. Calcular a distância no mapa (d) de escala (E) 1: 300 000 entre dois pontos situados a 15 km de distância (D) um do outro.

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3. Calcular a escala (E), sabendo-se que a distância entre dois pontos no mapa (d) de 5 cm representa a distância real (D) de 15 km.

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Grande e pequena escala
Para a elaboração de mapas de superfícies muito extensas é necessário que sejam utilizadas escalas que reduzam muito os elementos representados. Esses mapas não apresentam detalhes e são elaborados em pequena escala. Portanto, quanto maior o denominador da escala, maior é a redução aplicada para a sua elaboração e menor será a escala.

As escalas grandes são aqueles que reduzem menos o espaço representado pelo mapa e, por essa razão, é possível um maior detalhamento dos elementos existentes. Por isso, são aquelas cujo denominador é menor. As escalas maiores normalmente são denominadas de plantas que podem ser utilizadas num projeto arquitetônico ou para representar uma cidade. De acordo com os exemplos já citados a escala 1: 300 é maior do que a escala 1: 300 000.

A escolha da escala é fundamental ao propósito do mapa e ao tipo de informação que se pretende destacar. Numa pequena escala o mais importante é representar as estruturas básicas dos elementos representados e não a exatidão de seu posicionamento ou os detalhes que apresentam. Aliás, o detalhamento neste tipo de mapa compromete a sua qualidade e dificulta a sua leitura. Numa grande escala, como plantas de uma casa ou de uma cidade, existe uma maior preocupação com os detalhes, mas assim mesmo as informações devem ser selecionadas para atender apenas o objetivo pelo qual foram elaboradas.






Eras geológicas
Tabela mostra transformações na Terra
Página 3 Pedagogia & Comunicação
A origem, a formação e as contínuas transformações da Terra, assim como dos materiais orgânicos que a constituem são estudados pela geologia, que divide a história do planeta em eras geológicas.

Essa eras correspondem a grandes intervalos de tempo divididos em períodos.
Esses períodos se subdividem em épocas e idades. Cada uma dessas subdivisões corresponde a algumas importantes alterações ocorridas na evolução da Terra, como você pode ver na tabela abaixo:
ERA
PERÍODO
ÉPOCA
IDADE
CARACTERÍSTICAS
Cenozóico
Quaternário
Holoceno
10.000
"Era do Homem".
O homem
torna-se a
forma de vida
dominante
sobre a Terra.
Estabilização
do clima.
Pleistoceno
1.750.000
Glaciações
mais recentes.
Domínio dos
mamíferos de
grande porte.
Evolução
do homo sapiens
Terciário
Plioceno
5.300.000
Avanço
das geleiras.
A vegetação
é dominada
pelos campos
e savanas.
Aparecimento
de mamíferos
ruminantes.
Mioceno
23.500.000
Formação de
grandes campos.
Mudanças
climáticas
levam a
formação da
calota polar
Antártica.
Oligoceno
34.000.000
Aparecimento
de elefantes
e cavalos.
Aparecimento
de vários tipos
de gramíneas.
Eoceno
53.000.000
Surgimentos
da maior
parte das
ordens de
mamíferos.
Paleoceno
65.000.000
Domínio
dos
mamíferos
de porte
pequeno
a médio.
Mesozóico
Cretáceo
xxxx
135.000.000
Primeiras
plantas com
flores,
grupos
modernos
de insetos,
pássaros
e mamíferos.
Jurássico
xxxx
205.000.000
Pterossauros
e primeiros
pássaros.
Dinossauros
vagueiam
pela Terra.
Triássico
xxxx
250.000.000
Primeira
aparição
dos
dinossauros.
Paleozóico
Permiano
xxxx
295.000.000
Primeiro
grande evento
de extinção
em massa.
Formação do
supercontinente
Pangea.
Carbonífero
xxxx
355.000.000
Formação
de grandes
florestas
Devoniano
xxxx
410.000.000
Primeiros
peixes
Siluriano
xxxx
435.000.000
Estabilização
do clima.
Derretimento
do gelo glacial,
elevação dos
níveis dos
oceanos.
Evolução
dos peixes.
Ordoviciano
xxxx
500.000.000
Surgimentos
dos
invertebrados
marinhos
e plantas.
Cambriano
xxxx
540.000.000
Aparecimento
dos principais
grupos
animais.
Proterozóico
xxxx
xxxx
2.500.000.000
Predomínio
de bactérias.
Primeiras
evidências de
atmosfera rica
em oxigênio.
Ao final do
Proterozoico
surgimento
de formas
multicelulares
e dos
primeiros
animais.
Arqueano
xxxxxxxx
xxxx
3.600.000.000
Aparecimento
de vida na
Terra. Fósseis
mais antigos
com 3.5 bilhões
de anos
(bactérias
micro-fósseis).

Hadeano
xxxx
xxxx
4.500.000.000
Formação do Sistema Solar.
Não é um
período
geológico. Não existem rochas
na Terra tão antigas


Energia nuclear

Como funciona, pós e contras

Luiz Carlos Parejo*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A fissão nuclear, isto é, a divisão do átomo de metais como o urânio e o plutônio, aconteceu pela primeira vez por volta de 1938.

Embora utilizada inicialmente para fins militares, depois das experiências catastróficas de Hiroshima e Nagasaki, a energia nuclear passou a ser utilizada, principalmente, para fins pacíficos.

Sua principal utilização é a produção de energia elétrica, através de usinas termonucleares. Essas usinas funcionam a partir da fissão (separação) nuclear, controlada dentro dos reatores. A fissão gera calor que aquece a água e a transforma em vapor. Esse vapor, em alta pressão, gira a turbina, que, por sua vez, aciona o gerador criando eletricidade, como se vê na figura abaixo:

Reprodução


O calor gerado pela fissão nuclear é bastante grande, como exemplo podemos citar que a energia gerada por 1 quilograma de urânio numa usina termonuclear, é a mesma produzida por 150 toneladas de carvão mineral numa usina termoelétrica. Esse exemplo mostra de forma clara a eficiência dessa matriz energética sobre outras matrizes como o carvão mineral, o gás natural e o petróleo.

O uso intensivo da energia nuclear é encontrado principalmente em países desenvolvidos (EUA, França, Japão, Alemanha e Reino Unido), pois é uma tecnologia bastante cara. Atualmente, países como China, Taiwan, Índia e Irã têm investido em usinas termonucleares.

Vantagens e riscos da energia nuclear

A escolha da produção de energia elétrica por termonucleares ocorre em países que necessitam de grande quantidade de energia e muitas vezes não possuem abundância de outras matrizes energética (petróleo, carvão, potencial hidráulico).

Os norte-americanos seguidos da França e do Japão lideram o ranking de países produtores de energia nuclear.

Apesar de todas as vantagens existentes, a utilização da energia nuclear encontra bastante resistência, principalmente, de grupos ecológicos que discutem o problema do lixo nuclear (o material utilizado no reator que não serve mais para gerar energia, mas continua radioativo), que pode contaminar o solo, o ar e as águas, portanto, é um problema. Atualmente, a maior parte do lixo atômico é depositado no fundo do mar.

Outro perigo existente é o escape de radiação de um reator nuclear em caso de defeito ou explosão o que pode causar uma contaminação radioativa podendo levar a morte seres humanos e animais além de contaminar o solo, as plantas e espalhar-se rapidamente através do vento em forma de nuvens radioativas, afetando áreas enormes e seus efeitos perdurando por dezenas de anos.

A energia nuclear no Brasil

O Brasil possui um programa de energia nuclear que começou em 1967, (PNB) - Programa Nuclear Brasileiro; a 1ª usina termonuclear do Brasil, Angra 1 foi inaugurada em 1985, é equipada com um reator norte-americano, fabricado pela Westinghouse e durante os primeiros cinco anos de funcionamento sofreu 25 paralisações devido a defeito no reator.

Esse problema levou governo brasileiro a fazer uma nova parceria, desta vez com uma empresa alemã, responsável pelas usinas de Angra 2 em operação desde de 2000 e Angra 3.

Atualmente, as usinas Angra 1 e 2 são gerenciadas pela Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás, e juntas produziram em 2001, 14,4 mil MWh, o suficiente para abastecer o Rio de Janeiro ou 3% da energia elétrica produzida no país.

Mais usinas

O governo, através da Eletrobrás, estuda a viabilidade da instalação de outras usinas termonucleares no país, muito embora haja uma pressão maior em direção à produção de energia elétrica de matrizes renováveis e limpas (eólica, solar e biomassa).

O país possui a sexta maior reserva mundial conhecida de urânio. Hoje todo o urânio prospectado no Brasil vem da jazida de Caetité na Bahia. Essa reserva e mais a tecnologia 100% nacional de enriquecimento de urânio dará ao país num futuro próximo 2007-2008 autonomia para a produção do combustível nuclear e aumentará a produção de radioisótopos para os setores industrial, médico e de pesquisa.

Vale lembrar, ainda, que o Brasil participa do tratado de não proliferação de armas nucleares e possui dispositivos constitucionais que resguardam a não fabricação de artefatos nucleares e sua circulação pelo território nacional.

20 anos de Chernobyl

Em 26 de abril de 1986, ocorreu em Chernobyl, cidade a 120 Km de Kiev, capital da Ucrânia, o maior acidente nuclear da história.

O reator número 4 da usina explodiu causando um vazamento de radiação que causou a morte imediata de 32 pessoas, segundo fontes oficiais. Contudo milhares de pessoas foram afetadas e morreram ou sofrem com os efeitos cumulativos da radiação, segundo dados da OMS nesses 20 anos 9 mil pessoas morreram com doenças causadas pela radiação.

Na época do acidente a nuvem de radiação atingiu a Ucrânia, a Rússia e outras repúblicas soviéticas, a Europa Oriental, Setentrional e Central, que tiveram seus animais, pastos e plantações contaminadas.

Autoritarismo e segredo

Por ocasião o acidente a região era comandada pela ex-URSS que era socialista, um regime fechado, e somente três dias após o acidente ter ocorrido é que os demais países foram informados.

Esse acidente levou a uma reformulação do sistema termonuclear, que acabou gerando novas tecnologias e métodos mais rígidos de controle das usinas e do processo de obtenção da energia elétrica, além do aumento da segurança contra falhas humanas e vedação de reatores em caso de acidentes.

Ao lembrar os 20 anos de Chernobyl muitas organizações internacionais de direitos humanos ressaltam que a população atingida na área não recebe qualquer ajuda governamental ou indenizações pelos problemas e danos sofridos pelo acidente.



Energia eólica

Força dos ventos pode reduzir efeito estufa

Ronaldo Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Reprodução
Do total da energia elétrica produzida no Brasil só 0,24% é derivada da energia eólica
A energia eólica origina-se dos ventos. O termo "eólico" vem do latim aeolicus, pertencente ou relativo a Éolo, deus dos ventos na mitologia grega. Esse tipo de energia tem sido utilizado, desde a Antiguidade, para mover os barcos impulsionados por velas ou fazer funcionar a engrenagem dos moinhos, ao mover suas pás. No caso dos moinhos, a energia eólica era transformada em energia mecânica, usada na moagem de grãos ou para bombear água.

A energia eólica é renovável, limpa, existe em todo o mundo e, se utilizada para substituir fontes de combustíveis fósseis, auxilia na redução do efeito estufa e pode suprir uma parcela significativa das necessidades energéticas mundiais.

De acordo com o Conselho Global de Energia Eólica - Global Wind Energy Council (GWEC) -, organismo internacional que reúne entidades e empresas relacionadas à produção desse tipo de energia, a Alemanha é o maior produtor de eletricidade por meio dos ventos, com 22,35 GW, o que representa 23,7% do total mundial, seguida dos Estados Unidos, com 16,82 GW, e Espanha, com 15,15 GW. Há também a Índia, com 7,85 GW; China, com 5,9 GW; e Dinamarca, com 3,13 GW.

O relatório "Tendências Globais de Investimentos em Energias Sustentáveis", lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), informa que dos US$ 148 bilhões de investimentos globais na produção de energia renovável realizados em 2007, a maior parcela dos recursos - US$ 50,2 bilhões - foi direcionada para a geração de energia eólica. Esse montante foi maior do que o destinado à produção de outros tipos de energia, incluindo as centrais nucleares.

De 2002 a 2008, os investimentos para a produção de energia eólica registraram crescimento médio anual de 22,3%. A partir de novos investimentos, calcula-se que a produção mundial chegue a 287 GW em 2012. E deverá passar de 1% de toda a energia elétrica consumida no planeta, em 2007, para 2,7% em 2012.

Brasil utiliza pouco seu potencial eólico

No caso do Brasil, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, a maior parte da energia elétrica é gerada por fontes renováveis: 70% por hidrelétrica, 4% por biomassa e 0,2% por ventos. Dos 101,6 GW da energia elétrica produzida no país, as usinas eólicas contribuem com cerca de 0,247 GW, ou 0,24% do total.

No entanto, uma das grandes vantagens da geração de eletricidade por meio dos ventos é a de que ela pode servir como fonte complementar à modalidade hidrelétrica nas regiões atingidas pelas secas. No Nordeste, por exemplo, os períodos de seca, no segundo semestre, são exatamente aqueles em que os ventos são mais favoráveis.

Vale lembrar também que a energia eólica não é vulnerável a pressões políticas e econômicas, como o gás natural e o petróleo.

Atualmente, existem no Brasil seis usinas em funcionamento: três localizam-se no Rio Grande do Sul - uma delas, a de Osório, faz parte do maior parque eólico do Brasil, com capacidade para gerar 0,15 GW -, uma em Santa Catarina e outras duas no Rio Grande Norte e na Paraíba, na costa nordestina: a região com maior potencial para geração de eletricidade pelo vento.



Efeito estufa

Mecanismo atmosférico mantém o planeta aquecido

Ronaldo Decicino*
Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação
Geralmente, as pessoas se confundem e crêem que o efeito estufa tem relação com a camada de ozônio. Contudo, embora estejam relacionados à atmosfera, o efeito estufa e a camada de ozônio não são a mesma coisa.

O efeito estufa é um mecanismo atmosférico natural que mantém o planeta aquecido nos limites de temperatura necessários para a vida na Terra. Esse fenômeno atmosférico acompanha a vida do planeta desde o início da sua existência. Já a camada de ozônio é uma parte da atmosfera que protege a Terra dos raios ultravioleta (UV) emitidos pelo Sol, raios estes que podem trazer sérios danos aos seres vivos. Nos humanos, por exemplo, causam o câncer de pele.

Mas voltando ao efeito estufa, alguns gases que compõem a atmosfera funcionam como o vidro de uma estufa, que deixa passar a luz do sol para o seu interior, e aprisionam esse calor gerado dentro da "estufa". Esse calor mantém a Terra aquecida nos níveis que permitem a existência da vida.

Como funciona o efeito estufa

Se não houvesse a proteção do efeito estufa, os raios solares que aquecem a Terra seriam refletidos para o espaço sideral e o planeta perderia calor. A Terra apresentaria temperaturas médias abaixo de 10ºC negativos, pois não teria uma atmosfera espessa o suficiente para refletir o calor de volta para o planeta, gerando um ambiente não apropriado à vida. Planetas como Vênus e Marte, por exemplo, não possuem esse mecanismo e por isso podem atingir temperaturas elevadas durante o dia, acima de 200ºC, e muito reduzidas durante a noite, menos de 100ºC.

O efeito estufa ocorre quando uma parte da radiação solar refletida pela superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera, entre os quais merecem destaque: o gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2), o metano ou gás natural (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Como resultado desse processo, o efeito estufa impede que o calor emitido pelo Sol retorne ao espaço. Assim, o calor que a Terra recebe durante o dia mantém a temperatura elevada mesmo durante a noite.

Aumento das temperaturas

Ocorre que, a partir do século 19, com a queima de florestas tropicais e a utilização de combustíveis fósseis em indústrias, usinas termelétricas, automóveis, aviões, etc. grandes quantidades de gás carbônico (CO2) têm sido lançadas na atmosfera. A emissão desenfreada desse e de outros gases acentua a ação do efeito estufa, engrossando a camada protetora a ponto de não permitir que a radiação solar, depois de refletida na Terra, volte para o espaço, o que bloqueia o calor.

Como conseqüência direta desse processo, teremos a alteração do clima do planeta, com um aumento médio de, aproximadamente, 1ºC na temperatura da Terra. Em breve, as temperaturas médias poderão estar entre 1,4ºC e 5,8ºC mais altas, quando comparadas ao ano de 1990.

Conseqüências

O aquecimento poderá provocar o derretimento das calotas polares, resultando na elevação do nível dos mares, inundando cidades costeiras e afetando atividades como a agricultura e a pesca. Os países mais atingidos serão os mais pobres - justamente os que menos contribuem para o efeito estufa -, que não terão meios de contornar os prejuízos.

O efeito estufa tem causado preocupações em boa parte da comunidade científica, e representantes dos governos da maioria dos países têm se reunido para discutir o problema, cuja solução exige diminuição no lançamento dos gases na atmosfera.

Algumas conferências internacionais, para definir os meios de se concretizar essa diminuição, passaram a ser realizadas entre o final do século 20 e o início do século 21. Nelas foi discutida a elaboração de um texto definitivo para o Protocolo de Kyoto.

Protocolo de Kyoto

É um acordo internacional que foi estabelecido em 1997, em Kyoto, no Japão, e assinado por 84 países. Pelo documento, os países desenvolvidos se comprometeram a reduzir sua emissão de gases estufa e garantir um modelo de desenvolvimento limpo para os países em desenvolvimento.

O documento prevê que essa redução deve ser cumprida entre 2008 e 2012 - os países desenvolvidos precisam diminuir suas emissões de gases estufa, principalmente o dióxido de carbono, em 5,2% (quando comparadas aos níveis medidos em 1990).

A meta a ser cumprida não é a mesma para todas as nações: 8% para a União Européia (EU), 7% para os Estados Unidos (EUA) e 6% para o Japão. Países em desenvolvimento não têm meta.

Além da redução das emissões de gases, o Protocolo de Kyoto estabelece outras medidas, como o estímulo à substituição do uso dos derivados de petróleo pelos da energia elétrica e do gás natural


Eclipse solar

A Lua oculta a luz do Sol

Ronaldo Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
O eclipse solar é um fenômeno de alinhamento de corpos celestes. Ele ocorre quando a Lua alinha-se entre o Sol e a Terra, ocultando a luz do Sol numa estreita faixa terrestre.

Para que ocorra um eclipse solar é necessário que a Lua esteja exatamente entre a Terra e o Sol. A Lua, no entanto, se move na órbita do nosso planeta em um ângulo de aproximadamente 5 graus em relação ao plano da Terra com o Sol. Isso faz com que a Lua atravesse o plano orbital da Terra somente duas vezes ao ano, o que torna o eclipse solar um fenômeno relativamente difícil de ser visto.

Se nosso satélite girasse no mesmo plano da órbita terrestre haveria eclipses todos os dias de Lua Nova. Como isso não acontece, é preciso que a Lua Nova coincida com a passagem pelos nodos, que são os pontos de intersecção do plano da órbita da Terra com o plano da órbita lunar.

Outros fatores contribuem para diminuir a chance de vermos um eclipse solar. Primeiro, a Lua é cerca de 49 vezes menor que a Terra e sua sombra é incapaz de envolver todo o planeta. Assim, durante um eclipse solar, uma sombra com cerca de 160 km de largura e 600 km de comprimento cobre apenas uma estreita faixa da superfície terrestre - e somente as populações situadas nesse trecho da Terra têm a oportunidade de assistir a esse fenômeno celeste.

Em segundo lugar, à medida que a Terra gira, a sombra da Lua cobre o planeta com uma velocidade de aproximadamente 1.800 km/h, motivo pelo qual um eclipse total do Sol não dura mais do que 7 minutos e 40 segundos.

A distância da Lua em relação à Terra determina a quantidade de luz do Sol que é interceptada, bem como a largura da penumbra e da escuridão total.

Durante a totalidade de um eclipse solar, ou seja, enquanto o disco da Lua cobre totalmente o disco do Sol, o céu fica bastante escuro, como se fosse o início da noite, e podem ser vistas algumas estrelas mais brilhantes. Conforme a Lua continua em sua órbita, ela vai descobrindo o Sol - e a luz solar volta a iluminar a Terra.

Tipos de eclipse solar

Como a sombra da Lua possui duas partes - uma região central (umbra) e uma região externa (penumbra) -, pode-se dividir os eclipses solares em três subtipos, dependendo de qual parte da sombra atinge determinada região:
·  Eclipse Solar Total - esse tipo de eclipse acontecerá quando o tamanho aparente da Lua for maior que o Sol. Nesse caso, o alinhamento entre o Sol, a Lua e a Terra produz uma região sem luz solar na superfície terrestre.
·  Eclipse Solar Anular - esse tipo de eclipse ocorre quando a Lua está mais distante da Terra e seu tamanho aparente é menor que o tamanho aparente do Sol, ou seja, a Lua não cobre totalmente o Sol. No auge do eclipse, observa-se um anel luminoso em volta da Lua, que nada mais é do que o próprio Sol.
·  Eclipse Solar Parcial - ocorre quando o alinhamento entre o Sol e a Lua não atinge a superfície terrestre; o céu pode escurecer levemente, dependendo de quanto o disco solar for encoberto.

Periodicidade dos eclipses

A freqüência dos eclipses depende de três fatores: 1) da posição entre os planos orbitais da Lua e da Terra; 2) da posição da Lua ao longo de sua órbita, em termos de sua proximidade ou coincidência com os pontos nodais; e 3) da distância entre a Terra e a Lua.

Todos esses fatores influem no desenho da órbita da Terra em torno do Sol e da órbita Lua em torno da Terra. E todos eles, sem esquecer do ângulo de aproximadamente 5 graus que há entre a órbita da Lua e a da Terra, atuam na periodicidade dos eclipses solares. Assim, no período de um ano podem ocorrer:
·  No mínimo 2 eclipses solares e 2 lunares;
·  3 eclipses solares e 2 lunares;
·  4 eclipses solares e 2 (ou 3) lunares;
·  5 eclipses solares e 2 lunares.

Antes que os eclipses voltem a ocorrer na mesma ordem do período anterior, há um intervalo de 18 anos, 11 dias e 8 horas (durante o qual os eclipses continuam ocorrendo). Esse período é denominado de Período de Saros. A palavra "saros" vem do grego e quer dizer "repetição".

Ou seja, após um período de 18 anos, 11 dias e 8 horas (ou cerca de 6585,5 dias) Sol, Terra e Lua retornam, aproximadamente, às órbitas do ciclo anterior, fazendo com que os eclipses voltem a ocorrer numa mesma seqüência (mas não no mesmo lugar). Durante um Período de Saros acontecem, no total, 70 eclipses, sendo 41 solares e 29 lunares.

Para que um eclipse total do Sol volte a ocorrer num mesmo lugar são necessários, aproximadamente, 360 anos.

Cuidados na observação do eclipse

Os eclipses solares não podem ser observados como os eclipses lunares, pois exigem proteção especial. É importante nunca olhar diretamente para o Sol sem utilizar equipamento de segurança adequado, mesmo durante um eclipse, pois isso pode causar lesões na retina e comprometer seriamente a visão.

Para uma observação segura do eclipse solar recomenda-se a utilização de um vidro de soldador, número 14 ou maior. Além de baratos, eles são encontrados facilmente. Mas, lembre-se: nunca devemos observar o Sol mais do que alguns poucos segundos.

Para saber mais

No site de Astronomia e Astrofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul você pode encontrar mais informações sobre os eclipses lunar e solar.





Eclipse lunar

A sombra da Terra cobre a Lua

Ronaldo Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A palavra eclipse (do grego ekleipsis - desmaio ou abandono) refere-se ao obscurecimento parcial ou total de um astro pela interposição de outro astro, impedindo a passagem da luz solar. No eclipse lunar, a sombra da Terra cobre a Lua, dando a impressão de que o nosso satélite foi tomado pela escuridão.

Umbra e penumbra

Qualquer corpo que é iluminado pelo Sol produz uma sombra no espaço. Essa sombra é composta de duas partes distintas: a umbra e a penumbra. A umbra (também chamada de cone de sombra) é a parte da sombra na qual a escuridão é total, enquanto que, na penumbra, a escuridão não é tão intensa e, muitas vezes, imperceptível.

Devido ao modo pelo qual os raios solares se difundem, tanto a Terra quanto a Lua projetam uma sombra escura (umbra) no interior de uma sombra mais clara (penumbra). Se a Lua se desloca dentro da umbra da Terra, ocorre um eclipse lunar total. Já a penumbra da Terra escurece pouco a Lua.

Tipos de eclipse

Há dois tipos de eclipses envolvendo o Sol, a Terra e a Lua: o eclipse lunar e o eclipse solar. Nos dois casos há um alinhamento entre os três astros. Quando a Terra intercepta a sombra da Lua, há um eclipse solar. Quando a Lua atravessa a sombra da Terra, ocorre o chamado eclipse lunar.

Em uma noite normal, a Lua brilha, refletindo a luz do Sol. Mas quando a Terra passa exatamente entre o Sol e a Lua, a sombra da Terra cai sobre o seu satélite. Esse fenômeno recebe o nome de eclipse lunar, no qual parece que a Lua foi tomada pela escuridão.

Essa interposição dos astros ocorre durante o ciclo lunar, que leva 29 dias e meio para ser completado. Durante um ciclo, a Lua apresenta fases em relação à Terra:
·  Na fase Nova, acontece um alinhamento Sol-Lua-Terra - a face iluminada da Lua não está voltada para a Terra, ou seja, é como se a Lua estivesse de costas para a Terra. Ocorrem os eclipses solares.
·  Na fase Cheia, a Terra toma a posição mediana do alinhamento - alinham-se Sol-Terra-Lua e, dessa forma, a face iluminada da Lua volta-se para a Terra. Todo disco lunar fica visível: é a chamada Lua Cheia. Os eclipses lunares ocorrem sempre na fase Cheia, pois é nessa ocasião que a Terra está posicionada entre o Sol e a Lua.

Inclinação da órbita lunar e nodos orbitais

Mas há um fato que impede a ocorrência de eclipses lunares a cada Lua Cheia: a chamada inclinação da órbita lunar, ou seja, a inclinação de cerca de 5 graus da órbita da Lua em relação à órbita da Terra ao redor do Sol.

As órbitas lunar e terrestre têm dois pontos de contato, os chamados nodos orbitais. Os nodos de um planeta são os dois pontos virtuais da intersecção de sua órbita com a Eclíptica (que é o caminho aparente do Sol, onde podem ocorrer os eclipses). Esses pontos são opostos entre si e, portanto, formam um Eixo.

O Nodo Lunar Norte, também chamado de Nodo Ascendente, é o ponto onde a órbita da Lua cruza a Eclíptica de sul para norte; o Nodo Lunar Sul, também chamado Nodo Descendente, corresponde ao ponto onde a órbita da Lua cruza a Eclíptica de norte para sul.

Para um eclipse ocorrer, a Lua deve estar perto de seu nodo orbital - a intersecção dos planos orbitais. Passar pela sombra ou muito próximo do nodo resulta em um eclipse total ou parcial.

Tipos de eclipses

Os dois tipos principais de eclipses são os eclipses lunar e solar. Cada um desses eclipses pode ser subdividido em outros subtipos. No caso dos eclipses lunares, temos:
·  Eclipse Lunar Penumbral - ocorre somente se a Lua, ao longo de sua trajetória, atravessar a região da penumbra terrestre. Esse tipo de eclipse não provoca um escurecimento perceptível da superfície da Lua, por isso não é percebido a olho nu, podendo ser medido apenas com instrumentos apropriados, como um fotômetro (aparelho que mede a intensidade da luz).
·  Eclipse Lunar Parcial - ocorre apenas quando parte do disco lunar é eclipsado pela sombra da Terra. Para acontecer um eclipse parcial devem ocorrer duas fases penumbrais.
·  Eclipse Lunar Total - ocorre quando a Lua atravessa completamente o interior da umbra da Terra, a parte interna da sombra. A velocidade da Lua através da sombra é de cerca de um quilômetro por segundo, e um eclipse total pode durar até 102 minutos (1h e 42m). No entanto, o período decorrido do instante em que a Lua tem o primeiro contato com a umbra da Terra até o momento em que a abandona totalmente pode durar várias horas. Para haver um eclipse total, devem ocorrer duas fases penumbrais e duas parciais. Por sua beleza, o eclipse lunar total é o mais notável dos três.

A Escala de Danjon

A Lua não fica completamente invisível ao ser escurecida pela sombra terrestre devido à refração da luz solar, produzida pela luz da atmosfera do planeta. A intensidade da luz refratada depende da quantidade de nuvens ou de poeira existente na atmosfera, bloqueando a passagem da luz. Isso causa na Lua uma coloração com tons avermelhados, cuja intensidade varia de um eclipse para outro.

Com o intuito de medir o nível de obscurecimento de um eclipse lunar, o astrônomo francês André Danjon criou uma escala para atribuir a cada eclipse um coeficiente de brilho apresentado pela Lua. Os menores valores correspondem a um eclipse muito escuro e o maior valor ao eclipse claro:

Escala de Danjon
0 - Eclipse muito escuro. Lua quase invisível, especialmente em meia tonalidade.
1 - Eclipse escuro; cinza ou com coloração marrom; detalhes distinguíveis apenas com dificuldade.
2 - Eclipse vermelho intenso ou com coloração ferrugem, com a parte central da umbra muito escura e com a borda externa umbral relativamente brilhante.
3 - Eclipse vermelho-tijolo, geralmente com uma borda umbral brilhante ou amarela.
4 - Eclipse vermelho-cobre muito brilhante ou laranja, com uma borda umbral azulada e muito brilhante.

Para saber mais

No site de Astronomia e Astrofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul você pode encontrar mais informações sobre os eclipses lunar e solar.


Demografia

Transição demográfica e crescimento populacional

Cláudio Mendonça
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Grandes debates sobre o crescimento populacional surgiram a partir da Revolução industrial. Depois de um longo período de crescimento lento entre a Idade Média e meados do século 18, a população começou a aumentar num ritmo surpreendente e, para muitos, alarmante. Considerando-se todo o tempo da presença do homem na Terra, calcula-se que somente por volta de 1830 o planeta alcançou o seu primeiro bilhão de habitantes. Atualmente, nem dois séculos passados, somos 6,5 bilhões de seres humanos.

Para muitos, o crescimento populacional ocorrido após a Revolução Industrial era uma realização promissora da humanidade: representava uma conquista do homem que, ao se adaptar melhor à vida no planeta, conseguia viver cada vez mais. Para outros, o crescimento populacional era motivo de preocupação e deveria ser combatido, pois anunciava grandes problemas futuros.

"Ensaio sobre a população"

A análise mais clássica sobre esta questão surgiu em 1798, quando o economista e demógrafo inglês Thomas Robert Malthus publicou o "Ensaio sobre a população". Nesse trabalho, avaliava que o crescimento populacional era uma das principais limitações ao progresso da sociedade. Segundo Malthus o crescimento ilimitado da população não se ajustava à capacidade limitada dos recursos naturais existentes no planeta.

Malthus afirmava que "a população, quando não controlada, cresce numa progressão geométrica. Os meios de subsistência crescem apenas numa progressão aritmética. Um pequeno conhecimento de números demonstrará a enormidade do primeiro poder em comparação com o segundo. (...) Isso implica um obstáculo que atua de modo firme e constante sobre a população, a partir da dificuldade de subsistência".

O demógrafo considerava que esta realidade era responsável pela fome, pela subnutrição, pelas epidemias, pelas guerras motivadas pelas disputas territoriais e pela falta de moralidade. A solução que propunha eram medidas do poder público para controlar o crescimento da população. Também era contrário à Lei dos Pobres (Poor Law), da Inglaterra, que obrigava ao Estado prover as necessidades humanas vitais aos menos favorecidos. Essa lei, segundo ele, estimulava o crescimento populacional descontrolado, por amparar justamente aqueles que mais procriavam e menos tinham condições de sustentar os filhos que colocavam no mundo.

As idéias de Malthus encontraram eco e adeptos em todo mundo e, vez por outra, são ressuscitada nos mais diferentes contextos, embora novas concepções já tenham contestado cientificamente sua validade.

Transição demográfica

O conceito de transição demográfica foi introduzido por Frank Notestein, em 1929, e é a contestação factual da lógica malthusiana. Foi elaborada a partir da interpretação das transformações demográficas sofridas pelos países que participaram da Revolução Industrial nos séculos 18 e 19, até os dias atuais. A partir da análise destas mudanças demográficas foi estabelecido um padrão que, segundo alguns demógrafos, pode ser aplicado aos demais países do mundo, embora em momentos históricos e contextos econômicos diferentes.

Ela explica que, durante uma longa fase da história, a natalidade e a mortalidade mantiveram-se elevadas e próximas, caracterizando um crescimento lento. Guerras, epidemias e fome dizimavam comunidades inteiras. A partir da Revolução Industrial teve início a primeira fase, das três que caracterizam o modelo de transição demográfica.

reprodução

1ª. fase - transição da mortalidade

A Revolução Industrial, o processo de urbanização e de modernização da sociedade foram responsáveis, num primeiro momento, por um crescimento populacional acelerado nos países europeus e posteriormente nos Estados Unidos, Japão, Austrália e outros.

Apesar das péssimas condições de moradia e saúde das cidades industriais, até pelo menos o final do século 19, a elevação da produtividade e da oferta de bens de subsistência propiciaram progressiva melhora no padrão de vida da população. Conquistas sanitárias e médicas, associadas a esta fase de desenvolvimento científico e tecnológico, tiveram impactos diretos na saúde pública e, conseqüentemente, na queda das taxas de mortalidade. Portanto, a primeira fase de transição demográfica é marcada pelo rápido crescimento da população, favorecido pela queda da mortalidade já que as taxas de natalidade, ainda, permaneceram algum tempo elevadas.

2ª. fase - transição da fecundidade
A segunda fase caracteriza-se pela diminuição das taxas de fecundidade (ou seja, o número médio de filhos por mulher em idade de procriar, entre 15 a 49 anos), provocando queda da taxa de natalidade mais acentuada que a de mortalidade e desacelerando o ritmo de crescimento da população.

Aos poucos foram sendo rompidos os padrões culturais e históricos que se caracterizavam pela formação de famílias numerosas. Mas estas transformações culturais foram mais lentas. Levou um certo tempo para que os hábitos e costumes comunitários da sociedade anterior, baseados na organização de um outro padrão familiar, fossem rompidos. A mortalidade infantil elevada induzia as famílias a terem muitos filhos, contando com o fato de que nem todos eles sobreviveriam. Os efeitos sociais das conquistas sanitárias na qualidade de vida permitiram que a mortalidade infantil também diminuísse e as famílias pudessem planejar o que consideravam o número ideal de filhos, numa sociedade que se modernizava.

3ª. fase - a estabilização demográfica
Na terceira fase da transição demográfica as taxas de crescimento ficam próximas de 0%. Ela é o resultado da tendência iniciada na segunda fase: o declínio da fecundidade e a ampliação da expectativa média de vida que acentuou o envelhecimento da população. As taxas de natalidade e de mortalidade se aproximaram a tal ponto que uma praticamente anula o efeito da outra. Esta é a situação encontrada há pouco mais de uma década em diversos países europeus e é denominada de fase de estabilização demográfica.




Demografia

População absoluta, distribuição e densidade demográfica

Luiz Carlos Parejo*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
População pode ser definido como o conjunto de pessoas que habita um certo território. A geografia preocupa-se não só com o número de habitantes, mas também com as suas características, condições e os processos de evolução.
A população é estudada também por outras ciências, como a demografia que é o estudo, a partir de dados quantitativos, de suas variações e do seu estado (por isso, a demografia se utiliza de muitos dados estatísticos para identificar as características das populações e até propor políticas públicas).

População Absoluta

O estudo da população compreende alguns conceitos. Para começar, podemos falar em população absoluta que é o total de habitantes de um certo lugar. Por exemplo, a China possui a maior população absoluta entre os países do mundo, com aproximadamente 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. Ou seja, de cada cinco habitantes do planeta Terra, um é chinês (cerca de 20% dos 6,5 bilhões de habitantes do planeta).
Podemos, portanto, afirmar que a China é o país mais populoso do mundo. Populoso é o país que apresenta grande população absoluta.

Países mais Populosos do Mundo

País
População aproximada
1º China
1.300.000.000 hab.
2º Índia
1.100.000.000 hab.
3º EUA
300.000.000 hab.
4º Indonésia
220.000.000 hab.
5º Brasil
185.000.000 hab.

O Brasil é um dos países mais populosos do mundo. Dentro dele, os Estados mais populosos, são:
Estado
População (ano 2000)
São Paulo (SP)
37.000.000 hab.
Minas Gerais (MG)
17.800.000 hab.
Rio de Janeiro (RJ)
14.400.000 hab.
Bahia (BA)
13.000.000 hab.
Rio Grande do Sul (RS)
10.200.000 hab
Paraná (PR)
9.500.000 hab

O que é densidade demográfica?

População relativa ou densidade demográfica é o total de habitantes dividido pela área que ocupam ou é a média da distribuição da população total pelo território.
Folha Imagem

Para o Brasil, por exemplo, temos:
Folha Imagem

A primeira pergunta que nos vem à mente é: essa densidade demográfica é grande ou pequena? Vamos comparar com o mundo:
Folha Imagem

Podemos concluir que o Brasil possui uma baixa densidade demográfica, pois está muito abaixo da média mundial. Portanto o Brasil é um país populoso e pouco povoado; isto é, possui uma grande população absoluta, mas uma baixa densidade demográfica.
Evite confundir densidade demográfica com distribuição da população, são dois conceitos diferentes, existem países com elevada densidade demográfica, mas com a população tão mal distribuída como a brasileira, por exemplo, a China:
Folha Imagem

A China possui uma elevadíssima densidade demográfica, mas a sua população está concentrada na sua porção leste (Planície Chinesa, junto ao litoral).

Distribuição da população

É a maneira pela qual a população de um certo lugar está distribuída em seu território. A população brasileira encontra-se muito mal distribuída, cerca de 70% vivem em uma faixa de aproximadamente 100 km junto ao litoral, apresentando elevadas densidades demográficas, por exemplo:
Estado
Densidade demográfica
Roraima (RR)
1,45 hab./km2
Amazonas (AM)
1,79 hab./km2
Mato Grosso (MT)
2,77 hab./km2
Amapá (AP)
3,33 hab./km2
Acre (AC)
3,65 hab./km2
Tocantins (TO)
4,17 hab./km2





Deriva continental

Pangéia deu origem aos continentes

Adriana Furlan e Ronaldo Decicino*
Especial para Página 3 Pedagogia & Educação
A teoria de que os continentes não estiveram sempre nas suas posições atuais foi sugerido pela primeira vez em 1596 pelo holandês Abraham Ortelius, conhecido como pai do Atlas Moderno.

Ortelius também é responsável pelo Theatrum Orbis Terrarum (1570), considerado o primeiro Atlas da Idade Moderna, uma obra desenhada à mão, com 139 mapas coloridos.

Foi Ortelius quem sugeriu que as Américas "foram rasgadas e afastadas da Europa e África por terremotos e inundações" e acrescentou: "os vestígios da ruptura revelam-se, se alguém trouxer para a sua frente um mapa do mundo e observar com cuidado as costas dos três continentes." Essa idéia de Ortelius seria retomada no século 19.

Laurásia e Gondwana

Há 200 milhões de anos existia um único supercontinente: o Pangéia. Ele se fragmentou há 130 milhões de anos em Laurásia (América do Norte e Eurásia) e Gondwana (América do Sul, África, Índia, Austrália e Antártida) e, há 84 milhões de anos, houve a separação entre a América do Norte e Eurásia e entre a América do Sul, África, Oceania e Índia, que se tornou uma ilha no oceano Índico.

Por fim, a Índia colidiu com a Ásia, juntando-se ao continente, conforme figura abaixo:

Página 3

Segundo a teoria da deriva continental, o supercontinente Pangéia dividiu-se há cerca de 225 - 200 milhões de anos, tendo-se posteriormente fragmentado até produzir os continentes atualmente existentes


Somente em 1912 é que a idéia do movimento dos continentes foi seriamente considerada como uma teoria científica designada por "Deriva dos Continentes" e publicada em dois artigos pelo meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener. Ele argumentou que há cerca de 200 milhões de anos, ainda na Era paleozóica, havia um supercontinente "mãe" - Pangéia - e um gigantesco oceano chamado Pantalassa.

O Pangéia começou a fraturar-se, primeiro se dividiu em dois grandes continentes, Laurásia e Gondwana. Entre os dois, formou-se um mar relativamente raso: o Mar de Tétis.

Laurásia e Gondwana continuaram então a fraturar-se ao longo dos tempos, dando origem aos atuais continentes. A Índia, por exemplo, soltou-se de Gondwana formando uma ilha. Na Era cenozóica as formas dos continentes começaram a se assemelhar às formas atuais.

Era cenozóica

Nessa Era, a Índia se chocou contra o continente asiático com tamanha pressão que do choque entre as placas resultou a formação da cordilheira do Himalaia, onde fica o monte Everest, o mais alto do planeta.

Uma das evidências mais claras da deriva continental é o "encaixe" quase perfeito entre os litorais leste da América do Sul e oeste da África. A separação entre a África e a América do Sul decorreu da movimentação constante das placas tectônicas sobre o manto, movimento esse que aconteceu em todo o planeta.

Pode-se dizer que a posição dos continentes vem se modificando no decorrer da história da Terra. Essa constatação é resultado de estudos recentes, realizados principalmente a partir de meados do século 20.

Esse movimento dos continentes deve-se ao movimento das placas tectônicas, responsável também por abalos sísmicos e atividades vulcânicas.

Derretimento das geleiras

A Antártida está mesmo derretendo?

Jurema Aprile*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Agência Brasil
Manto de gelo na Antártida brasileira
Afinal, o que está derretendo na Antártida? O gelo marinho, os icebergs, as banquisas, a calota polar ou as geleiras? Cerca de 10% da área do planeta Terra é coberta de gelo e 90% desse volume está na Antártida. Mas o continente gelado não está derretendo e contribui minimamente para o aumento no volume das águas marinhas observado nos últimos anos.

A afirmação é de um dos principais especialistas no assunto, o glaciólogo Jefferson Simões, coordenador do Núcleo de Pesquisas Antárticas e Climáticas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que estuda a questão do gelo do planeta e o descongelamento. A glaciologia é uma área da geologia que estuda as geleiras, as glaciações e seus efeitos sobre a Terra.

Falta consenso

Cálculos apresentados por pesquisadores em painéis climáticos internacionais prevêem que até o ano 2100 o nível do mar poderá se elevar de 60 centímetros a 1 metro por conta de gelo que se tornará liquefeito e aumentará o volume das águas marinhas.

Em relação a isso, Simões ressaltou que é uma parte muito pequena do gelo do planeta que está derretendo - exatamente 0,7% do volume total - e a participação do gelo antártico nesse percentual é mínima.

O volume do gelo antártico corresponde a 25 milhões km3. Se derretesse todo, equivaleria a um aumento de 60 metros no nível médio dos mares.

Estudos realizados nos últimos anos e publicados em revistas científicas produziram resultados contraditórios. Alguns indicavam a perda de gelo e outros o engrossamento da camada - não há consenso dos pesquisadores.

Registros gelados

A cobertura de gelo antártico tem papel fundamental no sistema ambiental. Ela é um dos principais controladores do sistema climático terrestre e do nível do mar.

Além disso, essa cobertura "arquiva" nas suas camadas a evolução e os eventos principais da atmosfera do planeta. Ficam registrados ali os resultados da ação humana sobre o ambiente nas últimas décadas. Daí se entende a importância dos estudos em glaciologia antártida.

"As pessoas confundem gelo marinho - mar congelado - com gelo de geleiras", diz Jefferson Simões. Mar congelado tem impactos ambientais climáticos significativos, mas não afeta o nível marinho.

O aumento no nível das águas do mar está relacionado em 70% ao derretimento das geleiras -que concentram a maior parte da água doce do planeta - e em 30% à expressão térmica do mar, ensina o glaciólogo.

Outro equívoco comum é o uso da expressão "calotas polares". Elas não existem. O que há são áreas cobertas de gelo, como os mantos de gelo da Groenlândia e da Antártida.

O que é uma geleira?

Geleira não é um iceberg, aqueles blocos imensos de gelo que se vê, em fotos ou filmes, flutuando no mar. A geleira ou glaciar é uma massa continental de gelo de limites definidos, que se movimenta lentamente por ação da gravidade: ela nunca está parada.

O termo "geleira" não é aplicado às massas de gelo formadas pelo congelamento da água: essas são as banquisas. E mais: a expressão "manto de gelo" só se refere a uma massa de neve e gelo muito espessa, com área maior de 50 mil km2. Só existem dois mantos de gelo no planeta: o antártico e o groenlandês.

Um manto pode estar apoiado sobre rochas ou flutuar na água - nesse caso são chamados plataformas de gelo. Elas têm espessura que vai de 200 a 2.000 m e são fixas à costa, podendo se estender por até 500.000 km2.

Plataformas podem aumentar de tamanho pela acumulação de neve e gelo ou pelo fluxo do gelo. Também perdem massa pelo desprendimento de icebergs. Estes podem durar mais de dez anos "viajando" na água antes de derreter. Aproximadamente 42% da costa antártica são cobertas por plataformas de gelo.

Se aquece, descongela

O descongelamento que mais contribui para o aumento das águas oceânicas no mundo ocorre ao sul da Groenlândia, nas calotas de gelo das ilhas árticas, na região polar Norte.

Outra contribuição vem do derretimento das geleiras de montanhas localizadas em regiões temperadas e tropicais. Toda essa água vai para os rios e, então, toma o caminho do mar. Na Bolívia, as geleiras estão derretendo rapidamente. Na capital, La Paz, 70% das águas vêm das geleiras.

O derretimento das geleiras nos Andes tem impactos no Brasil, causando aumento do volume das águas tanto na bacia Platina quanto na bacia Amazônica. Também há diminuição do gelo na Patagônia.

O descongelamento das geleiras eternas em regiões tropicais tem sido atribuído ao aquecimento global, por pesquisadores como os da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos. A geleira Qori Kalis, no Peru, estaria encolhendo cerca de 60 m ao ano, arriscando-se a desaparecer completamente em cinco anos.


Desenvolvimento sustentável

Como surgiu esse conceito?

Ronaldo Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A idéia de desenvolvimento sustentável surgiu a partir do conceito de ecodesenvolvimento, proposto durante a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em Estolcomo, na Suécia, em 1972.

Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas, desenvolvimento sustentável é aquele capaz de suprir as necessidades dos seres humanos da atualidade, sem comprometer a capacidade do planeta para atender as futuras gerações. Portanto, é o desenvolvimento que não esgota os recursos, tornando-os perenemente disponíveis, se possível.

A ONU denominou a década de 1960 como a "Primeira Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento", acreditando que a cooperação internacional proporcionaria um crescimento econômico pela transferência de tecnologia, experiência e fundos monetários, de modo a resolver os problemas dos países mais pobres.

Ricos e pobres

Ao mesmo tempo, a questão ambiental, fundamental para qualquer plano de desenvolvimento, começou a ganhar destaque nos meios de comunicação. Na época, vários países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, consideravam inviável incluir grandes programas de conservação ambiental em seus programas nacionais, pois acreditavam que a poluição e a deterioração ambiental eram conseqüências inevitáveis do desenvolvimento industrial.

Essa atitude foi conveniente para os países mais desenvolvidos. Por um lado, isso restringia a implantação de indústrias poluidoras em seus territórios. Por outro, eles tinham para onde transferir suas fábricas: os países menos desenvolvidos, que encorajavam a instalação dessas indústrias, para impulsionar seu próprio desenvolvimento.

Satélites

No final dos anos 1960, a humanidade ganhou um aliado importante para a melhor compreensão da dinâmica terrestre, o que também revelou a importância da criação de um programa de conservação ambiental.

Com as missões espaciais e a implantação de um sistema de satélites para o sensoriamento remoto da Terra, tornou-se possível monitorar integradamente os vários processos atmosféricos e climáticos. Surgia uma nova perspectiva de se ver o planeta.

Em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (Estocolmo), reconheceu-se o relacionamento entre os conceitos de conservação ambiental e desenvolvimento industrial; foram discutidos os efeitos causados pela falta de planejamento na utilização de recursos naturais e se estabeleceram critérios claros de "poluição, pobreza e ecodesenvolvimento".

Harmonia entre economia e meio ambiente

Uma reavaliação do conceito de desenvolvimento orientou a "Terceira Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento" (1980-1990), a partir da qual buscaram-se estratégias de distribuição, visando repartir de modo mais justo os benefícios do eventual crescimento da economia mundial.

A ONU resolveu criar uma comissão para efetuar um estudo dos problemas globais de ambiente e desenvolvimento. Em 1987, essa comissão apresentou o Relatório Brundtland - "Our Commom Future" (Nosso Futuro Comum), no qual se ressaltava o conceito de desenvolvimento sustentável, considerando-o um modelo de desenvolvimento socioeconômico, com justiça social e em harmonia com os sistemas de suporte da vida na Terra.

Em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, o conceito foi definitivamente incorporado como um princípio orientador de ações. Foi então elaborada a Agenda 21, que representa um compromisso das nações de agir em cooperação e harmonia na busca do desenvolvimento sustentável.

A Agenda 21 reconhece que os problemas de crescimento demográficos e da pobreza são globais. Para sua solução, devem-se desenvolver programas específicos locais e regionais, porém associados a projetos de meio ambiente e desenvolvimento integrados, com o apoio nacional e internacional.

Os três pilares do desenvolvimento sustentável

A Declaração de Política de 2002 da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável (Joanesburgo, África do Sul), afirma que ele é construído sobre três pilares interdependentes e que se suportam mutuamente: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental.

Na prática, se não houver a conscientização e o reconhecimento da importância do desenvolvimento sustentável, sua complexidade e o interrelacionamento de seus pilares com as diversas questões ambientais, a geração presente deixará para trás solos pobres, falta de água, atmosfera poluída, enfim, um planeta todo alterado e sujo.

Para evitar que isso ocorra os estilos de vida das nações ricas e a economia mundial têm de ser reestruturados, visando a preservação do meio ambiente, ainda que questões como essas esbarrem nos interesses de poderosos grupos econômicos.



Desenvolvimento sustentável

Entenda esse conceito

Mariana Aprile*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Página 3
Imagine que você descobriu uma árvore de frutas deliciosas, como uma macieira. Basta tirar uma maçã, que outras duas nascem. Certo dia, outras pessoas aparecem para pegar as frutas também.

Todos resolvem subir na árvore para colher mais. E quebram seus galhos. A árvore quase morre - e pára de dar frutos. Essa história ilustra o que acontece com a natureza nos dias de hoje.

Os seres humanos usam os recursos naturais como se fossem inesgotáveis. Mas os benefícios da natureza, como a água e o solo (de onde se tiram os alimentos) não são infinitos e podem se esgotar, assim como as maçãs da árvore mágica. Muitas pessoas já sofrem com a falta de água e de alimento. O pior é que em lugares como o Oriente Médio, onde a água é considerada o "ouro azul" por ser escassa, ela pode ser motivo de guerra. Mais um, numa região já tão violenta.

Lotação quase esgotada

A situação do planeta é crítica e por isso mesmo você já deve ter ouvido falar em desenvolvimento sustentável. É o nome que se dá quando você colhe a maçã, mas respeita a árvore e dá tempo a ela para se refazer e produzir mais frutos outra vez. O mesmo se aplica a todos os outros recursos naturais da Terra: deve-se usá-los com sabedoria, para dar tempo à natureza de se recompor. Caso contrário, eles se esgotam, acabam, desaparecem.

O avanço da ciência e da tecnologia trouxe inúmeros benefícios para o ser humano. A medicina moderna, por exemplo, tornou possível o aumento da expectativa de vida - as pessoas vivem mais tempo devido aos remédios e vacinas que curam doenças. Assim, com menos mortes e mais nascimentos na população humana, o resultado é o aumento exagerado do número de pessoas no planeta.

Para se ter uma idéia, no início da Era Cristã a população mundial contava com cerca de 200 milhões de pessoas - e chegou a 1 bilhão por volta do ano 1800, há apenas 200 anos. Então, nas primeiras décadas do século 20, esse número dobrou. No dia 12 de outubro de 1999, nasceu o bebê que inteirou o número 6 bilhões.

A esse aumento considerável da população dá-se o nome de explosão demográfica. Peter Kostmayer, da ONG "Population Connection", afirmou que a taxa de crescimento da população está, de longe, extrapolando nossa capacidade de oferecer empregos, educação, moradia e cuidados médicos. Além disso, está causando tremendos problemas ambientais no mundo - para o planeta e para seus habitantes.

Atualmente, pelo menos uma em cada cinco pessoas é subnutrida - e uma a cada seis não tem acesso à água potável. Com tanta gente, há necessidade de mais alimento, mais água, mais terra para produzir alimentos. Da mesma maneira que um lindo parque fica imundo depois de um feriado cheio de gente jogando lixo em toda parte, o planeta vive uma superlotação de gente, com o conseqüente aumento da produção de detritos e resíduos. Pior: o sistema econômico e de exploração dos recursos naturais atual não permite que a Terra suporte uma população tão grande.

A agricultura e a criação de animais, segundo diversos ecólogos (cientistas que estudam a ecologia), em breve não serão suficientes para alimentar todas as pessoas. E é preciso lembrar ainda dos recursos alimentares dos oceanos, que são limitados - o mar oferece 100 milhões de toneladas de peixes, sendo que o ser humano retira por ano 97 milhões de toneladas para si (quase tudo!).

Então, o ser humano destrói partes da natureza a cada dia, sem se dar conta de que está acabando com elementos necessários à sua própria sobrevivência. É a detruição da árvore das maçãs.

Economia da natureza

Esses problemas levaram, em 1980, à criação de um novo conceito - o desenvolvimento sustentável. Parece um nome difícil, mas é fácil de entender, não é? Trata-se de um conjunto de atitudes e projetos que têm como objetivo utilizar a natureza sem destruí-la. Dando tempo para ela se refazer.

O desenvolvimento sustentável é como se fosse uma "poupança da natureza". Isto é, retira-se uma certa quantidade de recursos naturais, mas se deixa uma quantia suficiente para "render" - no caso da macieira, por exemplo, se as pessoas tivessem uma idéia de desenvolvimento sustentável, elas esperariam a árvore produzir mais frutos, ao invés de arrancá-los todos com aquela pressa danada.

Além disso, se os mesmos indivíduos deixassem uma maçã ou outra no chão, nasceriam mais macieiras, e portanto, haveria mais frutos para as pessoas. Para completar, seria fundamental que ninguém deixasse lixo no solo em volta da árvore, porque isso iria envenenar a terra e impedir o crescimento de novas plantas.

Desenvolvimento sustentável é muito importante. Se todos fizerem sua parte, será possível viver em condições saudáveis, ao invés sofrer num planeta poluído e esgotado de recursos essenciais para todos os seres vivos - você, inclusive.

Desenvolvimento sustentável

Como aliar meio ambiente e economia

Cláudio Mendonça
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Reprodução
Logo da primeira ONG ambientalista de espectro mundial
O desenvolvimento da ciência e da tecnologia, no século 20, serviu tanto para promover a melhoria da qualidade da vida do ser humano, quanto para ampliar a sua capacidade de autodestruição. Entre as heranças nefastas do último século, encontram-se o desgaste sem precedentes dos recursos naturais, os efeitos lesivos da poluição do ar e das águas, a destruição das matas e da biodiversidade do planeta.

No início da década de 1960, os movimentos ecológicos já advertiam sobre as graves ameaças que estavam impostas à biosfera. As manifestações e discussões naquela década apontavam, também, para a insustentabilidade do modelo de desenvolvimento baseado no ideal de consumo e crescimento econômico acelerado. Assim, aos poucos, os temas ambientais foram sendo incorporados aos programas de governo das nações, aos partidos políticos e à agenda dos organismos internacionais.

Movimentos ambientalistas

As Organizações Não-Governamentais (ONGs) começaram a surgir a partir da década de 1960. O WWF ("World Wildlife Fund"), a primeira ONG ambientalista de espectro mundial, foi criada em 1961. Está voltada para a defesa de espécies ameaçadas de extinção, de áreas virgens e ao apoio a educação ambiental. Em 1971, o Greenpeace - criado para impedir um teste nuclear na costa do Alasca, nos Estados Unidos - passou a ser o movimento ambientalista de maior projeção internacional.

Desse modo, a discussão ambiental ganhou amplitude e adeptos em todo o mundo ao colocar em pauta a questão da própria sobrevivência humana e assinalar a necessidade de mudanças nos nossos valores sociais e culturais, bem como no modelo econômico das nações de um modo geral.

Conferência de Estocolomo

O primeiro grande debate mundial sobre os temas ambientais tem como referência a Conferência de Estocolmo, promovida pela ONU, na Suécia, em 1972 (1ª Conferência Internacional para o Meio Ambiente Humano). Até então, esse foi o maior evento de dimensão internacional dedicado exclusivamente à avaliação das relações sociedade e natureza. O dia 5 de junho, que marcou o início dos trabalhos da Conferência, foi oficializado pela ONU como o "Dia Mundial do Meio Ambiente".

Na década de 1970, o mundo vivia no auge da Guerra fria. Os países socialistas ligados à hoje extinta União Soviética não compareceram ao evento de Estocolmo. Esses países boicotaram a conferência, em solidariedade à Alemanha Oriental, cuja participação foi vetada pela ONU.

Sem a presença dos países socialistas, o principal embate do encontro de Estocolmo ocorreu entre os países desenvolvidos do hemisfério Norte e os países subdesenvolvidos do Sul. Enquanto os países do Norte, de modo geral, defendiam a necessidade de implementar políticas ambientais rigorosas, os países do Sul reclamavam o direito de perseguir o desenvolvimento econômico e investir na industrialização.

O mundo subdesenvolvido não demonstrou nenhum interesse em adotar mecanismos de proteção ambiental que bloqueassem as suas metas de crescimento econômico. Os representantes desses países argumentavam que o crescimento econômico era prioritário e necessário para modificar a condição social precária em que vivia boa parte dos povos do mundo.

Uma conclusão contraditória

Essas divergências levaram a resultados práticos pouco promissores. Para contemplar as diversas posições, a "Declaração de Estocolmo" estabeleceu uma carta de princípios em que os países desenvolvidos concordavam com a necessidade de transferir tecnologia e dar apoio financeiro aos países dispostos a adotarem medidas ambientais corretas. Contudo, em contradição com o próprio princípio e objetivo da conferência, considerava que a conquista do desenvolvimento econômico era uma meta tão prioritária quanto a preservação do meio ambiente.

Nesse sentido, a posição brasileira na Conferência de Estocolmo foi tristemente exemplar, ao declarar que o país abria as suas portas para a instalação das indústrias poluidoras que tanto incomodavam a população dos países do Norte. Deixava clara a idéia de que o Brasil preferia promover o crescimento econômico a qualquer custo a se dedicar a políticas ambientais.

Na verdade, o grande avanço de Estocolmo foi o de sensibilizar a sociedade mundial para os graves problemas ambientais que podiam e ainda podem colocar em risco a sobrevivência da humanidade. A criação do PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - foi um de seus resultados concretos. O PNUMA passou a ser a agência da ONU responsável pela promoção de ações internacionais e nacionais relacionadas à proteção do meio ambiente.

Visões de meio ambiente

Pelo menos três concepções sobre a relação da sociedade humana com o meio ambiente, foram bem estabelecidas nessa primeira grande discussão internacional. Para começar, podemos citar o desenvolvimentismo, que defende o crescimento econômico a qualquer custo e não considera os danos ambientais nem a possibilidade de esgotamento dos recursos naturais. Essa concepção confunde crescimento econômico com desenvolvimento e estimula o consumo crescente de energia e de recursos naturais.

Em um lado totalmente oposto, encontra-se o preservacionismo, amparado na idéia de que -no atual estágio do desenvolvimento da produção - é necessária uma postura radical de preservação ambiental. Essa corrente teve origem nos Estados Unidos, na verdade, ainda no século 19. Ela foi responsável pela criação de importantes parques nacionais destinados à salvação da natureza original, como são os casos do Parque Nacional de Yellowstone (1872), do Sequoia Park (1890) e muitos outros. Em outras palavras, o preservacionismo defende a proteção integral de determinado ecossistema com o objetivo de garantir a sua intocabilidade.

Já o conservacionismo é um meio termo entre as duas correntes anteriores. Admite a exploração dos recursos naturais, de forma racional e eficiente. Conservar significa, portanto, utilizar a natureza, mas garantindo a sua sustentabilidade. Não significa guardar os recursos naturais e sim consumir adequadamente: atender às necessidades do presente, levando em consideração a necessidade do uso desses recursos no futuro. A visão conservacionista tem caracterizado a maioria dos movimentos ambientalistas e tornou-se consenso entre a maioria dos países, sendo o princípio que norteia a política de desenvolvimento sustentável.

Recursos renováveis e não-renováveis

Tanto preservacionistas quanto conservacionistas consideram que a questão ambiental não está restrita aos tipos de recursos utilizados - renováveis ou não-renováveis - e sim aos recursos naturais em geral. Recursos renováveis são aqueles que, uma vez utilizados, podem ser recuperados, como a vegetação, a água, o ar e o solo. Os recursos não-renováveis são aqueles que se esgotam, ou seja, que não podem ser repostos, como os minérios: o petróleo, o carvão, o ferro, o manganês, o alumínio e outros.

De fato, essa classificação encontra limitações, pois a exploração intensa de uma floresta, a utilização de extensas áreas para produção agropecuária ou a poluição de um rio pode levar à destruição irreversível de um ecossistema. É também o caso do ar, cuja qualidade tem sido comprometida com a emissão de gases que alteram a sua composição natural e tem provocado alterações climáticas em todo o planeta. Portanto, apesar de serem classificados como renováveis, alguns recursos não podem ser utilizados de forma inadequada sem uma atitude que vise a sua conservação em longo prazo.

Desenvolvimento sustentável

Em 1973, um ano após a Conferência de Estocolmo foi elaborado o conceito de ecodesenvolvimento, mencionado pela primeira vez por Maurice Strong, Secretário Geral da Estocolmo/72. O ecodesenvolvimento - cujos princípios básicos foram formulados posteriormente por Ignacy Sachs - valoriza as possibilidades de um desenvolvimento capaz de criar um bem estar social, a partir das particularidades e anseios das populações locais. É contra a padronização do modelo de desenvolvimento dos países ricos ocidentais, baseado na sociedade de consumo. Propõe também a necessidade de um modelo de desenvolvimento apoiado na preservação dos recursos naturais.

Em 1983 a ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela primeira-ministra norueguesa, Gro Harlem Brundtland. Essa comissão realizou uma ampla avaliação dos problemas ambientais relacionadas ao desenvolvimento econômico. Seu trabalho resultou na publicação de um extenso relatório intitulado "Nosso Futuro Comum", publicado em 1987 (Relatório Brundtland). Nele, ficou consolidado o conceito de desenvolvimento sustentável, apoiado em políticas conservacionistas capazes de promover o desenvolvimento, sem a dilapidação dos recursos do planeta. Enfim, um modelo de desenvolvimento que garanta a qualidade de vida hoje, mas que não destrua os recursos necessários às gerações futuras.

Algumas de suas recomendações propunham a redução do uso de matérias-primas e energia, uso de fontes de energia renováveis, limitação do crescimento populacional, combate à fome, preservação dos ecossistemas, industrialização ecologicamente equilibrada, satisfação de necessidades básicas para toda a humanidade, modificação dos valores e padrões da sociedade de consumo e a responsabilidade do Estado na implementação de políticas baseadas na justiça e eqüidade social. A sua viabilização depende da inclusão de políticas ambientais no processo de tomada de decisões econômicas.

O conceito de desenvolvimento sustentável, apoiado numa visão ética indiscutível, comprometida em preservar a natureza para as gerações futuras, tornou-se consensual em quase todo o mundo. No entanto, a sua viabilidade prática ainda precisa ser avaliada, pois é difícil definir até que ponto a exploração econômica é compatível com a manutenção de um ambiente saudável.

Desertificação

Causas e conseqüências do mal uso do solo

Luiz Carlos Parejo*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A desertificação é definida como um processo de destruição do potencial produtivo da terra por meio da pressão exercida pelas atividades humanas sobre ecossistemas frágeis, cuja capacidade de regeneração é baixa.

A ONU classifica de desertificação apenas os danos nas áreas de ocorrência localizadas nas regiões de clima semi-árido, árido e subúmido seco. Esse processo provoca três tipos de impactos: ambientais, sociais e econômicos.

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Áreas em destaque: as mais claras já são desertos,as mais escuras apresentam maior risco de desertificação


O problema da desertificação passou a despertar o interesse da comunidade científica há 80 anos, contudo somente nos últimos dez anos passou a ser destacado como um sério problema ambiental, devido ao seu impacto social e econômico, uma vez que o processo ocorre de forma mais acentuadas em áreas correspondentes aos países subdesenvolvidos. Além disso, a perda de solo agricutável vem aumentando significativamente, agravando ainda mais a situação das economias desses países.

É importante ressaltar, porém, que o processo de desertificação ganhou relevância a partir de um intenso processo de degradação do solo que ocorreu nos Estados americanos de Oklahoma, Kansas, Novo México e Colorado, que levava essas áreas a uma perda progressivas das condições de agricultura e a desagregação do solo. Nessas áreas ocorre o clima semi-árido, portanto os cientistas passam a classificar o problema como desertificação.

Semi-árido

Desde então os cientistas vêm acompanhando esse fenômeno nas áreas onde ocorre o clima semi-árido em todo o mundo, principalmente naquelas que apresentam secas periódicas, pois essas áreas se tornam suscetíveis ao processo de desertificaçãoas pelas próprias características físicas dos seus solos que são rasos, ácidos ou salgados, com pouca vegetação.

Na década de 70, no Sahel, sul do Saara, na África, ocorreu uma grande seca, que aliada à fragilização do solo, tornou inviável a agricultura, matando de fome meio milhão de pessoas. Após essa catástrofe foi realizada em Nairóbi, no Quênia, a Conferência Internacional das Nações Unidas para o Combate à Desertificação.

Nessa conferência criou-se um programa de ação internacional visando implementar ações para combater o processo de desertificação no mundo. Foi elaborado o Plano de Ação de Combate à Desertificação - PACD, com objetivos, em âmbito mundial. No entanto, já se realizaram avaliações do plano e concluiu-se que seus resultados foram bastante modestos. Muitos países não se comprometeram com o PACD e nada efetivamente fizeram para frear o processo em seus territórios.

Agenda 21

A situação agravou-se, principalmente, nos países subdesenvolvidos, e o debate continuou no meio científico e na ONU durante toda a década de 1980. Em 1992, na ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, consolidou-se por fim um documento, a chamada Agenda 21, que em seu capítulo 12, trata do fenômeno da desertificação como sendo "a degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas, resultantes de vários fatores, entre eles, a variação climática e as atividades humanas". Por degradação da terra, entende-se a degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e a redução da qualidade de vida das populações afetadas.

Causas da desertificação

De maneira geral, como causas da desertificação podem ser apontadas:
·  Sobreuso ou uso inapropriado da terra (monoculturas comerciais como a cana-de-açúcar, soja, trigo, no Brasil);
·  Desmatamento;
·  Utilização de técnicas agropecuárias impróprias;
·  Exploração descontrolada de ecossistemas frágeis;
·  Queimadas;
·  Mineração;
·  Uso excessivo de agrotóxicos;
·  Poluição;
·  Secas;

Além dos fatores citados, causados pelo homem, há o fenômeno climático chamado de El Niño, que colabora para o agravamento do processo de desertificação. Sobrecarrega áreas semi-áridas com longas secas e posteriormente causa inundações com chuvas intensas. Esse fator, porém, é controverso, pois muitos cientistas acreditam que a desertificação acaba por interferir nas mudanças climáticas, como o regime de chuvas.

Atualmente vários países apresentam sinais de desertificação em seus territórios como o EUA, o sul do continente africano, Austrália e Brasil, por exemplo.

Conseqüências da desertificação


·  Redução das áreas cultivadas;
·  Diminuição da produtividade agropecuária das áreas afetadas;
·  Redução dos recursos hídricos;
·  Aumento da poluição hídrica;
·  Aumento das cheias;
·  Aumento de areia nas áreas afetadas;
·  Destruição da fauna e da flora;

Essas situações relacionam-se à questão ambiental, contudo devemos lembrar que existem também os impactos de ordem social e econômica das áreas afetadas, como:
·  Migração descontrolada para as áreas urbanas;
·  Desagregação familiar devido ao êxodo;
·  Crescimento da pobreza;
·  Aumento das doenças devido à falta de água potável e subnutrição;
·  Perda do potencial agrícola;
·  Perdas de receita econômica.

Contudo, é preciso ressaltar que o processo de desertificação pode ser controlado, evitado, e até mesmo revertido, desde que haja o envolvimento dos governos no auxílio técnico no manejo dessas áreas, em incentivos para a preservação ambiental que não sobrecarreguem as áreas de risco. Nos locais onde o processo de desertificação já se instalou é necessários investimentos na sua contenção, porém o custo é da ordem de bilhões de dólares.
Desertificação no Brasil

Mau uso da terra agrava fenômeno no país

Ronaldo Decicino*
Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação
O Brasil é um dos países no mundo que sofrem com a desertificação dentro de seu território. O fenômeno é causado pelo desmatamento desenfreado e pelas práticas erradas de uso do solo para atividades econômicas que extrapolam a capacidade de suporte e de sustentabilidade de uma área.

No país, os efeitos da desertificação podem ser mais visíveis nas ASDs (Áreas Suscetíveis à Desertificação) localizadas no Nordeste e em uma pequena área do Sudeste. Atualmente mais de 1.480 municípios dos nove Estados que compõem o Nordeste já são atingidos por este fenômeno segundo o Ministério do Meio Ambiente. E não é somente nesta região que o fenômeno ocorre, já que algumas cidades do norte de Minas e do Espírito Santo também são atingidas.

Folha Imagem


Dentre essas áreas há outras em que a situação é mais grave. São os chamados núcleos de desertificação, onde o processo está bem mais avançado, como Seridó (RN), Irauçuba (CE), Gilbués (PI) e Cabrobó (PE). Em alguns Estados do Nordeste, o modelo de produção baseado em intenso desmatamento, provocou mudanças climáticas que evoluíram para um tipo de desertificação somente visto no continente africano. O problema avança também para os entornos das regiões semi-áridas e subúmidas secas.

Problema aumenta

A área total de desertificação brasileira aumentou de cerca de 900 mil km2 (2003) para mais de 1,30 milhão de km2 em 2007, o que equivale a 15,7% do território nacional. Segundo informações do Programa de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente, se essa situação continuar, as regiões semi-áridas do Brasil podem se transformar em áridas ou semi-desertos, num prazo de 60 anos. Assim como as subúmidas secas se transformarão em semi-áridas e serão as áreas que mais sofrerão os impactos do aquecimento global no Brasil.

No Brasil temos a também a presença de grandes espaços aparentemente sem sinal de vida ou água, mas que não se enquadram na categoria de deserto, embora sejam denominados como áreas de atenção especial. São os chamados areais ou regiões de arenização, que aparecem no Rio Grande do Sul e na região Centro-Oeste, área conhecida geologicamente como formação Botucatu - um solo pobre, com muita areia em sua composição. Embora um fenômeno já bastante antigo nessa área, foi agravado pelo uso inadequado do solo.

Atualmente, vêm sendo desenvolvidos estudos e ações que estão ajudando a mudar a realidade das regiões atingidas pelo problema. Mas sociedade e dirigentes ainda não se perguntaram o quanto e o que é efetivamente necessário para garantir o suprimento de alimentos, tendo em vista evitar os crescentes desastres causados ao meio ambiente e a necessidade de garantir uma população longe da miséria e da fome.




Desigualdade social

Concentração de renda no Brasil é histórica

Ronaldo Decicino*
Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação
Agência Brasil
Favelas são um símbolo das desigualdades sociais do Brasil
Ao longo da história, o Brasil vem perdendo a oportunidade de construir um desenvolvimento integral que proporcione um salto na qualidade de vida de seu povo. Essa situação cria contrastes e produz disparidades internas e externas. O Brasil econômico se distancia do Brasil social e isso faz do nosso país um líder em desigualdades sociais.

De um lado há o Brasil que deu certo. Aquele em que as pessoas possuem tudo o que o dinheiro pode comprar. Têm acesso ao que há de melhor em termos de educação, alimentação, lazer, moradia etc. De outro lado há o país dos miseráveis, dos que passam fome. Dos que não têm acesso ao mercado de trabalho, à educação, à saúde, à habitação, à terra. É o país que não deu certo.

Parecem dois mundos distintos, dois países diferentes, e o primeiro faz de conta que o outro não existe.

Pobres mais pobres

Indicadores nacionais e internacionais atestam as disparidades. O Brasil subiu uma posição no ranking das maiores economias do mundo em 2006, de acordo com levantamento divulgado em 17 de junho de 2007 pelo Banco Mundial (Bird), e chegou à 14ª posição. A lista foi elaborada com base no Produto Interno Bruto (PIB) - soma de todas as riquezas produzidas em um ano - de cada país, convertido em dólares. No entanto, esse mesmo Brasil é também um dos países onde mais ocorre a concentração de renda. O resultado disso é que os pobres estão cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos.

Com essa realidade, o país acaba em condição semelhante à dos países mais pobres do mundo, onde a disparidade entre ricos e pobres é marcada exatamente pela injustiça social e pelo abuso dos governantes. A concentração de riqueza no Brasil é tão cruel que agrada os ricos e ao mesmo tempo esmaga os pobres, tanto em períodos de expansão como de retração econômica.

Desemprego e desigualdade

Tenta-se justificar essa política de concentração comparando-a com a receita de um bolo, segundo a qual é preciso primeiro fazer o bolo crescer para depois distribuí-lo. No entanto, o que ocorre é que a distância entre pobres e ricos aumenta cada vez mais.

Como exemplo dessa situação de disparidades, basta ver como muitos trabalhadores passaram da economia formal para o mercado informal e como aumenta o desamparo social, o trabalho precário e o desemprego. Exemplos não faltam.

O aumento do desemprego e a contenção de salários têm sido os mais eficientes alimentadores das desigualdades dos dois "Brasis". Se por um lado existe o Brasil que ostenta primeiros lugares em indicadores econômicos, por outro o país desponta com suas mazelas sociais: milhões de brasileiros passam fome e o salário mínimo é um dos mais baixos do mundo.

Educação e desenvolvimento

O desenvolvimento de um país está diretamente relacionado com seu investimento em educação. Nesse aspecto, o Brasil está entre os países com maior número de analfabetos, além de contar com milhões de crianças entre sete e 14 anos fora da escola e sem grandes perspectivas de que terão alguma escolaridade até a idade adulta.

A situação econômica interfere negativamente na escolaridade e na qualidade de ensino. Muitas crianças matriculadas na primeira série do ensino fundamental abandonam a escola antes do final do ano. Outras deixam a escola para trabalhar e complementar a renda familiar.

Enfrentar disparidades

O país que ocupa lugar de destaque na produção mundial de grãos, cereais, açúcar, café, laranja, rebanho bovino, entre outros, ao mesmo tempo apresenta índice alarmante de mortalidade infantil. Milhares de crianças morrem de fome todos os anos nesse país de belos indicadores econômicos.

Esses fatos mostram o quanto o Brasil econômico caminha distante do Brasil social. Enfrentar as disparidades e acabar com as desigualdades são desafios antigos que precisam ser vencidos. A desconcentração de renda pode se tornar um elemento dinamizador da economia e, conseqüentemente, a esperança de um futuro melhor para muitos brasileiros. Afinal, quanto maior a distância entre as classes sociais, maior a pobreza geral da sociedade.

Desmatamento

Depois da mata Atlântica, a Amazônia

Ronaldo Decicino*
Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação
Divulgação/Greenpeace
Queimadas são utilizadas para áreas férteis da floresta darem lugar à agricultura ou pecuária
O desmatamento é uma das intervenções humanas que mais prejudicam a sustentabilidade ambiental do planeta. Seus impactos podem causar sérios danos ao clima, à biodiversidade e às pessoas. Pode-se dizer que o desmatamento nas florestas brasileiras começou com a chegada dos portugueses ao nosso país, em 1500.

Interessados no lucro do comércio de pau-brasil, os europeus iniciaram a exploração da mata Atlântica, que cobria 15% do que atualmente é o território nacional, espalhando-se por aproximadamente 1,3 milhão de km2 na área litorânea do Brasil - do Rio Grande do Norte ao litoral de Santa Catarina.

No entanto, a destruição em larga escala da Mata Atlântica iniciou-se na segunda metade do século 19, quando o espaço passou a ser ocupado pela lavoura de café. Atualmente, existem apenas 7% de sua cobertura original. Apesar de sofrer ainda devastação em diversos pontos, a Mata Atlântica é o bioma brasileiro mais bem protegido pela legislação.

Floresta Amazônica

O desmatamento em nosso país tem sido constante. Depois da Mata Atlântica, chegou a vez de a floresta Amazônica. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), baseados em levantamentos por satélite, indicam que a Amazônia perdeu, até 2007, cerca de 700 mil km2 de floresta (18% da região).

A Amazônia ocupa uma área que se estende do oceano Atlântico às encostas orientais da Cordilheira dos Andes. Cobre mais de 6,5 milhões de km2 na parte norte da América do Sul, passando por nove países: Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. 69% dessa área pertencem ao Brasil.

Em nosso país, esse bioma abrange os Estados do Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, bem como parte do Estados do Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, totalizando aproximadamente 5.217.423 km2 - a chamada "Amazônia Legal". É comum as pessoas confundirem o desmatamento na Amazônia, com o que acontece no Estado do Amazonas, e isso limita a compreensão do verdadeiro problema.

Desmatamento

O processo de desmatamento, normalmente, se inicia com a abertura oficial ou clandestina de estradas que permitem a expansão humana e a ocupação irregular de terras, visando à exploração predatória de madeiras nobres. Existe uma relação direta entre a economia e o aumento da taxa de desmatamento.

Na Amazônia, essa taxa é crescente em função de uma dinâmica voltada para atender demandas do mercado externo. Isso impulsiona atividades econômicas como a extração de madeira, a pecuária e, mais recentemente, a agroindústria.

A Floresta Amazônica está sendo devastada como se não houvesse o risco de acabar. Calcula-se que aproximadamente 20.000 km2 são desmatados anualmente em toda região amazônica. Se esse ritmo continuar, vai se chegar a ponto em que não haverá mais volta: a maior floresta tropical do planeta será substituída por uma vegetação típica do cerrado em menos de 50 anos. Alterações significativas devem começar a ocorrer quando a perda da cobertura vegetal chegar a 20%, um índice que está muito próximo de ser atingido.

Queimadas e pastagens

Técnica comum utilizada na agropecuária, as queimadas costumam ser utilizadas para que áreas férteis da floresta cedam lugar à agricultura ou à criação de gado. O fogo, utilizado para queimar a mata e dar lugar às lavouras e aos pastos, leva consigo árvores centenárias e destrói o habitat de inúmeras espécies animais e vegetais, consumindo a pouca riqueza natural do solo.

A soja avança sobre pastos antigos e capitaliza pecuaristas que abrem cada vez mais novas áreas na mata. Até 2004, só no Brasil, cerca de 1,2 milhão de hectares de florestas foi convertido em plantações de soja. Cerca de 12% da Amazônia virou pasto. Os agricultores costumam desmatar a floresta para plantar capim (visando a criação de gado) ou desenvolver cultivos agrícolas.

A curto prazo (de um a três anos, no máximo) tem-se a impressão de que a agricultura e a pecuária são lucrativas. Mas, depois de alguns anos, o solo se esgota e a terra torna-se cada vez menos produtiva.

As facilidades de créditos oferecidas por bancos da região para o setor da pecuária e para o fortalecimento da agricultura contribuíram ainda mais para o desmatamento nos últimos tempos. As inúmeras clareiras abertas na floresta expõem o solo à erosão e impedem a realização de mecanismos próprios para a recuperação do ecossistema original.

Madeireiras e estradas

Atualmente, há mais de 3 mil empresas cortando árvores na Amazônia - a geração de empregos criados pelas madeireiras só perde para atividades como a agricultura e a pesca. A soma da área de madeireiras estrangeiras instaladas na Amazônia totaliza uma área maior que a Bélgica.

Para cada unidade retirada, os madeireiros danificam pelo menos outras 15 árvores, pois ao cair, um único tronco leva consigo outras cinco ou seis, presos a ele por cipó, além de avariar outros tantos que estiverem em seu caminho. Desde 2003 foram apreendidos mais de 700 mil m3 de madeira em tora provenientes da extração ilegal.

Com o crescimento econômico causado por atividades como pecuária e extração de madeiras, ocorre também o aumento da população da região Norte, que, aliado às ações ilegais de madeireiros e às pressões urbanas, causam grande impacto ecológico. A colonização se dá ao longo das estradas clandestinas. Mais de 80% das queimadas acontecem perto das rodovias.

O tamanho das áreas de desmatamento está de certa forma ligado diretamente à distância das estradas, uma vez que a instalação de novos grupos geralmente ocorre próximo às estradas antigas e novas, abertas na floresta.

Em nenhum lugar do mundo tantas árvores são derrubadas como na Amazônia, segundo dados da ONU. No Brasil, a derrubada de árvores é 30% maior que na Indonésia, a segunda colocada em devastação ambiental. Para cuidar de toda área da Amazônia Legal, o Ibama conta com 257 fiscais, ou seja, um funcionário para cada 18.500 km2.




Desperdício

Alimento jogado fora põe em risco o ambiente

Jurema Aprile*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Divulgação/USP-SCarlos
Lixão na cidade de Barretos (SP)
Os supermercados no Brasil jogam fora 13 milhões de toneladas de alimentos por ano. Nas feiras livres de São Paulo, mais de mil toneladas vão para o lixo todos os dias. Um quarto de toda produção nacional de frutas, verduras e legumes, não é aproveitada, segundo o programa Mesa São Paulo.

Só na Ceagesp (Central de Abastecimento para o Estado de São Paulo), 100 toneladas diárias de alimentos vão para o lixo - e dessas, entre 30% e 50% ainda são próprias para consumo, de acordo com a entidade.

Isso significa que entre 30 e 50 toneladas por dia de comida que poderiam alimentar a população carente são jogadas fora.

Comida no lixo

Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) mostram que o Brasil desperdiça 1,4% do Produto Interno Bruto (a soma de toda a riqueza o que o país produz em um ano). São cerca de R$ 17 bilhões jogados no lixo, quantia que pagaria a alimentação de 35 milhões de brasileiros, segundo cálculo da Secretaria de Abastecimento e Agricultura do Estado de São Paulo.

Os Estados Unidos, embora sejam os criadores dos bancos de alimentos que recebem doações de sobras e alimentos desperdiçados, jogam no lixo 18 mil toneladas de comida todos os dias.

Aterros e lixões
A enorme quantidade de lixo se deve ao aumento do poder aquisitivo e ao perfil de consumo de uma população. Além disso, quanto mais produtos industrializados existirem, mais lixo é produzido, como embalagens, garrafas etc.

Em torno de 88% do lixo doméstico brasileiro vai para o aterro sanitário. O resto, é depositado sem tratamento, em lixões. Nesses locais, há pessoas que vivem de catar o lixo - e boa parte delas são crianças. Por lidar com restos de comida, cacos de vidro, ferros retorcidos, plásticos pontiagudos e despejos com resíduos químicos, essas crianças sofrem de diarréias, tétano, febre tifóide, tuberculose, doenças gástricas e leptospirose.

Dano ambiental
Em lixões ou em aterros, o lixo sofre um processo de fermentação que gera dois produtos: o chorume e o gás metano. O chorume é o líquido resultante da decomposição de material orgânico - que também forma o gás metano.

Só em 2004, foram gastos R$10 milhões no município de São Paulo para controlar os riscos que esses materiais podem trazer ao ambiente e à população. Eles envenenam o solo e os lençóis freáticos e podem contaminar as regiões em torno dos depósitos de lixo. Mesmo os aterros desativados há anos continuam a gerar esses dois produtos, envenenando o ambiente.

O campeão no descarte
Qual é o material que se joga no lixo em maior quantidade? Antes de responder plástico, olhe em volta, no trabalho, nas escolas, nas ruas, em casa, nas lojas. O que mais se vê, além de plástico?

Cartazes, avisos, envelopes, boletos, caixas, cartões, lenços, toalhas, cadernos, agendas, livros, jornais, revistas, impressos, embalagens - tudo de papel. O papel é o material que mais jogamos fora. Em cada 100 kg de lixo, 39 kg são de papel.

Enquanto na União Européia e nos Estados Unidos cerca de 40% do lixo urbano é reciclado, no Brasil apenas 2% passam pelo processo de reciclagem. Isso acontece porque reciclar é 15 vezes mais caro do que jogar o lixo em aterros.

Pesticidas também oferecem risco
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), os países latino-americanos enfrentam um risco causado por milhares de toneladas de lixo tóxico proveniente de pesticidas obsoletos, ou que nunca foram usados, que se encontram espalhados por toda a região.

Estoques desses materiais perigosíssimos para a saúde e o meio ambiente podem chegar a 30 ou 50 mil toneladas. Para prevenir um desastre no futuro, a FAO começou a montar em nove países da América do Sul programas de treinamento de pessoal para a destruição desse tipo de lixo.

Divisão Internacional do Trabalho

Os países e a economia mundial

Ronaldo Decicino*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
A divisão de atividades e serviços entre os inúmeros países do mundo recebe o nome de Divisão Internacional do Trabalho (DIT).

Há países que são exportadores de matéria-prima e de mão-de-obra barata. Caracterizados por uma industrialização tardia, eles têm, quase sempre, economias frágeis e sofrem grande número de crises econômicas. E há países de economia mais forte, industrializados, cujas crises econômicas ocorrem de maneira esporádica.

Os países de economia frágil necessitam receber investimentos dos países mais ricos. Então, para atrair esses investimentos e melhorar suas economias fragilizadas, oferecem amplas isenções de impostos, leis ambientais frágeis, entre outras facilidades.

Ao longo do tempo, diferentes combinações das atividades produtivas entre os países implicaram em diversas formas de Divisão Internacional do Trabalho. A DIT expressa, portanto, essas diferentes fases da evolução histórica do capitalismo: começando pela relação entre metrópoles e colônias - e chegando às relações em que países desenvolvidos se agregam a países subdesenvolvidos ou não industrializados.

Origem da Divisão Internacional do Trabalho

No final do século 15, o ciclo de reprodução do capital estava assentado, principalmente, na circulação e na distribuição de mercadorias entre metrópoles e colônias. As regiões do mundo passaram a desenvolver funções diferenciadas, uma vez que cada uma se especializou em fornecer produtos manufaturados, matérias-primas, metais preciosos, etc.

Os diferentes papéis assumidos pelos países inauguraram a divisão internacional do trabalho, inicialmente caracterizada pela exportação de manufaturas pelas metrópoles e pela produção de matérias-primas pelas colônias.

A necessidade européia de expandir seu capital mercantil resultou na conquista de novas terras. A partir desse momento, várias partes do mundo foram submetidas a uma dinâmica de produção e circulação comandada pelos europeus. Ou seja, a Europa impunha funções econômicas a vários outros países. Foi o início de um domínio que se estende até os nossos dias.

Primeira Divisão Internacional do Trabalho

Com a consolidação do sistema capitalista no século 18, ocorreu uma intensa transformação no processo produtivo, a Revolução Industrial. Nesse período, a Divisão Internacional do Trabalho sofre modificações, causadas pelo surgimento de um novo modelo de produção, no qual as fábricas tomam o lugar da produção artesanal. Essa nova fase irá se estender da Revolução Industrial até a Segunda Guerra Mundial.

Com a primeira Revolução Industrial (1780-1820), a Inglaterra surgiu como o país da industrialização, transformando-se na grande oficina do mundo ao longo do século 19. A combinação entre seu poder militar e as formas superiores de produção industrial colocou a Inglaterra em uma posição de hegemonia na economia mundial, assumindo o centro do capitalismo mundial.

Nesse momento, o mundo está dividido em países que se especializaram em fornecer matérias-primas e países que, utilizando essas matérias-primas, fornecem produtos industrializados. De forma geral, os primeiros ficaram atrelados ao subdesenvolvimento - e os demais, especializados em produzir produtos de maior valor, desenvolveram-se e tornaram-se líderes do sistema capitalista.

Segunda Divisão Internacional do Trabalho

A partir do início do século 20, a Inglaterra passou a registrar sinais de fragilidade na sua condição de potência hegemônica, agravada por duas guerras mundiais e também pela crise de 1929. Depois da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos assumem, então, a posição de nação hegemônica.

Essa nova fase do desenvolvimento do capitalismo ficou conhecida como capitalismo financeiro - e causou novas modificações na Divisão Internacional do Trabalho. Nessa época, os países subdesenvolvidos começaram a ser financiados pelos países detentores de capital, e muitas empresas passaram a instalar filiais em diferentes nações do mundo, o que acabou transformando muitos países subdesenvolvidos - que eram apenas produtores primários - em exportadores de produtos industrializados, alterando as relações comerciais que predominavam no mundo.

Outro fato a ser destacado é que o modelo de produção começou a ser substituído, uma vez que o fordismo não dava mais conta da demanda e não atendia mais às exigências do mercado internacional.

Terceira Divisão Internacional do Trabalho

Superada a destruição provocada pela Segunda Guerra Mundial, a economia mundial voltou a crescer num ritmo mais acelerado do que antes. As empresas dos países industrializados assumiram proporções gigantescas, tornaram-se grandes conglomerados e se expandiram cada vez mais pelo mundo, encarregando-se de globalizar não apenas a produção, mas também o consumo.

Assim, desde a década de 1970 assiste-se uma modificação substancial na Divisão Internacional do Trabalho, ocasionada por dois vetores principais: o processo de reestruturação empresarial, acompanhado da uma nova Revolução Tecnológica, e a expansão de investimentos de grandes empresas no exterior.

Gradativamente, grandes empresas construíram filiais em vários países (inclusive subdesenvolvidos e recém-independentes, na Ásia e na África). Esse processo, intensificado pela globalização, transformou muitos países subdesenvolvidos - que, no passado, eram meros produtores primários - em exportadores de produtos industrializados, alterando as relações comerciais que predominavam no mundo.

Essas empresas tornaram-se, assim, multinacionais ou transnacionais. É o que explica, fundamentalmente, o fato de alguns países subdesenvolvidos terem se industrializado nesse período. No entanto, esse processo de industrialização é desigual, uma vez que os tipos de indústria e tecnologia empregados não são os mesmos das matrizes.

Cada vez mais indústrias poluidoras tendem a se instalar nos países subdesenvolvidos, pois elas consomem grandes quantidades de matéria-prima e de energia, além de necessitarem de muita mão-de-obra. Em outras palavras, as empresas transnacionais têm buscado seus próprios interesses, sem considerar as conseqüências sociais, econômicas e ambientais que ocorrem nos países onde suas filiais estão instaladas.


Doutrina Bush

Guerra contra o terrorismo e o "eixo do mal"

Cláudio Mendonça*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Divulgação/Embaixada dos Estados Unidos
O presidente George W. Bush
Em 11 de setembro de 2001, dois aviões foram lançados com tripulação, seus passageiros e terroristas suicidas sobre as duas torres do World Trade Center, em Nova York. Essa foi a parte mais "espetacular" de uma seqüência de atentados: o Pentágono foi atingido por outro avião, enquanto mais um caiu próximo à cidade de Pittsburg, antes de atingir o alvo - provavelmente a Casa Branca em Washington. De fato, tudo parecia um grande espetáculo, com cenas ao vivo, mostrada pelas TVs de todo o mundo.
A organização terrorista Al Qaeda foi responsabilizada pelo ataque aos Estados Unidos. A base da Al Qaeda estava sediada no Afeganistão, onde se encontrava o seu principal líder, o milionário de origem saudita Osama Bin Laden. O Afeganistão, controlado pelo grupo islâmico radical Talebã, se recusou a entregar Osama Bin Laden e a destruir a base da organização terrorista. Em 7 de outubro de 2001, tropas anglo-americanas atacaram o Afeganistão com o apoio do grupo afegão anti-talebã, Aliança do Norte. A derrota do regime Talebã foi seguida da ocupação do país por tropas anglo-americanas e a instalação no poder de um governo pró-Estados Unidos.
Os Estados Unidos utilizaram os atentados de 11 de setembro como justificativa a uma "cruzada mundial contra o terror" em defesa da "paz mundial" e da sua segurança interna. O terrorismo, os governos que lhe dão apoio e abrigo e os países que desenvolvem armas de destruição em massa e que contestam o poder norte-americano, foram colocados como os principais alvos da nova doutrina de segurança nacional. Passaram a ser classificados em um agrupamento denominado "Eixo do Mal". Num primeiro momento, de forma declarada, constavam neste grupo o Iraque, o Irã e a Coréia do Norte, já que o Afeganistão já havia sido ocupado pelas tropas norte-americanas.
O “Eixo do Mal”
A expressão "Eixo do Mal" foi utilizada pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em seu discurso anual no Congresso norte-americano em 2002, para se referir a três países (“Estados vilões”) que constituíam uma grave ameaça ao mundo e à segurança dos Estados Unidos: Coréia do Norte, Irã e Iraque. Estes países, segundo Bush, desenvolviam armas de destruição em massa ou patrocinavam o terrorismo regional e mundial, ou faziam as duas coisas ao mesmo tempo. Mais tarde os Estados Unidos incluíram também Cuba, Líbia e Síria a este seleto grupo de países. A expressão eixo do mal é uma dupla referência histórica: eixo lembra o eixo Berlim-Roma na Segunda Guerra Mundial (nazifascismo) e mal retoma o termo império do mal, forma como o governo Reagan se referia à União Soviética durante a Guerra Fria. Um eixo do mal mantém latente a ameaça exterior e justifica a necessidade de manutenção de um expressivo orçamento, do governo Bush, na defesa.

A Doutrina Bush - a guerra preventiva

Em 2002, o presidente George Bush divulgou o documento "A estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos", que ficou conhecido como "Doutrina Bush". Este documento apresenta as estratégias político-militares que passaram a ser adotadas pelo país em nome da defesa nacional, frente às ameaças a que poderiam estar sujeitos o território e o povo norte-americanos.
O documento declara a intenção dos Estados Unidos em agir militarmente, por conta própria e decisão unilateral em nome do direito de autodefesa, de maneira preventiva e antecipada: atacar antes e perguntar depois. Dessa forma, os Estados Unidos, em nome do anti-terrorismo e do combate de países considerados e avaliados como ameaçadores aos seus interesses, justificaram as suas ações e procuraram torná-las legítimas diante da opinião pública norte-americana e internacional.
A Doutrina Bush determinou ainda o fortalecimento das alianças com outros Estados para derrotar o terrorismo no mundo. Mas a arrogância da declaração norte-americana deixou claro que, em nome da "paz e da segurança internacional", os Estados Unidos não permitirão a ascensão de qualquer potência, a ponto de rivalizar com o seu poder e a sua liderança militar, alcançada desde o fim da Guerra Fria e da URSS. Ao afirmar a sua condição de superpotência militar global, a Doutrina Bush aponta para o alargamento dos interesses econômicos norte-americanos. Parte desses interesses está associada à garantia de controle das principais fontes estratégicas de energia, com a intensificação de sua influência no Oriente Médio e na Ásia Central, regiões detentoras das maiores jazidas de petróleo e gás natural do planeta.

Terrorismo e ataques preventivos

A guerra e a ocupação do Iraque, embora façam parte das ações pragmáticas da Doutrina Bush de guerra preventiva, não foram apoiadas em provas de que este país desenvolvesse armas de destruição em massa (justificativa para a sua invasão) ou financiasse o terror. Depois dos Estados Unidos declararem a vitória sobre o Iraque, de terem conseguido a prisão de Saddan Hussein e o estabelecimento de um governo provisório, a situação do Iraque permaneceu incontrolável.
Ao contrário do que propõe a Doutrina Bush, os ataques terroristas, a insurreição de grupos armados contra a ocupação estrangeira e os conflitos entre as principais etnias ameaçam a estabilidade do país e apontam para uma perspectiva de total descontrole da situação. Os norte-americanos usaram seu poderio militar para favorecer suas empresas do setor petrolífero e da construção civil e ampliarem sua influência no Oriente Médio.
A Doutrina Bush mudou a direção das relações internacionais dos Estados Unidos, substituindo os princípios da contenção da época da Guerra Fria - baseada na persuasão e dissuasão - pelo de ataques preventivos. Consolidou o unilateralismo como princípio norteador da nova política externa norte-americana, indiferente aos tratados e instituições internacionais.